Depois de 40% dos convencionais do PMDB explicitarem sua discordância com a renovação da coalizão com o PT para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, significando que parte robusta da mão de obra do partido não fará campanha para ela, agora é a vez de o PSD se rebelar contra a aliança.
O desconforto vem crescendo na mesma proporção da queda dos índices de intenção de votos e do aumento do grau de rejeição da presidente nas pesquisas.
Os dados apurados pelo Datafolha sobre São Paulo foram considerados definitivos: no maior colégio eleitoral do País, ela aparece praticamente empatada com o tucano Aécio Neves no primeiro turno e no segundo perderia tanto para ele quanto para Eduardo Campos por larga margem.
Em uma conversa marcada para ontem com o ex-prefeito Gilberto Kassab, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, seria o porta-voz da cobrança por uma definição imediata e radical. Quer dizer o seguinte: não apenas por uma aliança com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumindo o lugar de vice na chapa pela reeleição, mas um rompimento no plano nacional.
Uma volta atrás na palavra empenhada de que o partido estaria com a presidente em quaisquer circunstâncias. Em São Paulo a união com o PSDB seria uma mera "soma de conveniências", com suspensão temporária da antipatia mútua entre Alckmin e Kassab.
Em relação à eleição para a Presidência, o argumento para a ruptura é o seguinte: o compromisso do PSD nunca foi com o PT e sim com Dilma Rousseff; na medida em que sua candidatura "derrete" (sim, essa é a expressão usada), o partido não pode nem deve se sentir obrigado a derreter junto.
O ambiente interno no PSD é de rebelião contra a aliança, sentimento que pode vir a se expressar na convenção do partido marcada para o fim do mês.
O cenário ideal na avaliação dos pessedistas seria Kassab aceitar romper com Dilma e negociar uma aliança formal com o PSDB e a indicação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para vice na chapa de Aécio Neves.
Pelo sim, pelo não, fato é que o tucano havia decidido anunciar seu vice antes da convenção do partido marcada para o próximo sábado. Mas agora faz suspense e deixa no ar a possibilidade de deixar o anúncio para depois, a fim de avaliar se insiste na chapa puro-sangue ou se consegue atrair algum aliado que acrescente capital eleitoral.
Fonte segura. Defensor do financiamento público de campanha, o PT já arrecada boa parte desse tipo de recurso por meio do dízimo que os filiados empregados na máquina pública são obrigados a pagar ao partido.
Ao fim e ao cabo, significa transferência do dinheiro do contribuinte - petista ou não - para os cofres da agremiação. No início do primeiro governo Lula, a oposição levantou essa questão, mas estavam todos tão encantados com o "governo operário", ao qual tudo era permitido, que ninguém deu atenção.
Faca no peito. A ex-senadora Marina Silva tem todo o direito de não gostar da decisão do PSB de São Paulo de apoiar o governador Geraldo Alckmin.
Só não dispõe da prerrogativa de tentar impor sua vontade à resolução de seção regional de um partido ao qual escolheu se filiar quando sua própria legenda não obteve registro na Justiça Eleitoral.
Marina ameaça não participar da campanha de Eduardo Campos em São Paulo se a convenção do PSB não mudar a resolução do diretório para seguir a orientação dela.
Se a ideia da ex-senadora era comandar, deveria ter-se filiado a um partido que lhe desse a legenda para concorrer à Presidência, e não se oferecer ao PSB, aceitando a condição de coadjuvante de luxo. Pela ordem natural das coisas, protagonista será, assim que a Rede Sustentabilidade obtiver o registro.
Aí terá legitimidade para mandar e desmandar.
O desconforto vem crescendo na mesma proporção da queda dos índices de intenção de votos e do aumento do grau de rejeição da presidente nas pesquisas.
Os dados apurados pelo Datafolha sobre São Paulo foram considerados definitivos: no maior colégio eleitoral do País, ela aparece praticamente empatada com o tucano Aécio Neves no primeiro turno e no segundo perderia tanto para ele quanto para Eduardo Campos por larga margem.
Em uma conversa marcada para ontem com o ex-prefeito Gilberto Kassab, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, seria o porta-voz da cobrança por uma definição imediata e radical. Quer dizer o seguinte: não apenas por uma aliança com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumindo o lugar de vice na chapa pela reeleição, mas um rompimento no plano nacional.
Uma volta atrás na palavra empenhada de que o partido estaria com a presidente em quaisquer circunstâncias. Em São Paulo a união com o PSDB seria uma mera "soma de conveniências", com suspensão temporária da antipatia mútua entre Alckmin e Kassab.
Em relação à eleição para a Presidência, o argumento para a ruptura é o seguinte: o compromisso do PSD nunca foi com o PT e sim com Dilma Rousseff; na medida em que sua candidatura "derrete" (sim, essa é a expressão usada), o partido não pode nem deve se sentir obrigado a derreter junto.
O ambiente interno no PSD é de rebelião contra a aliança, sentimento que pode vir a se expressar na convenção do partido marcada para o fim do mês.
O cenário ideal na avaliação dos pessedistas seria Kassab aceitar romper com Dilma e negociar uma aliança formal com o PSDB e a indicação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para vice na chapa de Aécio Neves.
Pelo sim, pelo não, fato é que o tucano havia decidido anunciar seu vice antes da convenção do partido marcada para o próximo sábado. Mas agora faz suspense e deixa no ar a possibilidade de deixar o anúncio para depois, a fim de avaliar se insiste na chapa puro-sangue ou se consegue atrair algum aliado que acrescente capital eleitoral.
Fonte segura. Defensor do financiamento público de campanha, o PT já arrecada boa parte desse tipo de recurso por meio do dízimo que os filiados empregados na máquina pública são obrigados a pagar ao partido.
Ao fim e ao cabo, significa transferência do dinheiro do contribuinte - petista ou não - para os cofres da agremiação. No início do primeiro governo Lula, a oposição levantou essa questão, mas estavam todos tão encantados com o "governo operário", ao qual tudo era permitido, que ninguém deu atenção.
Faca no peito. A ex-senadora Marina Silva tem todo o direito de não gostar da decisão do PSB de São Paulo de apoiar o governador Geraldo Alckmin.
Só não dispõe da prerrogativa de tentar impor sua vontade à resolução de seção regional de um partido ao qual escolheu se filiar quando sua própria legenda não obteve registro na Justiça Eleitoral.
Marina ameaça não participar da campanha de Eduardo Campos em São Paulo se a convenção do PSB não mudar a resolução do diretório para seguir a orientação dela.
Se a ideia da ex-senadora era comandar, deveria ter-se filiado a um partido que lhe desse a legenda para concorrer à Presidência, e não se oferecer ao PSB, aceitando a condição de coadjuvante de luxo. Pela ordem natural das coisas, protagonista será, assim que a Rede Sustentabilidade obtiver o registro.
Aí terá legitimidade para mandar e desmandar.
14 de junho de 2014
Dora Kramer, O Estadão
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