A possibilidade de uma derrota na eleição presidencial já estava no radar do PT há algum tempo. O partido havia abandonado a esperança de vencer no primeiro turno desde que as taxas de rejeição e aprovação à presidente Dilma Rousseff se encontraram.
Os petistas consideravam que a disputa final seria um páreo duro. Perder para Aécio Neves, do PSDB, seria uma hipótese. Remota, é verdade. Principalmente diante da perspectiva de que o horário eleitoral desse à presidente uma dianteira, senão confortável, ao menos segura.
No fatídico dia 13 de agosto último, porém, tudo mudou. Eduardo Campos saiu da vida e Marina Silva entrou na disputa para presidente justamente numa quadra da história em que o País só quer saber de mudança e nada mais. A qualquer custo.
Veio a primeira pesquisa, a segunda, a terceira e as análises precisaram ser revistas. A derrota de Dilma já não se desenhava mais como uma hipótese remota. Enquadrava-se na moldura de uma possibilidade concreta.
Os especialistas em interpretações de pesquisas passaram a dizer que, mantida a tendência e salvo o imponderável, a candidata do PSB se elegeria presidente em segundo turno.
Observam esses mesmos analistas que em 2002 havia um clima semelhante. Na época, a tentativa de mudar começou em abril, com Roseana Sarney. Abatida em maio, com a descoberta pela Polícia Federal de dinheiro sem origem justificada em empresa de propriedade dela e do marido no Maranhão.
O eleitorado, então, fez nova tentativa voltando-se para Ciro Gomes. Subiu nas pesquisas, ficou com jeito de fenômeno em junho, dizimado pelo próprio destempero verbal. Em seguida, a ausência de opções (só havia Anthony Garotinho e o governista José Serra) levou o rio para o mar de Lula.
Hoje, visto do alto o panorama parece pior para o PSDB, que ficaria fora da disputa. Mas, olhando com visão pragmática, o partido perderia o que não tem. Contabilizaria mais uma derrota eleitoral. Péssimo para seus projetos político-partidários? Sem dúvida alguma.
Mas o dano maior mesmo seria para quem corre o risco de perder o que tem. O PT está mais perto de perder o poder do que nunca esteve antes nos últimos anos.
E por poder entenda-se não apenas o federal. Dos dez maiores colégios eleitorais só está em primeiro lugar nas pesquisas para governador em Minas Gerais. Em Estados importantes como São Paulo, Rio, Paraná e Bahia o PT fica entre os 3.º e 4.º lugares.
Nesse quadro, a perda do poder central seria especialmente desastrosa, pois enfraqueceria a legenda também no Congresso, reduzindo seu poder de fogo como força de oposição.
Por essas e várias outras questões relativas ao acomodamento dos companheiros (petistas ou aliados) máquina pública País afora, a inquietação toma conta dos que se veem ameaçados de voltar à condição de 12 anos atrás.
Essa mesma máquina está sendo mobilizada no afogadilho para trabalhar na campanha. Convoca-se o conselho político, reúnem-se assessores de segundo escalão de ministérios e empresas estatais para serem despachados a encontros e debates com o objetivo de defender o governo.
Ou seja, terror e pânico. O clima não chegou ao horário eleitoral. A presidente mantém artificialmente a fleuma e a ideia de que ainda pretende polemizar com o tucano Aécio Neves. Bobagem. Chuva que já choveu.
A inimiga real é Marina e contra ela é que está sendo feita a convocação geral para pôr em prática o uso do "diabo" anunciado pela presidente para ganhar as eleições.
Farão daqui em diante o diabo a quatro para impedir que seja interrompida não a implantação de um projeto de País, mas a execução de um plano de ocupação hegemônica de todos os instrumentos de poder.
Para isso anunciou-se a disposição de fazer "o diabo". Diante do perigo, não há dúvida: haverá de se fazer o diabo a quatro.
Os petistas consideravam que a disputa final seria um páreo duro. Perder para Aécio Neves, do PSDB, seria uma hipótese. Remota, é verdade. Principalmente diante da perspectiva de que o horário eleitoral desse à presidente uma dianteira, senão confortável, ao menos segura.
No fatídico dia 13 de agosto último, porém, tudo mudou. Eduardo Campos saiu da vida e Marina Silva entrou na disputa para presidente justamente numa quadra da história em que o País só quer saber de mudança e nada mais. A qualquer custo.
Veio a primeira pesquisa, a segunda, a terceira e as análises precisaram ser revistas. A derrota de Dilma já não se desenhava mais como uma hipótese remota. Enquadrava-se na moldura de uma possibilidade concreta.
Os especialistas em interpretações de pesquisas passaram a dizer que, mantida a tendência e salvo o imponderável, a candidata do PSB se elegeria presidente em segundo turno.
Observam esses mesmos analistas que em 2002 havia um clima semelhante. Na época, a tentativa de mudar começou em abril, com Roseana Sarney. Abatida em maio, com a descoberta pela Polícia Federal de dinheiro sem origem justificada em empresa de propriedade dela e do marido no Maranhão.
O eleitorado, então, fez nova tentativa voltando-se para Ciro Gomes. Subiu nas pesquisas, ficou com jeito de fenômeno em junho, dizimado pelo próprio destempero verbal. Em seguida, a ausência de opções (só havia Anthony Garotinho e o governista José Serra) levou o rio para o mar de Lula.
Hoje, visto do alto o panorama parece pior para o PSDB, que ficaria fora da disputa. Mas, olhando com visão pragmática, o partido perderia o que não tem. Contabilizaria mais uma derrota eleitoral. Péssimo para seus projetos político-partidários? Sem dúvida alguma.
Mas o dano maior mesmo seria para quem corre o risco de perder o que tem. O PT está mais perto de perder o poder do que nunca esteve antes nos últimos anos.
E por poder entenda-se não apenas o federal. Dos dez maiores colégios eleitorais só está em primeiro lugar nas pesquisas para governador em Minas Gerais. Em Estados importantes como São Paulo, Rio, Paraná e Bahia o PT fica entre os 3.º e 4.º lugares.
Nesse quadro, a perda do poder central seria especialmente desastrosa, pois enfraqueceria a legenda também no Congresso, reduzindo seu poder de fogo como força de oposição.
Por essas e várias outras questões relativas ao acomodamento dos companheiros (petistas ou aliados) máquina pública País afora, a inquietação toma conta dos que se veem ameaçados de voltar à condição de 12 anos atrás.
Essa mesma máquina está sendo mobilizada no afogadilho para trabalhar na campanha. Convoca-se o conselho político, reúnem-se assessores de segundo escalão de ministérios e empresas estatais para serem despachados a encontros e debates com o objetivo de defender o governo.
Ou seja, terror e pânico. O clima não chegou ao horário eleitoral. A presidente mantém artificialmente a fleuma e a ideia de que ainda pretende polemizar com o tucano Aécio Neves. Bobagem. Chuva que já choveu.
A inimiga real é Marina e contra ela é que está sendo feita a convocação geral para pôr em prática o uso do "diabo" anunciado pela presidente para ganhar as eleições.
Farão daqui em diante o diabo a quatro para impedir que seja interrompida não a implantação de um projeto de País, mas a execução de um plano de ocupação hegemônica de todos os instrumentos de poder.
Para isso anunciou-se a disposição de fazer "o diabo". Diante do perigo, não há dúvida: haverá de se fazer o diabo a quatro.
02 de setembro de 2014
Dora Kramer, O Estadão
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