Deste domingo ao próximo a campanha presidencial descerá ainda mais. Alcançará as profundezas. Os dois candidatos chegaram ao ponto em que recuar não dá mais. Mesmo se acontecesse o milagre de o bom senso atingi-los, não perceberiam. Agressões e baixarias passaram a característica principal de suas intervenções, não apenas nos debates televisivos de péssima qualidade e pior organização.
Em suas viagens pelos estados, em discursos e entrevistas, dão a impressão de pensar menos no país do que em desconstruir o adversário, sem nenhuma proposta de mudanças reais. Pena que ninguém em suas assessorias tenha tido coragem de alertá-los para o ridículo que vem sendo as acusações de parte a parte. E da distância que os separa das verdadeiras necessidades nacionais.
Importa menos saber quem apareceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Essa questão transcendental, discutida por todo o Império Romano do Oriente, foi responsável, em 1453, pela tomada de Constantinopla pelos turcos, até hoje lá estabelecidos, apesar da mudança do nome: agora é Istambul.
Dilma e Aécio, tanto faz o vencedor, estarão à mercê de quantos exigem a extinção dessa arcaica civilização que imaginam manter e garantir. Demonstram, com suas performances, o fim do período iniciado com a queda da ditadura militar.
Esgotou-se a Nova República de que falava Tancredo Neves, avô de Aécio. O eleito governará um país inviável para os seus governantes.
Se Dilma perder, ou caso ela se reeleja, o resultado será o mesmo: uma população descrente, desligada e infensa ao poder publico distorcido e inexoravelmente condenado à rejeição.
FALTOU-LHES CORAGEM
O esgotamento das instituições vigentes marcará o governo de um dos candidatos, qualquer que seja. Claro que também por outros motivos, mas, em especial, porque como candidatos não conseguiram protelar a chegada dos turcos, coisa que poderiam ter feito pela apresentação de propostas e projetos capazes de desenhar um Brasil diferente.
Faltou-lhes coragem e, por isso, dedicaram-se a embates pueris e desligados das necessidades gerais, imitando o avestruz com a cabeça enterrada na areia em meio à tempestade.
Desconheceram o sentido maior das mudanças políticas, econômicas, sociais que a nação anseia. A conseqüência é que os turcos promoverão essas mudanças, queira Deus que não passando os bizantinos pela espada.
No caso, os turcos somos nós, são a sociedade inteira, revoltada e esgotada pela sucessão de governos sem condições de atentar para a importância da promoção de ampla reviravolta, imprescindível à sobrevivência do conjunto.
Traduzindo esse confuso e incompleto diagnóstico sobre o que nos espera: incapazes de perceber a nudez do rei, Dilma e Aécio dispõem-se a aplaudi-lo até que uma criança qualquer restabeleça a evidência da farsa em fase de desintegração.
Numa palavra: não é esse o Brasil que os brasileiros desejam. Votarão majoritariamente nela ou nele por mera obrigação legal, mas estarão prontos a explodir as muralhas de uma civilização ultrapassada e esgotada pelos abusos e excessos do Legislativo e do Judiciário, sem falar no Executivo que almejam conduzir.
Com Dilma ou Aécio, continuarão a corrupção, a impunidade, as injustiças, as benesses das elites e o sofrimento das massas. O engodo de instituições falidas está prestes a desaparecer sem deixar saudades.
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