"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

ESTUPIDEZ CRIMINOSA

Atentados a ônibus, como os de Osasco, estão cada vez mais associados ao crime organizado, contra o qual a sociedade espera ações efetivas.

Num país no qual a criminalidade parece cada dia mais indissociável do cotidiano e que figura com destaque crescente nos rankings internacionais de violência, é preocupante a banalização de atos como a destruição de ônibus, por meio de depredações ou incêndios criminosos.

No caso mais recente, e um dos mais assustadores entre os já registrados até agora, mais de três dezenas de ônibus foram incendiados por criminosos que invadiram a garagem de uma empresa de transporte coletivo na cidade paulista de Osasco.
O poder público precisa dar um basta a essas ações covardes, que causam transtornos à população e aos usuários do transporte coletivo. Além disso, prejudicam a própria imagem do país, já que as cenas deploráveis ganham espaço na mídia internacional, às vésperas da realização de um evento importante como a Copa do Mundo.

Os números são assustadores: só neste ano, nada menos de 364 ônibus foram atacados na capital paulista e em municípios da Grande São Paulo, sendo 115 deles incendiados. Em outras cidades do país, incluindo algumas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, também há registros frequentes de veículos coletivos queimados por traficantes, quadrilhas e até mesmo grevistas e participantes de manifestações de rua.

No início do ano, ataques desse tipo já haviam resultado na morte de uma menina de seis anos no Maranhão. E, seja qual for o caso, o resultado concreto é que o usuário acaba arcando duplamente com o ônus.
Primeiro, porque passa a contar com menos opções ainda para se locomover, como ocorreu ontem na cidade paulista. Depois, porque é chamado a responder também pelo custo financeiro.

A esses episódios, se somam outros igualmente assustadores, como os ataques coordenados a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), intensificados nos últimos meses, no Rio de Janeiro. Mais recentemente, a greve dos policiais militares em Salvador, na Bahia, chamou a atenção para o quanto a violência pode transbordar para diferentes áreas quando os criminosos se sentem livres para agir.

A contenção da criminalidade não deveria depender apenas de policiamento ostensivo, mas sobretudo de observância a princípios morais e legais. A simples ausência da polícia nas ruas, porém, foi suficiente para aumentar em 10 vezes o número de mortes diárias na capital baiana, o que é aterrador.

Nos casos específicos envolvendo transporte coletivo, os danos provocados, algumas vezes têm ligação com a insatisfação em relação à má qualidade dos serviços, que deu origem a protestos em série nas ruas há quase um ano. Atentados a ônibus, como os de Osasco, porém, estão cada vez mais associados ao crime organizado, contra o qual a sociedade espera ações efetivas.

 
25 de abril de 2014
Editorial Zero Hora

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