"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

AINDA LULA E GETÚLIO

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Os partidos da chamada “base” apresentaram 620 emendas às MPs 664 e 665 (notem que falta só uma para incidirmos no “numero da besta”), que tratam de fechar brechas nas regras de concessão do seguro desemprego, do abono salarial e da pensão por morte.
Se conheço bem o meu país haverá entre elas desde sugestões que abrem ainda mais brechas de acesso a esse maná até propostas criando exceções à regra e "direitos especiais" para cada membro da torcida do Corinthians nesse paricular segmento do “ajuste”.
É absolutamente certo, ainda, que nenhum dos 513 deputados e 81 senadores que nos representam teve a idéia de propor o corte de uma migalha sequer dos obscenos privilégios dos marajás dos três poderes que pudesse substituir um tostão que fosse dos R$ 18 bilhõe que o governo “dos trabalhadores” espera arrancar do zé povinho trabalhador com essas medidas com que tratam de arrancar-nos também a bóia de flutuação no momento em que o tsunami da orgia de gastos dos patrões dos ladrões da Petrobras se aproxima rugindo da praia.
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Joaquim Levy com certeza tratou de alternativas do gênero mas logo foi avisado sobre quem pode e quem não pode "ser ajustado” no Brasil do PT. E como Dilma e seu exército Brancaleone – Freddy Mercadante Mercury, Pepe Vargas Legal e Miguel Rossetto à frente, tinham acabado de confirmar que fazem mesmo tudo sem perguntar nada a ninguém, ninguém lá no Congresso se sente obrigado a sustentar-lhes as propostas com votos.
O Joaquim que se rebole...
Para tranquilizar a Nação, os jornais de hoje informam sobre duas providências decisivas: Aldemir Bendine – loiro? moreno? peruca? implante? – vai iniciar o seu périplo de “conversas com o mercado” para "acalmar investidores" dentro do mais disciplinado espírito da “Batalha das Comunicações”, enquanto Dilma, ela mesma, inicia uma bateria de aulas de reforço sobre como se comportar numa crise de confiança ... com Lula Eu Não Sabia da Silva e João Invertido Santana.
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Por conta disso, o dólar passou hoje dos R$ 2,8 e é provavel que vire a quarta-feira de cinzas já a R$ 3. Byebye Terceiro Milênio...
Por coincidência terminei na noite passada a leitura do volume 3 do Getulio, de Lira Neto, onde constatei que entre o ditador do Estado Novo e criador do sindicalismo pelego de que Lula é a criatura por excelência, o que há de mais perfeitamente comum é a inabalável “distração”.
Getulio, como Lula, “não sabia de nada” do “mar de lama” em que chafurdavam todos quantos habitavam os porões do Catete até a véspera do suicídio. Seus filhos vendiam fazendas da vida inteira da família para o capanga Gregório Fortunato por milhões e nem disso ele ficava sabendo. Jornalistas enlouqueciam sob tortura nos calabouços da sua polícia e ele nada. Toda uma “nova nobreza”, como esta que vai nascendo das quinas daquele prédio esquisito da Petrobras, constituiu-se comprando e vendendo licenças das importações e exportações que ele proibira ou explorando os cassinos e os “campeões nacionais” de infraestrutura da época e ele nem desconfiava. O nepotismo frequentava a sua sala de visitas e a cama de sua filha e nada.
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Às vésperas da tragédia seu ministro da Justiça, avô da nossa oposição, proclamava a sua inocência quase com as mesmas palavras com que o ministro da Justiça de Dilma voltou a proclamar a dela ainda ontem. "Não ha nenhum fato que indique que a presidente da Republica tenha qualquer envolvimento no escândalo da Petrobras", excluído, naturalmente o da assinatura dela, de próprio punho, na qualidade de presidente do Conselho de Administração da Petrobras, de ministra das Minas e Energia, de ministra-chefe da Casa Civil ou de presidente da Republica, estar no pé de cada contrato mediante os quais foram surrupiados da “nossa” estatal R$ 88 bilhões “ou mais”.
Insignificâncias!
Carlos Heitor Cony, assim como Samuel Wainer ha 60 anos, escreve e assina, hoje naFolha, que acredita que Dilma não soubesse de nada, ainda que o escândalo venha sendo coberto ao vivo e em cores, dia por dia, delação por delação, falcatrua por falcatrua diante dos olhos de toda a Nação já faz uns bons anos; ainda que os promotores do Paraná tenham vindo mais de uma vez a público para dizer ao país que, mesmo com a polícia lá dentro e parte dos ladrões na cadeia a roubalheira não cessou. Até José Dirceu, agora está provado, como todo chefe de quadrilha que se preza nesta nossa republica de novo "popular" continuou comandando de dentro da Papuda a emissão das “consultorias” mediante a mera assinatura das quais ganha-se o direito de arrombar os cofres públicos, exatamente como fazia Gregório Fortunato ha 60 anos quando, exatamente pelo mesmo expediente, amealhou 65 milhões de cruzeiros sob as barbas do bom velhinho.
