"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de abril de 2015

MINISTRO CHIORO NÃO CONSEGUE DEFENDER ALEXANDRE PADILHA



Chioro pede que a imprensa procure diretamente Padilha

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta segunda-feira, 13, que não cabe à pasta fazer nenhum questionamento ao antecessor, Alexandre Padilha, por ter se reunido com investigados na Operação Lava Jato fora da agenda oficial para tratar de uma parceria com o laboratório Labogen.
Padilha atualmente é secretário municipal de Relações Governamentais na capital paulista.

Questionado se cabe ao ministério cobrar alguma explicação do ex-ministro, ele reagiu: “Claro que não. Não se trata de alguma coisa que faça sentido. O próprio ministro já informou que foi a um jantar, que encontrou com as pessoas e que não tratou desse assunto. Este tema deve ser perguntado a ele”.

Em entrevista coletiva nesta segunda, Chioro admitiu, no entanto, que encontros para tratar de assuntos relativos à pasta, sem registro, não são usuais. “Respondo pelas minhas agendas”, declarou, acrescentando: “Todas as reuniões em que nós tratamos assuntos que são técnicos e que têm a ver com a agenda do Ministério da Saúde são registradas, inclusive quando são realizadas fora do âmbito do Ministério da Saúde”.

YOUSSEF ENTREGOU…

Em depoimento prestado em março, dentro do acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o ex-deputado André Vargas, preso na última sexta-feira pela Polícia Federal, atuou para favorecer o laboratório em uma parceria para o desenvolvimento produtivo (PPP) com o ministério.
Aos investigadores, ele revelou “a presença de André Vargas e dele mesmo em reunião com dirigentes do Ministério da Saúde, especificamente o então ministro Alexandre Padilha, para tratar da questão”. “Vargas efetivamente ajudou” nas negociações, afirmou Youssef.

O encontro com Padilha teria ocorrido em 2013, no apartamento do então deputado, em Brasília. Em despacho tornado público na última sexta, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, considerou suspeita a omissão da reunião em uma nota técnica enviada pelo Ministério da Saúde aos investigadores.

“Agentes do Ministério da Saúde faltaram, aparentemente, com a verdade para com este Juízo, ao não revelarem todos os fatos envolvidos na aprovação da parceria”, registrou o magistrado. “Apesar da extensão da nota e do relato dos encontros entre os representantes da Labogen e os agentes do Ministério da Saúde, foi omitida qualquer informação acerca dos aludidos encontros de André Vargas com Alexandre Padilha ou com Carlos Gadelha (então secretário executivo da Pasta) a respeito dos fatos.

CHIORO NEGA OMISSÃO

Nesta segunda, Chioro negou qualquer tentativa de omissão, pois todos os registros oficiais de encontros foram reportados. “Não faltamos com nenhuma informação dada ao juiz e ao Ministério Público, porque todas as informações que constam de atas de reunião, de agendas públicas, trocas de emails institucionais foram juntadas”, assegurou.

14 de abril de 2015
Fábio Fabrini
Estadão

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