Marina afirmou que sente o cheiro de derrota na campanha do PSDB. Qual seria o objetivo dela com isso é uma grande dúvida. Neste momento, o ex-governador Eduardo Campos, que é do mesmo partido de Marina, e o senador Aécio Neves, pré-candidato a presidente pelo PSDB, se esforçam para tentar garantir a realização de um segundo turno.
Eles fizeram uma espécie de acordo de não agressão e, sempre que podem, acabam deixando escapar um elogio. É claro que ambos não se cansam de fazer sérias críticas à presidente Dilma Rousseff.
Enquanto isso, Marina, do alto da sua sabedoria política, critica a campanha de Aécio e coloca seu parceiro em uma saia-justa.
Eduardo Campos se viu na obrigação de afirmar que ela tem razão. Afinal, ele não poderia deixar de respaldar sua provável companheira de chapa para defender o rival e amigo Aécio Neves. Moto-contínuo, Aécio se viu na posição de dar uma resposta a Marina.
Mas o tucano foi bem mais elegante do que Marina, ao afirmar que é o eleitor quem decidirá sobre a derrota ou o sucesso de sua campanha. Ele afirmou ainda que não é bom dividir a oposição e que essa é uma estratégia petista.
ATIRANDO PARA TODO LADO
Por que será que Marina anda atirando para todos os lados? Uma coisa é certa: a Rede de Marina, que está abrigada dentro do PSB de Campos, não está conseguindo emplacar seus pré-candidatos.
O PSB, como todo partido que pretende crescer, busca aliados nos diversos Estados e, por isso, abre mão de algumas candidaturas próprias.
Esse deve ser o caso de Minas Gerais, onde a Rede pretende lançar Apolo Heringer e o PSB quer apoiar o candidato tucano, o ex-ministro e ex-prefeito Pimenta da Veiga. Esse dilema se repete em alguns Estados, como no Pará, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Pode ser que Marina esteja dando uma resposta mais interna do que externa. Pode ser que ela esteja respondendo a Eduardo Campos e sua tentativa de aproximação dos tucanos e, para tal, atingindo Aécio Neves. Mas, seja lá como for, não foi bom.
Quem não conseguiu sentir o cheiro de sua própria derrota, ao tentar transformar a Rede em um partido formal, não está credenciada a sentir outros cheiros. Quem muda de coloração partidária para tentar garantir a condição de candidato a presidente não pode ser encarado como uma reserva ética. Quem se abriga em casa alheia também não tem o direito de fazer muitas exigências.
(transcrito de O Tempo)
11 de maio de 2014
Carla Kreefft
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