Qualquer que seja o presidente, o Brasil sai fraturado de uma campanha eleitoral que foi violenta em seu primeiro turno e que promete ser agressiva em sua conclusão. E esse presidente terá de desempenhar papel conciliador pouco visto nos últimos anos na política nacional.
Além da conciliação com aliados e da manutenção de diálogo mínimo com a oposição, a agenda política do governo será repleta de desafios. E ser capaz de estender a lua de mel típica do primeiro ano de uma nova Presidência. Tarefa difícil para os nomes disponíveis.
O primeiro desafio será o de construir ou reconstruir uma base política. Nada fácil para os candidatos. O presidencialismo de coalizão, baseado na entrega de ministérios para os partidos, não funciona bem. Não há uma fórmula fiável ou alternativa.
BASE ALIADA
O Congresso que emergirá das urnas será, como sempre, fragmentado em múltiplos partidos, com lideranças informais e diferenças regionais. A presença no condomínio do poder ainda é a fórmula mínima de proteção para qualquer governo. Mas a sucessão de escândalos mostra que isso tem de funcionar com base em projetos e programas, e não para servir ao clientelismo de sempre.
Terá de convencer a base política e o Congresso para tomar medidas duras de ajuste, visando recompor a nossa ameaçada credibilidade fiscal e econômica. O Congresso é ágil e eficiente para fazer bondades com os cofres públicos. A motivação é quase nula para fazer cortes e sacrifícios. Dependemos de crises para avançar e cortar na carne.
O terceiro desafio é o de administrar as sequelas das denúncias de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que podem devastar algumas lideranças políticas atuais. Imagina-se que, em 2015, dezenas de processos contra políticos e parlamentares cheguem ao STF com potencial para os mensalões do PSDB, do PT e do DEM parecerem furtos de pirulitos na cantina do colégio.
Com o escândalo da Petrobras, podemos ter outras investigações a caminho. O Securities Exchange Office, regulador do mercado acionário norte-americano, está de olho nos acontecimentos no Brasil. A Petrobras é negociada na bolsa norte-americana, e qualquer malfeito tem desdobramentos jurídicos por lá. Um problema adicional de credibilidade a ser gerenciado pelo próximo governo.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
As investigações no Brasil vão atingir duramente as empresas fornecedoras da Petrobras que podem fazer delações e revelações sobre o submundo das operações com a gigante estatal e as relações com os financiamentos a partidos e políticos.
O tema causa arrepios em setores do empresariado brasileiro, pois o juiz Sergio Moro não quer apenas investigar políticos. Ele sabe que suas ações podem resultar na destruição de um modelo opaco e, muitas vezes, ilegal, de relacionamento entre o setor privado e as esferas governamentais.
E que existe desde os tempos do regime militar. Não é trivial e pode ser algo parecido com a operação Mãos Limpas, que promoveu um terremoto político na Itália.
Os desafios e reflexões aqui expostos deveriam resultar em um debate sério sobre a reforma política. Algo que deveríamos ter feito de forma organizada tempos atrás. Felizmente, alguns aperfeiçoamentos têm ocorrido de forma espasmódica nas últimas décadas. A crise que vem por aí poderá ser mais uma oportunidade para avançarmos institucionalmente.
(transcrito de O Tempo)
Além da conciliação com aliados e da manutenção de diálogo mínimo com a oposição, a agenda política do governo será repleta de desafios. E ser capaz de estender a lua de mel típica do primeiro ano de uma nova Presidência. Tarefa difícil para os nomes disponíveis.
O primeiro desafio será o de construir ou reconstruir uma base política. Nada fácil para os candidatos. O presidencialismo de coalizão, baseado na entrega de ministérios para os partidos, não funciona bem. Não há uma fórmula fiável ou alternativa.
BASE ALIADA
O Congresso que emergirá das urnas será, como sempre, fragmentado em múltiplos partidos, com lideranças informais e diferenças regionais. A presença no condomínio do poder ainda é a fórmula mínima de proteção para qualquer governo. Mas a sucessão de escândalos mostra que isso tem de funcionar com base em projetos e programas, e não para servir ao clientelismo de sempre.
Terá de convencer a base política e o Congresso para tomar medidas duras de ajuste, visando recompor a nossa ameaçada credibilidade fiscal e econômica. O Congresso é ágil e eficiente para fazer bondades com os cofres públicos. A motivação é quase nula para fazer cortes e sacrifícios. Dependemos de crises para avançar e cortar na carne.
O terceiro desafio é o de administrar as sequelas das denúncias de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que podem devastar algumas lideranças políticas atuais. Imagina-se que, em 2015, dezenas de processos contra políticos e parlamentares cheguem ao STF com potencial para os mensalões do PSDB, do PT e do DEM parecerem furtos de pirulitos na cantina do colégio.
Com o escândalo da Petrobras, podemos ter outras investigações a caminho. O Securities Exchange Office, regulador do mercado acionário norte-americano, está de olho nos acontecimentos no Brasil. A Petrobras é negociada na bolsa norte-americana, e qualquer malfeito tem desdobramentos jurídicos por lá. Um problema adicional de credibilidade a ser gerenciado pelo próximo governo.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
As investigações no Brasil vão atingir duramente as empresas fornecedoras da Petrobras que podem fazer delações e revelações sobre o submundo das operações com a gigante estatal e as relações com os financiamentos a partidos e políticos.
O tema causa arrepios em setores do empresariado brasileiro, pois o juiz Sergio Moro não quer apenas investigar políticos. Ele sabe que suas ações podem resultar na destruição de um modelo opaco e, muitas vezes, ilegal, de relacionamento entre o setor privado e as esferas governamentais.
E que existe desde os tempos do regime militar. Não é trivial e pode ser algo parecido com a operação Mãos Limpas, que promoveu um terremoto político na Itália.
Os desafios e reflexões aqui expostos deveriam resultar em um debate sério sobre a reforma política. Algo que deveríamos ter feito de forma organizada tempos atrás. Felizmente, alguns aperfeiçoamentos têm ocorrido de forma espasmódica nas últimas décadas. A crise que vem por aí poderá ser mais uma oportunidade para avançarmos institucionalmente.
(transcrito de O Tempo)
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