O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse em depoimento prestado em seu acordo de delação premiada que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina para fechar contratos com a Petrobras entre 2007 e 2012.
Desse montante, a diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque nessa época, ficou com R$ 63 milhões, enquanto a diretoria de Serviços, que tinha à frente Paulo Roberto Costa, levou R$ 47 milhões, segundo Leite.
Duque, que está preso, foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu – o que ambos negam. Já Costa foi uma indicação do PP, mas, no cargo, ele conseguiu o apoio do PT e do PMDB.
TODOS SABIAM…
Leite contou aos procuradores e aos delegados da Polícia Federal que a cúpula da Camargo sabia da prática de pagamento de suborno, “desde a diretoria executiva até a presidência executiva”.
O presidente da empreiteira, Dalton Avancini, também fez um acordo de delação, e contou que a Camargo pagou R$ 10 milhões para conseguir uma obra na Revap (Refinaria Vale do Paraíba, em São Paulo). O suborno foi pago em 2011 pelo lobista Julio Camargo, que recebeu os recursos da empreiteira por meio de uma empresa dele, a Pidmonte, simulando a prestação de consultoria.
O vice-presidente conta que teve um jantar com Duque e Pedro Barusco, gerente que trabalhava na área de Serviços, no qual Duque cobrou R$ 50 milhões que a empreiteira devia em suborno só para esse setor da Petrobras. A cobrança ocorreu na casa do executivo Julio Camargo, que já confessou fazer repasse de suborno no esquema da Petrobras.
32 CONTRATOS ARMADOS
Ao falar sobre as obras conquistadas pelo cartel, Avancini cita 32 contratos da Camargo Corrêa e diz que todos os negócios fechados depois de 2007 foram conquistados com pagamentos de propina para a diretoria de Serviços, de Renato Duque.
Avancini relata que a empresa Sanko Sider, que recebeu da Camargo por suposto fornecimento de tubos para a refinaria Abreu e Lima, repassou R$ 31 milhões em propina. Segundo o executivo, a Sanko foi apresentada à Camargo Corrêa pelo doleiro Alberto Youssef.
O suborno por intermédio da Sanko, ainda de acordo com Avancini, foi pago por conta da obra na refinaria Abreu e Lima, a mais cara do país em curso, que deve ultrapassar R$ 40 bilhões. O contrato da Camargo na refinaria já atingiu R$ 3,8 bilhões.
O presidente da Camargo também relatou que a empreiteira participou do cartel que fraudava licitações da Petrobras. Em um caso, contou, a empresa apresentou proposta simulada para que a Odebrecht ganhasse a concorrência de uma área em que a Camargo nem atuava,.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Estes depoimentos desmoralizam a defesa de Renato Duque, que insiste em alegar inocência, apesar de ter enriquecido ilicitamente e adquirido uma coleção de arte realmente sensacional. Ele pensa que a operação Lava Jato será anulada em instância superior. Vai ser um Marcos Valério. Por coincidência, também é careca. (C.N.)
21 de abril de 2015
Deu na Folha
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