"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 19 de outubro de 2014

OS TURCOS ESTÃO CHEGANDO

         



Deste domingo ao próximo a campanha presidencial descerá ainda mais.  Alcançará as profundezas. Os dois candidatos chegaram ao ponto em que recuar não dá mais. Mesmo se acontecesse o milagre de o bom senso atingi-los, não  perceberiam. Agressões e baixarias passaram a característica principal de suas intervenções, não apenas nos debates televisivos de péssima qualidade e pior  organização.

Em suas viagens pelos estados, em discursos e entrevistas, dão a impressão de pensar menos no país do que em  desconstruir o adversário, sem nenhuma proposta de mudanças reais.   Pena que ninguém em suas assessorias tenha tido coragem de alertá-los para o ridículo que vem sendo as acusações de parte a parte. E  da distância que os separa das verdadeiras necessidades nacionais.

Importa menos saber quem apareceu  primeiro, se o ovo ou a galinha. Essa questão transcendental,  discutida por todo o  Império Romano  do Oriente,  foi responsável, em 1453, pela tomada de Constantinopla  pelos turcos, até hoje lá  estabelecidos,  apesar da mudança do nome: agora  é Istambul.

Dilma e  Aécio, tanto faz o vencedor, estarão à mercê de quantos exigem a extinção dessa arcaica civilização que imaginam manter e  garantir. Demonstram, com suas performances, o fim do período iniciado com a  queda da ditadura militar. 
Esgotou-se  a  Nova República de que falava Tancredo Neves, avô de Aécio. O  eleito governará um país  inviável para os seus governantes.
Se Dilma perder, ou   caso ela se reeleja, o resultado será o mesmo: uma população descrente,  desligada e infensa ao  poder publico  distorcido e inexoravelmente condenado à  rejeição.

FALTOU-LHES CORAGEM

O esgotamento das instituições vigentes marcará o governo de um dos candidatos, qualquer que seja. Claro que também por outros motivos, mas, em especial, porque como candidatos não conseguiram protelar a chegada dos turcos,  coisa que poderiam ter feito pela apresentação de propostas e projetos  capazes de desenhar um Brasil diferente. 
Faltou-lhes coragem e, por isso, dedicaram-se a embates pueris e desligados das necessidades gerais,  imitando o avestruz com a cabeça enterrada na areia em meio à tempestade.

Desconheceram o sentido maior das mudanças políticas, econômicas, sociais que a nação anseia. A conseqüência é que os turcos promoverão essas mudanças, queira Deus que não passando  os bizantinos pela espada.
No caso, os turcos somos nós, são a sociedade inteira, revoltada e esgotada pela sucessão de governos  sem condições de atentar para a  importância da promoção de ampla  reviravolta,  imprescindível à sobrevivência do conjunto.

Traduzindo esse  confuso e incompleto diagnóstico sobre o que nos espera: incapazes de perceber a nudez do rei, Dilma e Aécio dispõem-se a aplaudi-lo até que uma criança qualquer restabeleça a evidência da farsa em fase de desintegração.
Numa palavra: não é esse o Brasil que os brasileiros desejam. Votarão majoritariamente  nela ou nele por mera obrigação legal,  mas estarão prontos a explodir as muralhas de uma civilização ultrapassada e esgotada pelos abusos e excessos do Legislativo e do Judiciário, sem falar no Executivo que almejam conduzir.     

Com Dilma ou Aécio,  continuarão  a corrupção, a impunidade, as injustiças, as benesses das elites e o sofrimento das massas. O engodo de instituições falidas está prestes a desaparecer sem deixar saudades.

19 de outubro de 2014
Carlos Chagas

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