A Mercedes-Benz paralisou ontem a montagem de caminhões em Juiz de Fora (MG). Os trabalhadores entraram em férias coletivas até 11 de maio para que a empresa consiga adequar a produção ao ritmo mais lento do mercado brasileiro este ano e, principalmente, à queda nos negócios com a Argentina, sem sinal de recuperação.
Esse não é um fato isolado. Pelo contrário, a crise cambial do país vizinho, agravada por repetidos desacertos na condução da política econômica do governo Cristina Kirchner, acabou afetando a indústria brasileira. Principal destino das exportações de produtos industrializados do Brasil, a Argentina já vinha se configurando um perigo para nossas contas externas.
Especialistas advertiram inúmeras vezes para a necessidade de Brasília redirecionar o foco da diplomacia comercial para acordos com economias mais promissoras. Não se tratava de abandonar o maior parceiro comercial do Mercosul, mas de perceber que a exclusão - por calote da dívida externa - da Argentina do mercado financeiro imporia sérias limitações ao vizinho. Era preciso aumentar a diversificação de nossos destinos comerciais de produtos fora da pauta de commodities.
Quase nada foi feito e, agora que o Brasil precisa retomar a produção industrial e, ao mesmo tempo, melhorar as contas externas, o comércio bilateral com os argentinos caiu 17% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2013. E o setor mais duramente atingido foi o automotivo, com queda de 32%.
O resultado não se deve apenas aos maus-tratos que a Argentina tem dispensado aos exportadores brasileiros (barreiras à importação de nossos produtos e até recomendação para que os importadores atrasem os pagamentos em dólares). Insistindo em destravar os negócios com parceiro tão malvisto pelo resto do mundo, o governo Dilma despachou para Buenos Aires o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges. Ele não terá vida fácil.
Os argentinos aproveitam-se desses momentos para arrancar do Brasil vantagens excepcionais sem qualquer compensação. Querem, agora, que o país financie suas importações a juros subsidiados. A recuperação do comércio com o vizinho certamente nos interessa. Mas é preciso cautela para que não tenham mais do que é dado aos empreendedores nacionais, que, aqui, pagam elevada carga tributária.
25 de abril de 2014
Editorial Correio Braziliense
Esse não é um fato isolado. Pelo contrário, a crise cambial do país vizinho, agravada por repetidos desacertos na condução da política econômica do governo Cristina Kirchner, acabou afetando a indústria brasileira. Principal destino das exportações de produtos industrializados do Brasil, a Argentina já vinha se configurando um perigo para nossas contas externas.
Especialistas advertiram inúmeras vezes para a necessidade de Brasília redirecionar o foco da diplomacia comercial para acordos com economias mais promissoras. Não se tratava de abandonar o maior parceiro comercial do Mercosul, mas de perceber que a exclusão - por calote da dívida externa - da Argentina do mercado financeiro imporia sérias limitações ao vizinho. Era preciso aumentar a diversificação de nossos destinos comerciais de produtos fora da pauta de commodities.
Quase nada foi feito e, agora que o Brasil precisa retomar a produção industrial e, ao mesmo tempo, melhorar as contas externas, o comércio bilateral com os argentinos caiu 17% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2013. E o setor mais duramente atingido foi o automotivo, com queda de 32%.
O resultado não se deve apenas aos maus-tratos que a Argentina tem dispensado aos exportadores brasileiros (barreiras à importação de nossos produtos e até recomendação para que os importadores atrasem os pagamentos em dólares). Insistindo em destravar os negócios com parceiro tão malvisto pelo resto do mundo, o governo Dilma despachou para Buenos Aires o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges. Ele não terá vida fácil.
Os argentinos aproveitam-se desses momentos para arrancar do Brasil vantagens excepcionais sem qualquer compensação. Querem, agora, que o país financie suas importações a juros subsidiados. A recuperação do comércio com o vizinho certamente nos interessa. Mas é preciso cautela para que não tenham mais do que é dado aos empreendedores nacionais, que, aqui, pagam elevada carga tributária.
25 de abril de 2014
Editorial Correio Braziliense
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