"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 29 de julho de 2014

O DERROTADO JÁ TEM NOME


 


Ao apoiar cinco candidatos a governador do Rio de Janeiro, a presidente Dilma corre o risco de não ser apoiada por nenhum. Dispondo-se a dividir palanques com Aécio Neves e Eduardo Campos, o governador Geraldo Alckmin perde um e não ganha o outro. Diante da disputa no Ceará,  oscilando entre os irmãos Gomes e Eunício Oliveira, o palácio do Planalto cai no vazio.

No Rio Grande do Sul, Tarso Genro desconfia estar sendo traído por conta do favoritismo da senadora  Ana Amélia.  Em São Paulo, ninguém acredita na recuperação de Alexandre Padilha: nem o PT nem o Lula, preparando-se Paulo Skaf para, de público,  continuar rejeitando o apoio do governo federal, mas, em particular, contando com os votos petistas para chegar ao segundo turno contra Alckmin.

Esses são apenas alguns exemplos do que  acontece no país inteiro, quer dizer, profunda confusão partidária onde a ideologia ganhou a estratosfera.  Vale  mais a tentativa de vencer as  eleições, para os candidatos a presidente e a governador, sem esquecer os que disputam o Senado.

Por  mais estranho que pareça, oportunidade mais clara não existe para que, empossados os vencedores majoritários e composto o novo  Congresso,  venha a emergir do caos partidário uma reforma para valer. Senão a dissolução dos atuais partidos, ao menos  o remanejamento de seus integrantes. PT e PSDB poderão servir de pólos  para o novo quadro, ficando a pergunta a respeito de como ficará o PMDB. Mal, com toda certeza.

A outrora legenda quase única foi-se desfazendo feito sorvete ao sol.  Menos por não haver lançado candidato presidencial desde que Orestes Quércia foi derrotado, mais por conta de haver aderido a todos os governos posteriores, tucanos ou petistas.

O eleitor não é bobo. Percebeu a falta de novos líderes com personalidade própria. De tanto abdicar de sua condição de condutor em troca de ser conduzido até o banquete dos  outros, contenta-se o partido  com migalhas caídas da mesa.

Ganhando Dilma ou Aécio, ou mesmo Eduardo, ao PMDB se oferecerão cada vez menos ministérios e menor participação nas decisões de governo. O pior é que nenhuma voz se erguerá de dentro para fora. Quem puder que abocanhe as parcelas cada vez menores de influência nos destinos nacionais.
Condenado ao fracasso, o partido vai virar carniça para os urubus que já voam ao seu redor. Pobre dr. Ulysses, perdido no oceano mas certamente feliz por não ter assistido o começo do fim.  Qualquer que seja o vencedor, o derrotado já tem nome.

29 de julho de 2014
Carlos Chagas

Nenhum comentário:

Postar um comentário