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É curioso, a propósito, conferir a diferença de qualidade da pesquisa do próprio Lira Neto ao longo dos seus três volumes. Enquanto ele tratou do Brasil e dos personagens da virada do século 19 para o 20 quando os Vargas degolavam gente viva lá na fronteira até a queda da ditadura do Estado Novo, nos idos de 1945, tempos de personagens e de jargão ainda bem distantes dos de hoje, ele mostrou um nível de objetividade e isenção. No “período democrático” do Getúlio já convertido do nazismo para o filo-socialismo estatizante do ultimo volume, onde já estão presentes diversas das vacas sagradas que ainda assombram esta geração de brasileiros com os respectivos carimbos ideológicos oficializados por nossas escolas  -- Tancredo, Leonel Brizola, Jango Goulart, Carlos Lacerda e alguns dos militares que chegaram até 64 -- ele passa a derrapar com frequência crescente.
A falha do livro como um todo – na média muitíssimo bom de ler e equilibrado quanto a tudo que “já passou”, imprensa inclusive mas nem tanto com tudo quanto continua por aí, imprensa inclusive) – é estar centrado exclusivamente na pessoa de Getulio e não na história das instituições que ele urdiu e do país que ele moldou, que são estas que entortam irremediavelmente o Brasil até hoje e continuarão a entortá-lo irremediavelmente enquanto durarem. Estas mal são mencionadas a não ser superficialmente, desde o início, e disso resulta que, o tempo inteiro, o leitor menos passivo sinta um estranho descompasso entre a figura sempre afável de uma espécie de déspota esclarecido benfazejo e impoluto que, a julgar por Lira Neto, não queria saber de nada do que faziam à sua volta e em seu nome, ainda que tendo passado toda a vida em meio a cenas de sangue protagonizadas por irmãos, parentes, subordinados e próximos brutos, assassinos confessos e corruptos.
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No terceiro volume tudo isso se agrava e o próprio Lira Neto, antes mais contido, passa a tomar partido explícito quanto aos fatos e os personagens de ha 60 anos que chegaram ate os nossos dias em carne e osso ou como os mitos ainda frescos que "explicam" o Brasil atual. Ele não chega a afirmá-lo porque isso seria impossível à luz dos documentos em que se baseia, mas pensa e escreve como se acreditasse sobre Getulio no que Carlos Heitor Cony acredita sobre Dilma.
Ele aparece -- menos pelas interrupções de fatos documentados que parecem enfiados como cunhas numa história que lhes é estranha -- a vítima inocente de jornalistas psicopatas que queriam o mal do Brasil, e tiravam do nada as denuncias que, nunca substanciadas suficientemente no livro, compõem o quadro de uma conspiração de ódios gratuitos e calúnias cujo alvo último era o povo que Getulio “amava”.
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No meio da madrugada passada, enquanto sublinhava os paragrafos abertos para os fatos no meio do discorrer sobre o drama pessoal daquele bom velhinho, eu me perguntava porque será que os intelectuais brasileiros são sempre tão irresistível e irrefreadamente pró-poder. E enquanto vinham-me à cabeça, num turbilhão já meio sonolento, a gênese da raça sob 700 anos de “regime militar” combatendo árabes lá na pontinha da Europa e mais outros 700 fugindo das fogueiras da Inquisição e o que isso pode ter resultado em matéria de “survival of the fittest”, pensava comigo se não estava invertida a ordem dos fatores na minha proposição: é porque os intelectuais são os que a tudo isso sobreviveram que o poder é o que é no Brasil.
Enfim, sei lá...
O que sei de excelente fonte é que Lula, que não é de ler nada, leu o Getúlio 3 e ficou fascinado. Tão fascinado que ia e voltava por seus capítulos como Getulio ia e voltava de seus retiros nos pampas, e reuniu-se várias vezes com Lira Neto para ilustrar-se com mais profundidade sobre as artes e manhas de desaparecer de cena quando os efeitos de sua obra afloravam nas ruas na forma de inflação, desemprego e revolta contra a corrupção, ficar esperando de fora até que a água passasse do nariz e então ressurgir do nada atirando bóias para os afogados, em que ele sempre foi mestre.
Tudo de novo?
Na véspera de morrer, para "salvar o povo brasileiro da sanha do capitalismo internacional", ele criou a Petrobras e a Eletrobras com que os petistas estão nos matando. Quem viver verá.
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13 de fevereiro de 2015
vespeiro



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