O ponto principal assinalado pela pesquisa do Datafolha, reportagem principal da edição de domingo da Folha de São Paulo, a meu ver, encontra-se no fato de a presidente Dilma Rousseff não ter conseguido reverter a visão pessimista que ela própria criou nos primeiros meses de seu segundo mandato.
Tanto assim que para 78% a inflação vai subir. Índice como se vê muito alto. Para a parcela de 70% o desemprego vai aumentar. E para 58% a situação econômica vai piorar.
As ruas refletiram essa realidade popular. Incrível, portanto, como em apenas um trimestre a presidente da República conseguiu transformar de positiva a negativa sua imagem junto à opinião pública. Impressionante tal fenômeno em tão curto espaço de tempo.
Duas causas principais: a corrupção na Petrobrás e agora também na Receita Federal, dois episódios em relação aos quais não consegue transmitir o tom esperado de indignação compatível com a dimensão dos fatos e suas ações que colidem com os compromissos assumidos na campanha eleitoral. Ela disse uma coisa, mas praticou outra. O eleitorado considera-se vítima de tal dualidade.
Quanto à Petrobras, suas afirmações tem sido mais abstratas do que concretas. Condena genericamente os “malfeitos”, minimiza o tom de revolta que seria de esperar. Mais recentemente afirmou que a estatal já está limpa e vai dar a volta por cima.
E os ladrões? Ela, pelo silêncio, os colocou como se pertencessem ao passado. Quando, efetivamente, situam-se plenamente no presente. Vários deles estão presos aguardando julgamento.
A opinião pública ressente-se de posicionamentos muito mais frontais e afirmativos. A corrupção é um tema tão importante que divide com a saúde o plano das maiores preocupações brasileiras, destacou o Datafolha. Saúde 23%, corrupção 22%. Quase a metade do povo tem os olhos voltados para esses dois pontos extremamente críticos na vida nacional.
A convergência destaca em si uma síntese verdadeira, pois quanto maiores os roubos, menores serão os recursos financeiros para a saúde. Os corruptos, corruptores, intermediários tornam-se assim ladrões da vida humana. Registrando 10 pontos, a educação aparece como o terceiro maior problema na escala apresentada pelo Datafolha.
MELHOR PRESIDENTE
Vamos passar para um outro plano revelado pelo levantamento. Qual o melhor presidente da República? Lula, na opinião de 50%; FHC para 15%; Dilma Rousseff para 2%. Muito pouco. Outros presidentes foram citados como Getúlio Vargas (6%); JK (3%); José Sarney (2%); Itamar , Jânio Quadros, Fernando Collor, João Goulart não foram incluídos entre as opções nominais.
Vargas e Juscelino pertencem a outras gerações, é natural que sejam pouco lembrados. Vargas ainda é lembrado pela implantação da CLT (1943) e pela criação da Petrobrás, lei 2005/53.
Mas esta é outra questão. Juscelino foi o homem do desenvolvimento econômico, que criou Furnas, por exemplo, segunda maior estatal do país, responsável hoje por 40% da energia consumida no Brasil. O que Vargas e JK fizeram encontra-se na história para sempre.
Vamos voltar ao Datafolha. Vejam só: Lula 50%; FHC 15% e Dilma apenas 2%. Vendo-se nos números, traduzindo-os, verificamos uma dependência total de Dilma em relação a seu antecessor e grande eleitor.
Pois cada vez que ela cai na opinião pública, apenas 13% de aprovação contra 60% de rejeição, mais ela depende de Lula e, por incrível que pareça, do PT. O Partido dos Trabalhadores, em cuja tesouraria encontra-se João Vaccari, só lhe traz problemas. Basta ver a realidade da Petrobrás. A insatisfação com o governo está presente em todas as classes sociais. Vejam só.
14 de abril de 2015
Pedro do Coutto
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