Joaquim Levy: mercado já contesta fortemente as previsões oficiais.
(Valor Econômico, agora) Os analistas do mercado financeiro elevaram suas estimativas para a inflação e reduziram as apostas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, que agrega projeções entre cerca de cem instituições.
A mediana das estimativas para o PIB caiu pela segunda semana consecutiva, de 0,50% para 0,40%. Apesar de esperar uma desaceleração da atividade em 2015, o mercado continua a ver uma inflação bastante pressionada. A projeção mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 6,56% para 6,60%, acima portanto do teto da meta de 6,50%. Em 12 meses, a estimativa saiu de 6,60% para 6,66%.
Essa pressão inflacionária deve vir principalmente dos preços administrados — como contas de luz, água, transporte público, etc — que devem subir 8% neste ano, ante estimativa anterior de 7,85%. É a quinta semana consecutiva que os analistas elevam essa projeção.
O IPCA de janeiro já deve sentir essa pressão dos administrados, com o aumento das passagens em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, e das contas de luz em todo o país por causa da entrada em vigor do sistema de bandeiras tarifárias. A mediana das estimativas para a inflação deste primeiro mês do ano subiu de 0,97% para 1,05%. Na sexta-feira, o IBGE informou que o IPCA subiu 0,78% em dezembro fechou 2014 com alta de 6,41%.
Em que pese a inflação pressionada, os analistas não elevaram as apostas para a alta da Selic e continuam a estimar que o juro básico da economia subirá a 12,50% até o fim deste ano. A Selic está atualmente em 11,75%. A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre nos próximos dias 20 e 21.
Para 2016, a visão do mercado é diferente da do Banco Central, que espera que a inflação caminhe para o centro da meta — 4,5% — no próximo ano. Os analistas veem o IPCA terminando 2016 bem longe disso, em 5,70%, com Selic em 11,50%.
As expectativas de um aumento maior que o já esperado no juro têm arrefecido conforme são divulgados dados mais recentes (e negativos) sobre a atividade. Na semana passada, o IBGE informou uma queda inesperada de 0,7% na produção industrial de novembro ante outubro. Esperava-se alta de 0,4%. O dado provocou revisões ainda mais para baixo para a produção do ano (cuja queda deve ser de mais de 3%) e também sinalizou que o PIB do quarto trimestre de 2014 — que será divulgado apenas em março — pode ser mais fraco que o esperado.
No Focus desta segunda, os analistas reduziram as estimativas para a produção deste ano, de alta de 1,04% para 1,02%. Para 2016, a estimativa é de expansão de 2,65%, quando o PIB deverá crescer 1,80%.
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