As informações já disponíveis indicam não haver um grande e único culpado, mas um número enorme de culpáveis nessa impressionante série de equívocos que resultou na tragédia do Guararapes, um viaduto projetado em Belo Horizonte por uma empresa faz-tudo, construído por empreiteiros que não se responsabilizam pela obra e fiscalizado por um órgão dirigido por quem não é do ramo.
Um ano antes de desabar, o viaduto Batalha dos Guararapes foi mudado. A obra teve dois aditivos em junho de 2013, no total de R$ 4,878 milhões, o que elevou seu preço inicial em quase 30%, de R$ 15,5 milhões para mais de R$ 20 milhões. A diretoria da Cowan alegou no pedido de verba suplementar que os projetos haviam sofrido revisão e ganhado estacas de 700 mm de diâmetro, item não previsto originalmente. Mesmo assim, desabou.
CARIMBO OFICIAL
Pelo montante dos aditivos, o viaduto foi bem alterado durante a construção. E toda a revisão de engenharia e de preço se deu com o aval do órgão fiscalizador de obras da Prefeitura de BH, a Sudecap. Os pedidos da Cowan tiveram assinaturas de anuência no órgão tanto do fiscal que supervisiona a obra, Mauro Lúcio Ribeiro da Silva, como do diretor de Infraestrutura, Cláudio Marcos Neto.
E a empresa que projetou o viaduto Batalha dos Guararapes, Consol, encerrou seus trabalhos para a Sudecap em abril de 2013, antes dos aditivos financeiros no contrato da construtora Cowan, ambos feitos no mês seguinte com a justificativa de que o projeto original havia sido alterado e incluído novos materiais. Portanto, a projetista não apoiava mais a fiscalização da obra à época dos aditivos. E não acompanhou a execução das alterações. Esse caso, quanto mais se revolve, maiores a lambança e a improvisação.
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