Analisando-se lógica e friamente a pesquisa do Datafolha sobre as urnas de outubro, objeto de excelente reportagem de Fernando Rodrigues, Folha de São Paulo de 9 de maio, verifica-se que a efetiva luta eleitoral é travada pela conquista do segundo lugar, já que os números passaram a conduzir à perspectiva de que haverá segundo turno.
O Datafolha iluminou e definiu o panorama político.
Em matéria de pesquisa, aliás como na própria vida, não basta ver os fatos, mas principalmente ver nos fatos.
Comparando-se os índices desta semana com os de abril, observa-se que Dilma desceu de 38 para 37, mantendo entretanto uma ampla diferença sobre os dois principais rivais.
Aécio Neves avançou de 16 para 20 pontos, salto expressivo, tendência para cima. Eduardo Campos evoluiu pouco: passou de 10 para 11% das intenções de voto. É grande a distância de Aécio sobre Campos. Razão pela qual, provavelmente, a vice na chapa do ex-governador de Pernambuco, que soube dos números antes deles serem publicados, partiu para o ataque contra o senador mineiro.
POR REGIÕES
Quando sustento que a luta é pela segunda colocação no primeiro turno é porque não só o Datafolha, mas também os levantamentos do IBOPE e do MDA apontam uma posição consolidada de Dilma Rousseff no primeiro lugar. Não há discussão quanto a isso.
A dúvida predominante divide-se em duas escalas: primeiro se haverá segundo turno. As perspectivas estão indicando que sim, se o pastor Everaldo, do PSC, alcançar 3 pontos e todos os demais candidatos somarem mais 4 degraus. Aspecto importante a ser confirmado ou não daqui a cinco meses.
Mas não somente isso. No Sudeste, onde se encontra a parcela de 50% dos votantes (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), o Datafolha assinala 30 pontos para Dilma contra 27 para Aécio. Na região, Eduardo Campos registra apenas 7 pontos.
No Nordeste, Dilma dispara com 52, superando Campos (que tem 16) e Neves (apenas 12%).
Portanto, à luz dos índices, a lógica indica que o segundo lugar vai ser decidido no Sudeste. E nesta região, a vantagem de Aécio sobre Eduardo Campos é de 20 degraus.
Toda análise que faço, vale sempre lembrar, é feita sobre os números de hoje. Como no futebol, ninguém pode prever o futuro. Mesmo quando ele está próximo. Porque se por um gol se vence, claro, por um gol se perde.
Há meses, início do ano, ninguém computava, por exemplo, 3% para o pastor Everaldo. Hoje se considera. E não é só Everaldo. Há Eduardo Jorge, Denise Abreu, Randolfo Rodrigues, Eymael, Levy Fidélis, Mauro Issi.
Todos estes podem ter menos de 1 ponto dos sufrágios. Mas nenhum terá zero votos. A presença deles na lista de candidatos é pequena, como se constata. Mas pode produzir o efeito mais importante: conduzir a disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves – a meu ver – para o segundo turno.
A vida é assim. Eleição tem dessas surpresas.
O Datafolha faz duas possíveis simulações: hoje Dilma venceria Aécio por 47 a 36. E derrotaria Eduardo Campos por 49 a 32%. Fica claro, dessa forma, que Campos chegando em terceiro transfere mais votos para Aécio do que Aécio, no caso oposto, passaria para o ex-governador de Pernambuco.
Seja qual for o quadro final, a posição de Dilma parece firme na conquista da reeleição. A disputa, entretanto, vai exigir que ela saia da defensiva em que se encontra.
Saia da Petrobrás e vá para a estrada. Deixe o planalto e ressurja na planície. Quanto aos índices de rejeição – faltava focalizar, quase esqueço – aproximam-se: 35 para Dilma, 33 para Eduardo Campos, 31 para Aécio Neves.
O segundo lugar, repito traçará o rumo na alvorada das urnas para a Alvorada do poder.
11 de maio de 2014
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