É regra milenar: com as ditaduras, não é a imoralidade de um ato que aumenta, mas a oportunidade de praticá-lo. O diabo é que, no Brasil da democracia, a oportunidade também aumenta.
No nosso caso, só a liberdade de imprensa ilumina os malfeitos que na ditadura permaneciam na obscuridade.
Duas conclusões emergem dessa evidência: a liberdade de imprensa torna-se essencial e a corrupção crescerá diante de cada ameaça. Ao mesmo tempo, fica claro ser a corrupção endêmica, tanto na democracia quanto na ditadura.
Estamos diante de duplo obstáculo: a presidente Dilma e o PT insistem em ressuscitar a regulação da mídia assim que iniciados os trabalhos do futuro Congresso. Mesmo jurando não se tratar de controle do conteúdo dos meios de comunicação, os detentores do poder lançam-se com tamanha avidez a esse objetivo que boa coisa não parecem pretender.
Em paralelo, diante da que parece a mãe dos escândalos nacionais, a roubalheira na Petrobras, continuam as filigranas jurídicas a impedir a divulgação do nome dos ladrões, tanto parlamentares quanto funcionários da estatal e dirigentes das empreiteiras envolvidas.
Serviço público inestimável prestaria o Poder Judiciário caso liberasse logo para a opinião pública a lista dos responsáveis já identificados nas delações premiadas, no mínimo para se defenderem, mas, também, para responderem por seus atos. O risco é de concluirmos que nas democracias torna-se maior a oportunidade da prática de atos imorais…
CONTRADIÇÕES
Os especuladores andam felizes porque a bolsa de valores subiu. Só que a elevação de seus ganhos deveu-se ao aumento dos juros. Chega-se à triste conclusão de prejuízo para o cidadão comum por conta de juros mais altos e lucro suplementar para os especuladores. Benefício para uns poucos, sacrifício para muitos.
Nos Estados Unidos os juros andam em torno dos 0,5% e a economia cresce, depois de recuperar-se. Entre nós os juros chegaram a 11.25% e caminhamos para o precipício. O novo ministro da Fazenda, qualquer que seja, desatará o nó?
SEMANA QUASE PERDIDA
Para se chegar à Austrália pelo roteiro mais rápido, exigem-se trinta horas de voo, necessariamente mais oito ou nove para pernoite em algum lugar do trajeto. Dois dias para ir, dois dias para voltar, pelo menos mais um na reunião do G-20. A única vantagem desse périplo inusitado está no fato de que Dilma irá rever um de seus mais competentes ex-auxiliares dos tempos de ministra das Minas e Energia, o hoje embaixador do Brasil na Austrália, Rubem Barbosa (o outro).
12 de novembro de 2014
Carlos Chagas
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