Para blindar a presidente da Petrobras, o petista Marco Maia gastou horas em um interrogatório inócuo
O depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, à CPI mista que deveria investigar as denúncias envolvendo a estatal e a desastrosa gestão que demoliu o valor de mercado da empresa foi o exemplo acabado de como o PT e a base aliada estão dispostos a melar qualquer possibilidade de conhecer a verdade sobre os bastidores da Petrobras. Na quarta-feira, Graça falou por cerca de oito horas, mas sua presença diante da CPI pouco ou nada ajudou a esclarecer os meandros de negociações desastrosas, como as da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A base aliada já tinha garantido que a CPI seria chapa-branca ao deixar à oposição apenas oito cadeiras, em um comissão de 32 membros. Também estão do lado do governo tanto o presidente da CPI, o senador Vital do Rego (PMDB-PB), quanto o relator, deputado Marco Maia (PT-RS). E foi Maia o protagonista do ridículo que caracterizou o depoimento de Graça. Enquanto os demais membros da CPI têm apenas cinco minutos para fazer considerações e perguntas, o relator tem a prerrogativa de fazer quantas questões quiser, pelo tempo que achar necessário. E, na quarta-feira, Maia usou e abusou do privilégio: ele passou de duas a três horas soterrando a presidente da Petrobras com 139 perguntas, todas completamente inofensivas, com o objetivo único de blindar a gestora – e, por tabela, a presidente Dilma Rousseff – e vencer pelo cansaço.
É difícil saber de que modo questões como “quais são as principais diretrizes que orientam a estratégia na política de negócios da Petrobras?”, “a Petrobras está preparada para enfrentar os desafios no setor?”, ou perguntar a data de inauguração da última refinaria construída pela Petrobras, podem ajudar a esclarecer qualquer coisa a respeito dos escândalos que envolvem a estatal. Não foi à toa que parlamentares da oposição, como os paranaenses Alvaro Dias e Fernando Francischini, se manifestaram contra o teatrinho de Maia – Francischini chegou a levar uma “pizza sabor petróleo” à sessão da CPI.
Desperdiçar tempo precioso com um interrogatório de mentirinha parece loucura, mas, como na tragédia shakespeariana, trata-se de uma loucura com método. “Esse é o método de fazer inquirição. Até porque o depoente pode cair em contradição e fazer afirmações que possam ser questionadas”, argumentou Maia, embora o seu método, na verdade, fosse outro: o de representar uma farsa que reduzisse a zero a possibilidade de colocar Graça Foster em apuros. Um método inofensivo para a depoente, mas daninho para o país.
A intenção de transformar as CPIs da Petrobras – tanto a mista quanto a do Senado – em piada não podia ficar mais clara. Apesar de Graça Foster ter admitido a possibilidade de “erros” em relação à Refinaria Abreu e Lima, cujo preço foi às alturas e na qual o Brasil levou um grande calote de Hugo Chávez; e mesmo com outros depoentes dizendo que as cláusulas polêmicas que levaram ao prejuízo da Petrobras em Pasadena eram de conhecimento de toda a diretoria, parece improvável que o trabalho da comissão efetivamente resulte em uma responsabilização daqueles que trataram com leviandade o patrimônio do país.
O depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, à CPI mista que deveria investigar as denúncias envolvendo a estatal e a desastrosa gestão que demoliu o valor de mercado da empresa foi o exemplo acabado de como o PT e a base aliada estão dispostos a melar qualquer possibilidade de conhecer a verdade sobre os bastidores da Petrobras. Na quarta-feira, Graça falou por cerca de oito horas, mas sua presença diante da CPI pouco ou nada ajudou a esclarecer os meandros de negociações desastrosas, como as da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A base aliada já tinha garantido que a CPI seria chapa-branca ao deixar à oposição apenas oito cadeiras, em um comissão de 32 membros. Também estão do lado do governo tanto o presidente da CPI, o senador Vital do Rego (PMDB-PB), quanto o relator, deputado Marco Maia (PT-RS). E foi Maia o protagonista do ridículo que caracterizou o depoimento de Graça. Enquanto os demais membros da CPI têm apenas cinco minutos para fazer considerações e perguntas, o relator tem a prerrogativa de fazer quantas questões quiser, pelo tempo que achar necessário. E, na quarta-feira, Maia usou e abusou do privilégio: ele passou de duas a três horas soterrando a presidente da Petrobras com 139 perguntas, todas completamente inofensivas, com o objetivo único de blindar a gestora – e, por tabela, a presidente Dilma Rousseff – e vencer pelo cansaço.
É difícil saber de que modo questões como “quais são as principais diretrizes que orientam a estratégia na política de negócios da Petrobras?”, “a Petrobras está preparada para enfrentar os desafios no setor?”, ou perguntar a data de inauguração da última refinaria construída pela Petrobras, podem ajudar a esclarecer qualquer coisa a respeito dos escândalos que envolvem a estatal. Não foi à toa que parlamentares da oposição, como os paranaenses Alvaro Dias e Fernando Francischini, se manifestaram contra o teatrinho de Maia – Francischini chegou a levar uma “pizza sabor petróleo” à sessão da CPI.
Desperdiçar tempo precioso com um interrogatório de mentirinha parece loucura, mas, como na tragédia shakespeariana, trata-se de uma loucura com método. “Esse é o método de fazer inquirição. Até porque o depoente pode cair em contradição e fazer afirmações que possam ser questionadas”, argumentou Maia, embora o seu método, na verdade, fosse outro: o de representar uma farsa que reduzisse a zero a possibilidade de colocar Graça Foster em apuros. Um método inofensivo para a depoente, mas daninho para o país.
A intenção de transformar as CPIs da Petrobras – tanto a mista quanto a do Senado – em piada não podia ficar mais clara. Apesar de Graça Foster ter admitido a possibilidade de “erros” em relação à Refinaria Abreu e Lima, cujo preço foi às alturas e na qual o Brasil levou um grande calote de Hugo Chávez; e mesmo com outros depoentes dizendo que as cláusulas polêmicas que levaram ao prejuízo da Petrobras em Pasadena eram de conhecimento de toda a diretoria, parece improvável que o trabalho da comissão efetivamente resulte em uma responsabilização daqueles que trataram com leviandade o patrimônio do país.
14 de junho de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR
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