Procurando encontrar uma explicação para as incríveis vitórias de Napoleão, que fizeram dele um dos maiores “condottieri” da história, como foram Alexandre, Aníbal e Júlio César, o estudioso Carl von Clausewitz explica que “a força moral, mais que números, é o que decide a vitória e o sucesso. A moral está para o físico como três para um”.
A moral multiplica, exalta. Não é só inteligência que pesa, essa pode ser usada de várias e contraditórias formas; a moral envolve e abarca. Ainda possui um magnetismo próprio, mantém vivos valores que transcendem, unem e potencializam.
Sacraliza bens materiais como o território, as águas, o conjunto da natureza que dá sustento aos seres humanos, a coisa pública à disposição da comunidade.
Os conceitos de “pátria” e de “nação” serviram para forjar os movimentos mais duradouros e inoxidáveis da história, mantiveram de pé impérios milenares. A moral cultivada pelo exemplo dos líderes transformou coelhos em leões.
Assim, Napoleão, Alexandre, Aníbal e Júlio César fizeram verdadeiros milagres, cada um em sua época, por terem em comum o ideal, perceptível e motivador, que levou ao auge da sacralidade o termo “pátria”.
SEM LÍDERES
Mas, hoje, que líderes temos? Existe um vislumbre de figura carismática e “moral”, dessas que podem fazer sonhar e se orgulhar uma nação inteira?
Nos últimos anos, têm alcançado o poder não só no Brasil, com insolente frequência, figuras que de moral são exemplos inversos e que competência para governar têm ainda menos.
O avanço do Brasil medido com a régua internacional, nos últimos 14 anos, é muito abaixo da média, assim como ilusórias e demagógicas as comemorações. Se países congêneres subiram três degraus durante uma onda mundial, o Brasil subiu um. Ainda perdeu os ventos que sopravam a favor.
O tamanho da população e do território, diga-se a potencialidade do país que continua a ser lembrado como gigante adormecido em berço esplêndido, autorizaria a crer num avanço igual ou maior que o da China, da Índia e de Tigres de diferentes continentes.
ANESTESIA
O gigante continua anestesiado, quase que etilizado pela dose de incompetência e despreparo de suas principais lideranças. E voltando a Von Clausewitz, que identificou na “moral” de Napoleão o multiplicador do potencial de seu povo por três, podemos verificar que aqui a imoralidade vigente dividiu esse potencial até por mais que três vezes, desperdiçou o momento favorável, ainda deixa um legado catastrófico de burocracia, de corrupção, de desmoronamento ético que tomou conta do país como uma pandemia.
Na Idade Média, era a peste que dizimava; agora é a corrupção que tira oportunidade de combater as pragas sociais e fomenta a escalada da violência, dos assaltos, da infelicidade.
Ainda as próximas gerações terão que lidar com a reeducação ética e moral da população. Uma geração inteira exposta à radiação dos maus exemplos que vieram de cima com intensidade e despudor insano dos líderes da nação; os coelhos que Napoleão transformou em leões agora passaram a ser roedores que, encantados pelo tocador de flauta, se encaminham para se afogar num mar de lama.
Lamentável, desesperador para quem não tem mais horizonte e enxerga nele as provações que se abaterão sobre aparentes inocentes que não aprenderam a votar.
(transcrito de O Tempo)
15 de abril de 2014
Vittorio Medioli
Sacraliza bens materiais como o território, as águas, o conjunto da natureza que dá sustento aos seres humanos, a coisa pública à disposição da comunidade.
Os conceitos de “pátria” e de “nação” serviram para forjar os movimentos mais duradouros e inoxidáveis da história, mantiveram de pé impérios milenares. A moral cultivada pelo exemplo dos líderes transformou coelhos em leões.
Assim, Napoleão, Alexandre, Aníbal e Júlio César fizeram verdadeiros milagres, cada um em sua época, por terem em comum o ideal, perceptível e motivador, que levou ao auge da sacralidade o termo “pátria”.
SEM LÍDERES
Mas, hoje, que líderes temos? Existe um vislumbre de figura carismática e “moral”, dessas que podem fazer sonhar e se orgulhar uma nação inteira?
Nos últimos anos, têm alcançado o poder não só no Brasil, com insolente frequência, figuras que de moral são exemplos inversos e que competência para governar têm ainda menos.
O avanço do Brasil medido com a régua internacional, nos últimos 14 anos, é muito abaixo da média, assim como ilusórias e demagógicas as comemorações. Se países congêneres subiram três degraus durante uma onda mundial, o Brasil subiu um. Ainda perdeu os ventos que sopravam a favor.
O tamanho da população e do território, diga-se a potencialidade do país que continua a ser lembrado como gigante adormecido em berço esplêndido, autorizaria a crer num avanço igual ou maior que o da China, da Índia e de Tigres de diferentes continentes.
ANESTESIA
O gigante continua anestesiado, quase que etilizado pela dose de incompetência e despreparo de suas principais lideranças. E voltando a Von Clausewitz, que identificou na “moral” de Napoleão o multiplicador do potencial de seu povo por três, podemos verificar que aqui a imoralidade vigente dividiu esse potencial até por mais que três vezes, desperdiçou o momento favorável, ainda deixa um legado catastrófico de burocracia, de corrupção, de desmoronamento ético que tomou conta do país como uma pandemia.
Na Idade Média, era a peste que dizimava; agora é a corrupção que tira oportunidade de combater as pragas sociais e fomenta a escalada da violência, dos assaltos, da infelicidade.
Ainda as próximas gerações terão que lidar com a reeducação ética e moral da população. Uma geração inteira exposta à radiação dos maus exemplos que vieram de cima com intensidade e despudor insano dos líderes da nação; os coelhos que Napoleão transformou em leões agora passaram a ser roedores que, encantados pelo tocador de flauta, se encaminham para se afogar num mar de lama.
Lamentável, desesperador para quem não tem mais horizonte e enxerga nele as provações que se abaterão sobre aparentes inocentes que não aprenderam a votar.
(transcrito de O Tempo)
15 de abril de 2014
Vittorio Medioli
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