"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

JOAQUIM LEVY: PREÇOS ESTÁVEIS ASSEGURAM INCLUSÃO SOCIAL...


Ao defender a aprovação das medidas restritivas enviadas ao Congresso Nacional pela presidente Dilma Rousseff – matéria de Cristiane Bonfanti, O Globo do dia 12 -, o ministro Joaquim Levy acentuou que o equilíbrio fiscal é crucial para preservar as conquistas sociais já alcançadas (pelos trabalhadores). Paralelamente acentuou que o ajuste das contas públicas e a estabilidade dos preços são valores indispensáveis para a sustentação do crescimento e a busca de uma sociedade mais justa e aberta.
Joaquim Levy pode ser um gênio na administração de economias privadas, mas em matéria política é, a meu ver, um desastre. Tanto assim que, na matéria, sustentou também que o equilíbrio das contas públicas será essencial para a criação de oportunidades para os trabalhadores. Devia estar se referindo aos assalariados, incluindo, portanto, os servidores públicos federais, estaduais e municipais. Isso de um lado.
De outro, voltou a defender o novo sistema proposto para o seguro-desemprego, o corte de 50% nas pensões por morte dos segurados e diminuição do abono salarial pago pelo INSS aos aposentados que ganham até – veja só – dois salários mínimos. Falou sem levar em consideração a nova postura da presidente Dilma Rousseff em relação ao tema, admitindo negociar à base das mudanças sugeridas pelo próprio PT e pelas centrais sindicais.
COM JUROS ALTOS?
Em certo trecho, o titular da Fazenda disse que o equilíbrio das contas públicas será também essencial para o desenvolvimento do crédito e para incremento da poupança doméstica. Incremento do crédito? – pergunto eu. – Mantidos os juros de hoje? Na melhor das hipóteses variam de 3 a 4% ao mês, para uma inflação oficial estimada em 7% para 2015.
O crédito, aparentemente fácil, constitui de fato uma desapropriação dos salários por parte dos agentes financiadores. Pois como os assalariados podem arcar com uma pressão, no mínimo, de 40% ao ano, se os reajustes que recebem, no máximo, são de 6,5% para o mesmo período. No decorrer do tempo, matematicamente os juros passam a ser cada vez maiores, levando-se em conta a relatividade entre o que efetivamente recebem e o concretamente desembolsam. Incrementar o crédito, de fato, só tem sentido se for para a aplicação em investimentos. Não no consumo. Porque a descapitalização incidente nos salários, pouco à frente da obtenção do crédito, vai atingir em cheio o poder de consumo de quase todas as classes sociais. Menos, é claro, a categoria dos trambiqueiros.
CONTRADIÇÕES DE LEVY
Observa-se, portanto, uma espiral de contradições da parte de Joaquim Levy, conduzindo à certeza de que seu projeto econômico financeiro é incompatível com a vontade política da própria base do governo na Câmara dos Deputados, principalmente. Ajuda, isso sim, no fundo da questão, o projeto das oposições. Afinal de contas, Levy não pensou nisso. Nada melhor para o PSDB, por exemplo, do que a aprovação do corte das pensões por morte, de restrições no campo do seguro-desemprego, da redução, em parcelas não corrigidas, do abono salarial pago pelo INSS. Some-se a todas essas questões a elevação das tarifas elétricas e o aumento dos combustíveis.
Diante de tais perspectivas, talvez, no final da ópera, o PSDB vote a favor e o PT contra tais medidas. Além de, fica claro, a maior parte do PMDB, aliás já rebelado contra o governo.

13 de fevereiro de 2015
Pedro do Coutto

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