"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A DÍVIDA DA IMORALIDADE

 


 

 
Procurando encontrar uma explicação para as incríveis vitórias de Napoleão, que fizeram dele um dos maiores “condottieri” da história, como foram Alexandre, Aníbal e Júlio César, o estudioso Carl von Clausewitz explica que “a força moral, mais que números, é o que decide a vitória e o sucesso. A moral está para o físico como três para um”.
 
A moral multiplica, exalta. Não é só inteligência que pesa, essa pode ser usada de várias e contraditórias formas; a moral envolve e abarca. Ainda possui um magnetismo próprio, mantém vivos valores que transcendem, unem e potencializam.

Sacraliza bens materiais como o território, as águas, o conjunto da natureza que dá sustento aos seres humanos, a coisa pública à disposição da comunidade.

Os conceitos de “pátria” e de “nação” serviram para forjar os movimentos mais duradouros e inoxidáveis da história, mantiveram de pé impérios milenares. A moral cultivada pelo exemplo dos líderes transformou coelhos em leões.

Assim, Napoleão, Alexandre, Aníbal e Júlio César fizeram verdadeiros milagres, cada um em sua época, por terem em comum o ideal, perceptível e motivador, que levou ao auge da sacralidade o termo “pátria”.

SEM LÍDERES

Mas, hoje, que líderes temos? Existe um vislumbre de figura carismática e “moral”, dessas que podem fazer sonhar e se orgulhar uma nação inteira?

Nos últimos anos, têm alcançado o poder não só no Brasil, com insolente frequência, figuras que de moral são exemplos inversos e que competência para governar têm ainda menos.

O avanço do Brasil medido com a régua internacional, nos últimos 14 anos, é muito abaixo da média, assim como ilusórias e demagógicas as comemorações. Se países congêneres subiram três degraus durante uma onda mundial, o Brasil subiu um. Ainda perdeu os ventos que sopravam a favor.

O tamanho da população e do território, diga-se a potencialidade do país que continua a ser lembrado como gigante adormecido em berço esplêndido, autorizaria a crer num avanço igual ou maior que o da China, da Índia e de Tigres de diferentes continentes.

ANESTESIA

O gigante continua anestesiado, quase que etilizado pela dose de incompetência e despreparo de suas principais lideranças. E voltando a Von Clausewitz, que identificou na “moral” de Napoleão o multiplicador do potencial de seu povo por três, podemos verificar que aqui a imoralidade vigente dividiu esse potencial até por mais que três vezes, desperdiçou o momento favorável, ainda deixa um legado catastrófico de burocracia, de corrupção, de desmoronamento ético que tomou conta do país como uma pandemia.

Na Idade Média, era a peste que dizimava; agora é a corrupção que tira oportunidade de combater as pragas sociais e fomenta a escalada da violência, dos assaltos, da infelicidade.

Ainda as próximas gerações terão que lidar com a reeducação ética e moral da população. Uma geração inteira exposta à radiação dos maus exemplos que vieram de cima com intensidade e despudor insano dos líderes da nação; os coelhos que Napoleão transformou em leões agora passaram a ser roedores que, encantados pelo tocador de flauta, se encaminham para se afogar num mar de lama.

Lamentável, desesperador para quem não tem mais horizonte e enxerga nele as provações que se abaterão sobre aparentes inocentes que não aprenderam a votar. 

(transcrito de O Tempo)

15 de abril de 2014
Vittorio Medioli

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