"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

EX-MINISTRO DIZ QUE FALTA DE DEMOCRACIA DA MÍDIA É UMA FORMA DE CENSURA

       

Juca Ferreira defende a regulamentação da grande mídia

O secretário municipal de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, disse que a formação da uma sociedade política e culturalmente madura depende da democratização dos meios de comunicação. Para ele, a falta de democracia da mídia substituiu, nos dias de hoje, a censura que havia durante o regime militar no Brasil (1964-1985).
“Durante os longos anos de ditadura, nos acostumamos a ir contra a censura do estado. Mas (hoje) tem a censura do mercado, e outro tipo de censura que a sociedade brasileira está descobrindo agora, que é a censura a partir dos interesses dos donos dos grandes meios de comunicação.”

Ferreira acredita que os avanços no sentido da regulamentação do capítulo 5 da Constituição – que trata da comunicação, liberdade de expressão e veda o monopólio ou oligopólio dos meios – são difíceis, mas podem ser alcançados com diálogo. “Se não tivermos uma informação correta, desideologizada e com condições de garantir que a população tenha discernimento e capacidade de analisar por si mesma, a gente não tem uma sociedade livre”, diz.

O secretário paulistano, baiano de Salvador e ex-ministro da Cultura no segundo mandato de Lula, acredita que a democratização e pluralidade de pontos de vista é condição necessária para o desenvolvimento de “uma sociedade que faça sua própria avaliação crítica”. “A relação que isso tem com a cultura é fundamental. A informação é a base do desenvolvimento cultural. Se a informação é viciada, parcial e não democrática, atrasa e dificulta a formação de uma sociedade que se desenvolve culturalmente.”

CORRELAÇÃO DE FORÇAS

Para Juca Ferreira, a dificuldade que os governos petistas vêm tendo, nos últimos 12 anos, para vencer as resistências e conseguir emplacar a regulamentação dos meios de comunicação decorre do que os líderes políticos e partidários aliados no Congresso e membros do governo avaliam como uma “correlação de forças não favorável”.

Mas, em sua opinião, os avanços nesse sentido são possíveis. “A grande mídia tem um poder enorme na formação de opinião da sociedade. Quer manter como está, e os que dirigem o processo político têm avaliado que não têm condições (de fazer a reforma democrática dos meios)”, constata. “Acho que dá para avançar, não com golpe de mão, mas com discussão na sociedade, que vai compreender que é preciso que se regulamente a atividade, não no sentido de cercear a opinião, mas no de ampliar a possibilidade de que todas as opiniões tenham presença nos meios de comunicação.”

FORÇAS PROGRESSISTAS

O secretário acredita ser urgente um reposicionamento das forças progressistas e uma reaproximação com os movimentos sociais no país para a esquerda voltar a “representar o desejo de mudança”. “A esquerda se aproximou demasiadamente do modus operandi da direita. Toda vez que a esquerda se parece com a direita, quem ganha é a direita. A sociedade não percebe mais o ardor mudancista por parte da esquerda”, afirma.

Para Juca Ferreira, “é preciso recuperar o espírito original de representar o desejo de mudança, de avanços, de conquistas de direitos sociais, de democratização e modernização da sociedade. É preciso renovar um programa social e construí-lo junto com a sociedade, com os jovens, os movimentos sociais, as redes, os sindicatos”.

(artigo enviado por Sergio Caldieri)

30 de dezembro de 2014
Eduardo Maretti
Rede Brasil Atual

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