Ao apoiar cinco candidatos a governador do Rio de Janeiro, a presidente Dilma corre o risco de não ser apoiada por nenhum. Dispondo-se a dividir palanques com Aécio Neves e Eduardo Campos, o governador Geraldo Alckmin perde um e não ganha o outro. Diante da disputa no Ceará, oscilando entre os irmãos Gomes e Eunício Oliveira, o palácio do Planalto cai no vazio.
No Rio Grande do Sul, Tarso Genro desconfia estar sendo traído por conta do favoritismo da senadora Ana Amélia. Em São Paulo, ninguém acredita na recuperação de Alexandre Padilha: nem o PT nem o Lula, preparando-se Paulo Skaf para, de público, continuar rejeitando o apoio do governo federal, mas, em particular, contando com os votos petistas para chegar ao segundo turno contra Alckmin.
Esses são apenas alguns exemplos do que acontece no país inteiro, quer dizer, profunda confusão partidária onde a ideologia ganhou a estratosfera. Vale mais a tentativa de vencer as eleições, para os candidatos a presidente e a governador, sem esquecer os que disputam o Senado.
Por mais estranho que pareça, oportunidade mais clara não existe para que, empossados os vencedores majoritários e composto o novo Congresso, venha a emergir do caos partidário uma reforma para valer. Senão a dissolução dos atuais partidos, ao menos o remanejamento de seus integrantes. PT e PSDB poderão servir de pólos para o novo quadro, ficando a pergunta a respeito de como ficará o PMDB. Mal, com toda certeza.
A outrora legenda quase única foi-se desfazendo feito sorvete ao sol. Menos por não haver lançado candidato presidencial desde que Orestes Quércia foi derrotado, mais por conta de haver aderido a todos os governos posteriores, tucanos ou petistas.
O eleitor não é bobo. Percebeu a falta de novos líderes com personalidade própria. De tanto abdicar de sua condição de condutor em troca de ser conduzido até o banquete dos outros, contenta-se o partido com migalhas caídas da mesa.
Ganhando Dilma ou Aécio, ou mesmo Eduardo, ao PMDB se oferecerão cada vez menos ministérios e menor participação nas decisões de governo. O pior é que nenhuma voz se erguerá de dentro para fora. Quem puder que abocanhe as parcelas cada vez menores de influência nos destinos nacionais.
Condenado ao fracasso, o partido vai virar carniça para os urubus que já voam ao seu redor. Pobre dr. Ulysses, perdido no oceano mas certamente feliz por não ter assistido o começo do fim. Qualquer que seja o vencedor, o derrotado já tem nome.
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