O panorama da violência foi bem focalizado em duas reportagens publicadas na edição de segunda-feira de O Globo, uma delas sobre o brutal assassinato do estudante Alex Shomeker Bastos, da repórter Natália Castro, e outra destacando a repetição dos arrastões nas areias de Ipanema e assaltos em ônibus e a pedestres, publicada sem assinatura, mas com o mesmo impacto sobre a sociedade.
Os arrastões e roubos repetem-se em escala impressionante nos fins de semana ensolarados quando multidões buscam o mar para se divertir e aproveitar o calor, porém muitos terminam impedidos de fazê-lo pela invasão criminosa de bandos de ladrões. Vêm de várias partes da cidade tendo a zona sul como alvo predileto.
Além dos arrastões nas praias, praticam assaltos em ruas de Copacabana, especialmente no Posto 6. A Avenida Rainha Elizabeth, esquina com Conselheiro Lafayete, e Joaquim Nabuco são as vias preferidas. Os moradores locais temem o sol para que possam sair livremente de suas casas sem a perspectiva de se tornarem vítimas.
CIDADE AMEAÇADA
A cidade, de fato, encontra-se ameaçada de modo permanente. Numa situação assim não há como deixar de ocorrer uma acentuada retração nos hábitos de consumo. Os bandos de ladrões e pivetes descem de ônibus como vândalos m grupo, aos gritos, e partem para o Arpoador, outro ponto escolhido para roubar.
Só o policiamento intensamente ostensivo, como foi montado na noite de 31 de dezembro, na orla de Copacabana, será capaz de impedir a fúria criminosa. Digo impedir porque é muito mais importante prevenir do que reprimir. A repressão refere-se à violência praticada, a vigilância prévia é muito mais essencial. Decisiva até.
Numa série de casos, a prevenção situa-se no limite entre a vida e a morte, entre a integridade e os efeitos da agressão estúpida, motor do crime que se espalha pelas ruas e pelas sombras de uma insensibilidade crescente e devoradora.
O assassinato do estudante Alex enquadra-se nesse ângulo da questão. Esperava um ônibus para retornar a sua residência quando as mãos do roubo tentaram apoderar-se dos objetos que possuía, culminando com sua morte por vários tiros covardemente desfechados.
Mais uma vida de um jovem foi perdida nesta guerra em que uma parcela da população, que não respeita a lei e a simples propriedade das pessoas, trava contra a outra, pacífica e que vive dentro dos limites tanto da lei quanto da ética.
ESCALADA DO TERROR
Quando terminará essa escalada de insegurança e, pode-se dizer também, de terror? Sim, porque os assaltantes que chegam às hordas para praticar roubos em série, e os grupos que, além de roubar, assassina, podem ser inscritos no dicionário do Rio como terroristas cujos ataques são imprevistos e imprevisíveis e, assim agindo, contribuem para tolher a liberdade de centenas de milhares de pessoas. Mascaram-se de socialmente injustiças para praticar as maiores injustiças.
A segurança pública tornou-se um problema de segurança tanto estadual quanto federal, tais e tantas são suas origens, implicações, reflexos. No ritmo em que caminham os fatos, na verdade os ladrões e assassinos estarão soltos nas ruas. As pessoas de bem, que pegam impostos, presas nas suas residências. O risco é enorme e cresce dia a dia.
13 de janeiro de 2015
Pedro do Coutto
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