Uma reportagem desta edição de VEJA revela como Henrique Alves, presidente da Câmara dos Deputados, está se virando para lidar com o mais ousado e direto ataque à democracia representativa em dez anos de poder petista no Brasil, o decreto nº 8243, que cria a "Política Nacional de Participação Social" e o "Sistema Nacional de Participação Social".
Um grande perigo se esconde sob essas denominações inofensivas. Alves poderia ter submetido uma proposta de anulação do monstrengo a votação em regime de urgência. Temeroso, porém, de se indispor com o Executivo e perder o apoio que Dilma Rousseff lhe prometeu na campanha eleitoral no Rio Grande do Norte, optou pela via do convencimento. Alves vai tentar persuadir o governo a voltar atrás em sua ruinosa iniciativa. É melhor para o Brasil que tenha êxito.
O decreto recebeu a condenação pública de dezenas de juristas. Até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sempre obediente aos desígnios do PT, se insurgiu contra a peça enviada ao Congresso. Com ela, o governo propõe que "todos os órgãos da administração pública direta ou indireta" tenham em suas instâncias decisivas conselhos formados por integrantes da "sociedade civil". Ou seja, os ministérios, as estatais, as agências reguladoras, as prefeituras, os órgãos policiais e até as Forças Armadas deverão ter conselhos formados por "cidadãos, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações". Aqui, mais uma vez, a falsa inocência disfarça a estratégia de entregar o comando da máquina do Estado ao que os ideólogos de esquerda chamam de "movimentos sociais", grupos atrelados principalmente ao PT, a cuja ideologia servem e a cujas ordens obedecem.
Se o decreto passar, sem terem recebido um único voto nas urnas, o MST ganhará o direito de exigir assento no Alto-Comando do Exército, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de questionar se a Itaipu pode continuar gerando energia ou se deve começar a se dedicar à produção de flechas; já as medievais Ligas Camponesas vão palpitar nas linhas de pesquisa da Embrapa. É dessa
Dilma Rousseff assinou um decreto bolchevique que contraria suas convicções e sua atuação democrática na Presidência da República
aberração que se trata. Novidade no Brasil, esse golpe mortal nas instituições é manobra consagrada nos nossos infelizes vizinhos caídos nas garras dos ditadores bolivarianos.
Basta um pouco de conhecimento histórico para perceber a raiz oblíqua do decreto. Ê uma tentativa canhestra de imitar a União Soviética, que, como o próprio nome informa, se organizou como um conjunto de conselhos, ou sovietes, em russo. A palavra de ordem propagada por Lenin, líder da facção bolchevique (que, aliás, significa Campo Majoritário, a denominação escolhida pelo grupo comandado por José Dirceu no PT), era "Todo o poder aos sovietes". Foi a senha para que os comunistas esmagassem as instituições e conquistassem o poder total — ou a hegemonia, palavra que, não por acaso, aparece em quase todos os documentos do PT.
Que os radicais façam das suas no PT, não é novidade. A perplexidade vem do fato de Dilma ter assinado um decreto que contraria frontalmente sua pregação e, sobretudo, sua atuação democrática como presidente. A única explicação plausível é que ela se viu obrigada a trair suas convicções e ceder à pressão daqueles que nada esqueceram e nada aprenderam.
Um grande perigo se esconde sob essas denominações inofensivas. Alves poderia ter submetido uma proposta de anulação do monstrengo a votação em regime de urgência. Temeroso, porém, de se indispor com o Executivo e perder o apoio que Dilma Rousseff lhe prometeu na campanha eleitoral no Rio Grande do Norte, optou pela via do convencimento. Alves vai tentar persuadir o governo a voltar atrás em sua ruinosa iniciativa. É melhor para o Brasil que tenha êxito.
O decreto recebeu a condenação pública de dezenas de juristas. Até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sempre obediente aos desígnios do PT, se insurgiu contra a peça enviada ao Congresso. Com ela, o governo propõe que "todos os órgãos da administração pública direta ou indireta" tenham em suas instâncias decisivas conselhos formados por integrantes da "sociedade civil". Ou seja, os ministérios, as estatais, as agências reguladoras, as prefeituras, os órgãos policiais e até as Forças Armadas deverão ter conselhos formados por "cidadãos, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações". Aqui, mais uma vez, a falsa inocência disfarça a estratégia de entregar o comando da máquina do Estado ao que os ideólogos de esquerda chamam de "movimentos sociais", grupos atrelados principalmente ao PT, a cuja ideologia servem e a cujas ordens obedecem.
Se o decreto passar, sem terem recebido um único voto nas urnas, o MST ganhará o direito de exigir assento no Alto-Comando do Exército, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de questionar se a Itaipu pode continuar gerando energia ou se deve começar a se dedicar à produção de flechas; já as medievais Ligas Camponesas vão palpitar nas linhas de pesquisa da Embrapa. É dessa
Dilma Rousseff assinou um decreto bolchevique que contraria suas convicções e sua atuação democrática na Presidência da República
aberração que se trata. Novidade no Brasil, esse golpe mortal nas instituições é manobra consagrada nos nossos infelizes vizinhos caídos nas garras dos ditadores bolivarianos.
Basta um pouco de conhecimento histórico para perceber a raiz oblíqua do decreto. Ê uma tentativa canhestra de imitar a União Soviética, que, como o próprio nome informa, se organizou como um conjunto de conselhos, ou sovietes, em russo. A palavra de ordem propagada por Lenin, líder da facção bolchevique (que, aliás, significa Campo Majoritário, a denominação escolhida pelo grupo comandado por José Dirceu no PT), era "Todo o poder aos sovietes". Foi a senha para que os comunistas esmagassem as instituições e conquistassem o poder total — ou a hegemonia, palavra que, não por acaso, aparece em quase todos os documentos do PT.
Que os radicais façam das suas no PT, não é novidade. A perplexidade vem do fato de Dilma ter assinado um decreto que contraria frontalmente sua pregação e, sobretudo, sua atuação democrática como presidente. A única explicação plausível é que ela se viu obrigada a trair suas convicções e ceder à pressão daqueles que nada esqueceram e nada aprenderam.
14 de junho de 2014
Carta ao Leitor, Revista Veja
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