A agitação atual serve apenas para mostrar que a sociedade vive. Mas, pode-se acrescentar, não muito
A desordem da ordem pública provoca uma situação curiosa. Nada, nos muitos acontecimentos simultâneos, tem gravidade que indique descontrole das inconvivências de sempre, mas a projeção dos incidentes dissemina a impressão inquietante de que o país avança com rapidez para um estado caótico e de insegurança generalizada.
Os 58 incendiados ou depredados até ontem, só neste janeiro da Grande São Paulo, são um número expressivo, de fato. Mas nada sugere algum desdobramento, do qual essa violência suburbana seja parte planejada e preparatória. Nem, tampouco, sugere que não esteja inscrito na regra brasileira das ondas: os incidentes podem até surpreender no surgimento, mas também surpreenderão no murchar repentino, quando ascendiam com aparência indomável. Ocupações de terras, as diversas modalidades de arrastões entre os praieiros e os rodoviários, sucessão de greves tentadas ou efetivadas, as ondas vêm e vão por aí afora. Mesmo o "black bloc" do ano passado.
Em menor número, que no Rio não nos atreveríamos a comparar-nos com a pujança de São Paulo, os ataques a ônibus fizeram a sua fase de perturbação carioca, e de repente reduziram-se a esporádicas reações à ação policial, quase sempre só por obediência aos bandidos. No momento, por sinal, eles estão criando uma onda, esta contra as unidades de PM instaladas em várias favelas: voltam a infiltrar-se e criam conflitos para restabelecer-se. Sem êxito, ainda bem.
No Rio Grande do Sul, em Minas, Goiás, Santa Catarina, em vários Estados, maiores e menores desordens urbanas sucedem-se com a mesma cara: ataques a ônibus, interrupção de estradas e baderna urbana. E até os rolezinhos promovidos a grande ameaça por duas semanas de previsões na imprensa. Mas, além de tudo isso muito localizado, sempre, o seu grau verdadeiro de reflexos institucionais ou apenas políticos tem sido, por toda parte, nenhum. Nem sequer efeitos administrativos, dependentes só de alguns jamegões, têm sido necessários: bastaram-se nas passagens de ônibus de São Paulo e Rio, como obra do susto de sete meses atrás.
Por ora, a agitação serve apenas, como Caetano Veloso disse à Folha, para mostrar que a sociedade vive. Mas, pode-se acrescentar, não muito.
JÁ CONHECIDO
O pretendido candidato de Eduardo Campos e Marina Silva ao governo do Tocantins, como Ranier Bragon informou na Folha, não é um neófito na política. Como procurador da República, Mário Lúcio Avelar teve papel ativo na denúncia política e policial do que ficou chamado de "escândalo dos aloprados". É um caso até hoje embrulhado em muitas obscuridades e muitos transformismos, nascido em Mato Grosso, mas com incidência nas eleições de 2006 ao governo paulista, quando fez de José Serra a alegada vítima de um complô petista. Mário Lúcio Avelar servia na regional da Procuradoria da República em Mato Grosso.
Marina Silva só pôde sugeri-lo para candidato do PSB porque o PSDB, com muito mais razão para fazê-lo, não o fez.
A desordem da ordem pública provoca uma situação curiosa. Nada, nos muitos acontecimentos simultâneos, tem gravidade que indique descontrole das inconvivências de sempre, mas a projeção dos incidentes dissemina a impressão inquietante de que o país avança com rapidez para um estado caótico e de insegurança generalizada.
Os 58 incendiados ou depredados até ontem, só neste janeiro da Grande São Paulo, são um número expressivo, de fato. Mas nada sugere algum desdobramento, do qual essa violência suburbana seja parte planejada e preparatória. Nem, tampouco, sugere que não esteja inscrito na regra brasileira das ondas: os incidentes podem até surpreender no surgimento, mas também surpreenderão no murchar repentino, quando ascendiam com aparência indomável. Ocupações de terras, as diversas modalidades de arrastões entre os praieiros e os rodoviários, sucessão de greves tentadas ou efetivadas, as ondas vêm e vão por aí afora. Mesmo o "black bloc" do ano passado.
Em menor número, que no Rio não nos atreveríamos a comparar-nos com a pujança de São Paulo, os ataques a ônibus fizeram a sua fase de perturbação carioca, e de repente reduziram-se a esporádicas reações à ação policial, quase sempre só por obediência aos bandidos. No momento, por sinal, eles estão criando uma onda, esta contra as unidades de PM instaladas em várias favelas: voltam a infiltrar-se e criam conflitos para restabelecer-se. Sem êxito, ainda bem.
No Rio Grande do Sul, em Minas, Goiás, Santa Catarina, em vários Estados, maiores e menores desordens urbanas sucedem-se com a mesma cara: ataques a ônibus, interrupção de estradas e baderna urbana. E até os rolezinhos promovidos a grande ameaça por duas semanas de previsões na imprensa. Mas, além de tudo isso muito localizado, sempre, o seu grau verdadeiro de reflexos institucionais ou apenas políticos tem sido, por toda parte, nenhum. Nem sequer efeitos administrativos, dependentes só de alguns jamegões, têm sido necessários: bastaram-se nas passagens de ônibus de São Paulo e Rio, como obra do susto de sete meses atrás.
Por ora, a agitação serve apenas, como Caetano Veloso disse à Folha, para mostrar que a sociedade vive. Mas, pode-se acrescentar, não muito.
JÁ CONHECIDO
O pretendido candidato de Eduardo Campos e Marina Silva ao governo do Tocantins, como Ranier Bragon informou na Folha, não é um neófito na política. Como procurador da República, Mário Lúcio Avelar teve papel ativo na denúncia política e policial do que ficou chamado de "escândalo dos aloprados". É um caso até hoje embrulhado em muitas obscuridades e muitos transformismos, nascido em Mato Grosso, mas com incidência nas eleições de 2006 ao governo paulista, quando fez de José Serra a alegada vítima de um complô petista. Mário Lúcio Avelar servia na regional da Procuradoria da República em Mato Grosso.
Marina Silva só pôde sugeri-lo para candidato do PSB porque o PSDB, com muito mais razão para fazê-lo, não o fez.
30 de janeiro de 2014
Jânio de Freitas, Folha de SP
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