"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de março de 2015

O PAÍS DA MEMÓRIA CURTA ESQUECEU O IMPEACHMENT DE COLLOR




O escritor Ivan Lessa tinha uma boa definição para a nossa falta de memória coletiva: “A cada 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”. A frase ajuda a explicar uma notícia publicada há quatro dias na Folha: “Batalha entre PT e PSDB alivia rejeição a Collor, indica pesquisa”.

O levantamento é da Fundação Perseu Abramo, que foi à avenida Paulista nas manifestações de 13 e 15 de março. A primeira reuniu a turma pró-governo; a segunda, bem maior, os insatisfeitos com a presidente Dilma Rousseff e com tudo o que está aí.

A fundação, que é ligada ao PT, perguntou aos participantes dos dois atos qual foi o governo com mais casos de corrupção na história recente.

No “protesto a favor” da sexta-feira, 40% dos entrevistados apontaram o dedo para a gestão de Fernando Henrique Cardoso. Fernando Collor ficou em um distante segundo lugar, com 29% das menções.

LULA NA FRENTE

No protesto que ecoou o panelaço contra o governo, a ordem se inverteu. Para 47% dos manifestantes, o governo mais corrupto foi o de Lula. Dilma levou a prata, com 29%. Collor ficou para trás, com modestos 11% das citações.

A conclusão da pesquisa é que o ex-caçador de marajás se beneficiou da polarização do debate brasileiro. Convertidos em torcedores de partidos, muitos petistas e tucanos passaram a vê-lo como um mal menor.

Isso deve ter ajudado o ex-presidente a voltar a Brasília e ao noticiário de escândalos. No dia em que a enquete foi noticiada, ele usou a tribuna para fazer novos ataques ao procurador Rodrigo Janot, que o investiga nos inquéritos do petrolão.

O impeachment que varreu Collor do Planalto vai completar 23 anos. Pela lei de Ivan, oito a mais do que a nossa memória alcança.
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 PS -
De Graça Foster, à CPI da Petrobras: “Gostaria que tudo isso fosse mentira e que não tivesse tido propina alguma”. Nós também, Graça.

30 de março de 2015
Bernardo Mello Franco
Folha

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