Lula sobe em palanque em BH e insufla a militância petista contra Aécio
por PAULO PEIXOTO, da FOLHA DE S. PAULO, DE BELO HORIZONTE (MG).
Em um comício em Belo Horizonte em que Aécio Neves foi alvo constante da militância petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou o candidato do PSDB à Presidência, dizendo que ele se comporta como "filhinho de papai", e voltou a criticar a imprensa.
"Instigado pela imprensa, que tentava negar a política daquela época, o povo elegeu o Collor como o novo e deu no que deu", comparou Lula neste sábado (18), referindo-se às eleições presidenciais de 1989.
O ex-presidente afirmou ainda que a imprensa cometeu "equívocos" ao temer as candidaturas dele, de Ulysses Guimarães, de Leonel Brizola e de Mário Covas, mas "instigou" o voto em Fernando Collor de Mello; atualmente aliado do PT.
"Agora estamos vendo o mesmo comportamento. A imprensa brasileira, possivelmente na mão da elite, não admite nunca um governante que olha para as pessoas mais pobres", afirmou.
Dessa vez, ele criticou também a revista inglesa "The Economist", que declarou recentemente preferência pela vitória de Aécio na disputa contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
"Não bastasse a imprensa brasileira, essa revista, que é a mais importante do sistema financeiro internacional, dos bancos, dos achacadores, essa revista que defende os bancos não quer a Dilma, quer o Aécio", disse.
"Qual a resposta que temos que dar? Que o Aécio é o candidato dos banqueiros, ótimo, porque a Dilma é a candidata do povo brasileiro", completou.
Ao falar de corrupção, Lula disse que Aécio usa a expressão "mar de lama", empregada pelo jornalista Carlos Lacerda, que governou o antigo Estado da Guanabara, em seus ataques ao ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
Afirmou ainda que Aécio se esquece de que seu avô Tancredo Neves (1910-1985) foi ministro de Getúlio e depois primeiro-ministro de João Goulart (1918-1976). E atacou o tucano: "Ele sabe fazer denúncias de corrupção dos outros e esconder o seu rabo para ninguém saber o que está acontecendo".
Lula saiu em defesa da presidente Dilma, chamada de "mentirosa" e "leviana" nos debates na TV, dizendo não saber se Aécio "teria coragem de ser tão grosseiro se o adversário dele fosse um homem".
"Seu negócio com mulher é partir para agressão, partir para cima agredindo, porque acha que a coisa pega mais", completou Lula, inflamando a militância.
MAIS ATAQUES
Antes mesmo da chegada do ex-presidente, o clima já era de beligerância no ato no bairro de Santa Tereza, região leste de Belo Horizonte. Enquanto a militância esperava, o locutor do evento vez ou outra subia ao palanque para ler manifestos com ataques a Aécio.
Um deles, escrito por uma militante apresentada como psicóloga especialista em direitos humanos, despejou adjetivos ofensivos, até concluir que Aécio é um "ser repugnante e desprezível".
Cafajeste, playboy mimado, megalomaníaco, usuário de drogas, agressor de mulheres e vários outros ataques dominaram o comício.
Dilma vem explorando na campanha do segundo turno sua vitória por 43,4% a 39,7% em Minas no primeiro turno das eleições presidenciais. Mas, na capital mineira, ela perdeu por muito, e tenta reverter a situação em toda a região metropolitana de BH.
O tucano obteve 47% dos votos, e a petista, 31%, nesta que é a mais populosa região eleitoral do Estado (25% do eleitorado mineiro). Em Belo Horizonte a diferença foi ainda maior: 54% a 25%.
Dilma venceu nas regiões mais pobres de Minas (66% a 23%, no norte, por exemplo) e também na rica região do Triângulo Mineiro (47% a 32%).
FORA DE MINAS
Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral do país, com 10,5% do total de eleitores. Apesar disso, o Estado foi pouco visitado pelos candidatos à Presidência neste segundo turno.
Dilma esteve em Contagem na semana passada, e Aécio reservou a última semana de campanha para voltar a Minas.
