BRASÍLIA - O setor elétrico virou uma emaranhado de fios desencapados que promete muita dor de cabeça para o governo em 2015.
A manobra feita pelo Planalto para promover uma redução na conta de luz há dois anos gerou um passivo para as empresas que distribuem energia aos consumidores no país.
O governo teve que colocar muito dinheiro para evitar que o desconto virasse pó do dia para a noite. Ainda assim, a ajuda não foi suficiente.
As empresas tiveram que tomar empréstimos bilionários para continuar tocando a vida porque choveu pouco e o país teve que usar uma energia mais cara para manter as geladeiras funcionando em 2014.
A fatura dessa bagunça começa a ser paga agora. Manter os aparelhos eletrônicos ligados vai custar 8,3% mais a partir de janeiro. E essa é apenas a primeira parcela.
As distribuidoras terão que começar a pagar os empréstimos feitos. Pelas contas oficiais, isso representa mais 8% de aumento na conta de luz. O novo valor da energia produzida por Itaipu --que responde por algo próximo a 10% da eletricidade usada no Brasil-- também vai pesar na fatura a partir de janeiro.
Para complicar um pouco mais, o governo precisa repassar para essas empresas cerca de R$ 5 bilhões que foram retidos ao longo do ano e resolver quem vai bancar a conta de R$ 3 bilhões gerada pela compra de energia feita nos dois últimos meses para atender a população.
A nova equipe econômica já se comprometeu a segurar as despesas em 2015. A mão aberta do Tesouro, portanto, vai começar a fechar. Sem essa ajudinha, sobrará para o consumidor mais um papagaio.
O efeito dessa limpeza pode comprometer o trabalho do Banco Central de manter a inflação dentro dos limites fixados. A solução para o problema pode ser um aperto maior nos juros ou mais um ano de preços corroendo a capacidade de compra dos brasileiros. As duas alternativas estão longe de ser boas notícias.
30 de dezembro de 2014
Renato Andrade, Folha de S.Paulo
A manobra feita pelo Planalto para promover uma redução na conta de luz há dois anos gerou um passivo para as empresas que distribuem energia aos consumidores no país.
O governo teve que colocar muito dinheiro para evitar que o desconto virasse pó do dia para a noite. Ainda assim, a ajuda não foi suficiente.
As empresas tiveram que tomar empréstimos bilionários para continuar tocando a vida porque choveu pouco e o país teve que usar uma energia mais cara para manter as geladeiras funcionando em 2014.
A fatura dessa bagunça começa a ser paga agora. Manter os aparelhos eletrônicos ligados vai custar 8,3% mais a partir de janeiro. E essa é apenas a primeira parcela.
As distribuidoras terão que começar a pagar os empréstimos feitos. Pelas contas oficiais, isso representa mais 8% de aumento na conta de luz. O novo valor da energia produzida por Itaipu --que responde por algo próximo a 10% da eletricidade usada no Brasil-- também vai pesar na fatura a partir de janeiro.
Para complicar um pouco mais, o governo precisa repassar para essas empresas cerca de R$ 5 bilhões que foram retidos ao longo do ano e resolver quem vai bancar a conta de R$ 3 bilhões gerada pela compra de energia feita nos dois últimos meses para atender a população.
A nova equipe econômica já se comprometeu a segurar as despesas em 2015. A mão aberta do Tesouro, portanto, vai começar a fechar. Sem essa ajudinha, sobrará para o consumidor mais um papagaio.
O efeito dessa limpeza pode comprometer o trabalho do Banco Central de manter a inflação dentro dos limites fixados. A solução para o problema pode ser um aperto maior nos juros ou mais um ano de preços corroendo a capacidade de compra dos brasileiros. As duas alternativas estão longe de ser boas notícias.
30 de dezembro de 2014
Renato Andrade, Folha de S.Paulo
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