Dilma é esperada no Estado entre quarta (22) e quinta (23). Aécio irá a Caeté, na Grande BH, nesta segunda (20). Como fez no começo da campanha, vai rezar no santuário de Nossa Senhora da Piedade. Ele deverá voltar na quarta e no sábado, onde encerrará a campanha.
Sem a presença dos candidatos, cabe aos aliados organizarem atos pelo Estado. Pelo PT, encabeça os eventos o governador eleito de Minas, Fernando Pimentel (PT). Do lado de Aécio, estão o senador eleito e ex-governador Antônio Anastasia (PSDB) e o governador Alberto Pinto Coelho (PP).
Em VEJA: PT insulta Aécio em Minas e leva baixaria ao extremo
Partido leu carta de psicóloga que 'diagnosticou' tucano como megalomaníaco. E insultou-o com adjetivos como 'cafajeste' e 'desprezível'
Gabriel Castro, de Minas Gerais
Ato petista desfila ataques pessoais a Aécio (VEJA.com)
Se diante da baixaria que o PT deflagrou no segundo turno destas eleições já não parecia que o partido seria capaz de reduzir mais o nível de sua campanha, um comício realizado neste sábado em Belo Horizonte deixa claro que o desprezo de setores da sigla pela ética desconhece limites.
Em ato organizado pelo comitê da sigla em Minas Gerais, os ataques pessoais ao candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, chegaram a níveis extremos. Os adjetivos empregados contra o tucano foram: "coisa ruim", "cafajeste", "playboy mimado", "moleque" e "desprezível".
Enquanto esperava a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um comício a favor de Dilma, o mestre de cerimônias contratado para o evento leu um texto escrito pela psicóloga Neide Pacheco, que se auto intitula "especialista em direitos humanos". O texto é repleto de ataques violentos ao tucano: insinua que Aécio já fez uso de drogas, diz que o candidato do PSDB é acostumado a agredir mulheres, já foi flagrado dirigindo bêbado e prevaricou em vários processos de corrupção".
A psicóloga petista, então, "diagnostica" Aécio como portador de megalomania e volta a relacioná-lo ao uso de drogas. "Megalomania é um transtorno psicológico, no qual o portador tem ilusões de grandeza, poder e superioridade. É uma característica do transtorno afetivo bipolar. O uso de drogas exacerba e potencializa esse quadro". A militância presente ovacionou a leitura do texto.
No Estadão: Lula compara Aécio a Collor
Em BH ex-presidente comparou o candidato do PSDB ao senador alagoano e a Lacerda, opositor de Getúlio Vargas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para cima do adversário da presidente Dilma Rousseff na corrida presidencial, senador Aécio Neves (PSDB), a quem comparou com Carlos Lacerda, opositor de Getúlio Vargas, e ao ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL). Embalado pela vitória em primeiro turno de Fernando Pimentel (PT) para o governo de Minas, principal reduto eleitoral de Aécio, Lula discursou neste sábado, 18, em Belo Horizonte com ferrenhas críticas ao tucano, a quem classificou como "filhinho de papai" e disse que a imprensa - incluindo a revista The Economist -, o sistema financeiro e "parte da elite" do País são aliados do senador.
Segundo Lula, Aécio "sabe fazer denúncia de corrupção dos outros e esconder seu rabo para ninguém saber o que está acontecendo". Ao comentar o que considera "desrespeito" do tucano contra Dilma, o ex-presidente desafiou o adversário a manter a mesma postura diante de um homem e acusou o senador de agredir mulheres.
"Nunca vi um cidadão faltar com o respeito com a presidente como nosso opositor. Pega uma palavra minha chamando o adversário de mentiroso. Não é o comportamento de um candidato. É o comportamento daqueles filhinhos de papai que acham que os outros têm que fazer tudo para eles. Não sei se (Aécio) teria coragem de ser tão grosseiro se o adversário dele fosse um homem", disparou. "Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo porque aí a coisa pega mais", acrescentou o petista, ironizando como se a fala fosse do próprio senador.
E usou novamente a ironia para comentar o caso em que Aécio caiu numa blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro, onde se recusou a soprar o bafômetro, questão abordada por Dilma durante debate com o tucano. "Quando a Dilma perguntou do bafômetro, ele disse que não tinha carteira. O bafômetro não é para medir se tem carteira ou não. Bafômetro não cheira carteira de motorista. Cheira álcool", afirmou.
O petista também fez referência ao fato de Aécio, aos 19 anos, ter trabalhador como assessor parlamentar do pai, o ex-deputado federal Aécio Cunha, apesar de morar na capital fluminense, o que Lula considerou "o melhor emprego do mundo". "Quem sabe qual foi o primeiro emprego do Aécio? O primeiro emprego foi assessor do pai que era deputado eleito por Belo Horizonte. E ele foi assessorar o pai em Minas, em Brasília? Não, no Rio de Janeiro", ressaltou.
Em seu discurso de mais de meia hora para a multidão que lotou a praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, região boêmia de Belo Horizonte, Lula fez uma lista de diversas categorias de trabalhadores e desafiou a plateia a mostrar "uma foto" do tucano reunido com algum deles no período em que foi governador do Estado.
"O moço é vingativo. Não conheço nenhum momento da história, nem no regime militar, em que os professores fossem tão perseguidos como foram em Minas Gerais, salientou.
Imprensa. Segundo o ex-presidente, a candidatura do tucano é impulsionada pela imprensa comandada pela "elite", assim como ocorreu na eleição de Collor. "Este País muitas vezes comete equívoco. Em 1989, com medo de mim, do Ulisses Guimarães, do Brizola, do Mário Covas, muitas vezes instigado pela imprensa, escolheu o Collor presidente da República dizendo que era o novo. E vocês sabem o que aconteceu. Agora a gente está vendo o mesmo comportamento. A imprensa brasileira, possivelmente na mão da elite, não admite nenhum governante que olhe para as pessoas mais pobres", declarou.
O ex-presidente também se referiu à The Economist, que publicou matéria defendendo a candidatura de Aécio. "Se não bastasse a imprensa brasileira, vi a revista The Economist, pedindo voto para o adversário dela (Dilma). É a revista mais importante do sistema financeiro internacional, dos bancos, dos achacadores. Essa revista que defende os bancos não quer a Dilma, quer o Aécio.
Qual a resposta que temos que dar? Se o Aécio é o candidato dos banqueiros, ótimo. Porque a Dilma é a candidata do povo brasileiro", declarou.
E comparou a postura de Aécio à de Carlos Lacerda, principal opositor do ex-presidente Getúlio Vargas. "Se esquece que o avô (Tancredo Neves) trabalhou no governo de Vargas e foi primeiro-ministro de João Goulart", observou, referindo-se ao presidente deposto pelo golpe militar de 1964.
Lula participou do ato ao lado de Pimentel, diversos deputados estaduais e federais eleitos e da atual legislatura, além de lideranças do PT e outros partidos da coligação pela reeleição de Dilma, além de entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O evento foi o segundo com a participação do ex-presidente em atos de campanha em Minas. No início de agosto, ele esteve com a presidente em Montes Claros para o lançamento oficial da candidatura ao Senado de Josué Alencar (PMDB), filho do vice-presidente de Lula, José Alencar.
Na segunda-feira (20) será a vez de Aécio desembarcar no Estado. Está prevista uma visita do senador ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte.
A visita, carregada de simbolismo, repete ato do avô do tucano, Tancredo Neves, adotado por Aécio de pedir uma bênção no início das campanhas e voltar ao local para agradecer no fim das disputas. E há previsão de nova visita de Dilma ao Estado durante a semana.
A petista e Aécio travam acirrada batalha pelos votos dos mineiros. Apesar de o Estado ser a principal base eleitoral do tucano, a presidente teve 41,59% dos votos válidos em Minas no primeiro turno, contra 33,55% de Aécio.
As críticas à gestão do tucano no governo mineiro foram um dos principais motes da campanha do PT no segundo turno.
Em seu discurso, Pimentel afirmou que ligou para Dilma antes do comício e, segundo o governador eleito, a presidente pediu a ele que disse aos militantes que "confia" em Minas "porque é de lá que vai sair nossa vitória".
19 de outubro de 2014
Fonte: Folha de S. Paulo/Estadão/VEJA
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