Até hoje ainda não decidi o que é pior, se mexer em vespeiros ou em dogmas, sejam eles religiosos ou científicos. Já perdi um excelente amigo de longa data por afirmar que a teoria da relatividade Einstein é na verdade um plágio de Poincaré. Não que eu entenda de teoria da relatividade. Mas português eu entendo.
A glória de Poincaré foi salva por seu amigo holandês Hendrik Antoon Lorentz, prêmio Nobel de Física (1902). Em 1921, após o triunfo do eclipse do sol de 1919, o comitê Nobel se reuniu com um primeiro pensamento: "Nós devemos dar o prêmio Nobel a Einstein, pela relatividade". Lorentz protestou: "Não é justo!". E publicou um ensaio sobre a vida de Poincaré que ele havia escrito em 1914. "Poincaré obteve uma invariante perfeita das equações da eletrodinâmica e formulou o 'postulado da relatividade', termos que ele foi o primeiro a empregar".
Constrangido, o comitê Nobel pensou melhor e, após alguns meses de reflexão, decidiu dar o prêmio Nobel a Einstein, não pela relatividade... mas pelo efeito fotoelétrico. Marchal não cede: Poincaré é o pai do princípio da relatividade e o fundador da relatividade restrita.
Um prêmio Nobel de Física recomenda ao comitê Nobel não conceder o prêmio a Einstein pela teoria da relatividade e o comitê acata sua sugestão. Isto é perfeitamente inteligível, basta saber ler. Por ter citado este episódio, lá se foi um bom amigo. Mais ou menos como nos anos 60, quando amizades no Brasil eram desfeitas por acontecimentos no longínquo Vietnã.
Sobre a crônica em que comento a retratação de Hawking a respeito dos buracos negros, recebi esta mensagem de Arnaldo Sisson, cheia de bile e insultos pessoas, como se eu tivesse posto em jogo a honra de sua mãe:
"O Janer entende de buracos negros. De física quântica também, daquela física quântica que trata do microscópico(!?). Mesmo usando a torção de palavras, coisa característica deste tipo de idiota, não dá pra sustentar que essa parte da física trata do microscópico. Talvez esse exator de exatidões não tenha ainda percebido que existe uma enorme diferença entre microscópico e sub microscópico. Só para explicitar que esse cara não sabe o que escreve, embora escreva bem. É um ficcionista como um desses que escreve livros do gênero "O Código Da Vinci" só que sem sucesso. Inveja qualquer que seja mais lido que ele. Na ordem natural das coisas ele, que monta nu (o cavalo também), sabe. Astrofísica inclusive. "
Não tenho notícia de um bobalhão maior. Se se pode contrariar a besteira de que a teoria dos buracos negros surgiu com Hawking: "A idéia de um corpo maciço que nada pode escapar foi formado primeiro pelo geólogo John Michell em uma carta escrita para Henry Cavendish em 1783 para a Royal Society" (google). Dai para frente, muito chão, muito pensamento, coisa que evidentemente esse luminar desconsidera e afirma "textualmente" a mentira que a idéia é do início do século vinte, expondo claramente que não sabe do que fala. Qualquer texto desse falhado é bem escrito, mas sempre tolo e pretensioso. Que o clima está mudando qualquer um com mais de vinte anos sabe de ver e sentir, mas caras desse tipo sempre são do contra. Se a mídia fala em aquecimento então é coisa de comunista... "
Não cara. Coisa, isso sim, de colunista sem mercado, sem trabalho, só pensão. Pego pesado porque esse é um cretino. Como ele, que outro haverá? Certa vez, pretenso intelectual, afirmou que a Rússia jamais teve Nobel de literatura (está em texto publicado). Não sabe nada de nada, sabe que não sabe, mas como todos dizem bobagem, ele também. A propósito: um exame mais apurado do que o Hawking disse, aponta que o que ele afirmou foi que os buracos negros teriam um natureza diferente daquela que ele afirmou antes, jamais disse que não existem. Os caras bons também erram e admitem. O Janer não, mas o Janer não é bom, é só pretensioso."
Antes de ir adiante, desfaço uma afirmação falsa do leitor. Sisson, que pelo jeito é meu fiel leitor, parece costumar ler os textos em transversal. E que transversais! Chegou a pular três longos parágrafos de minha crônica. Nunca afirmei que a Rússia jamais tivesse tido um prêmio Nobel. Pelo contrário, afirmei que um de seus nobéis foi fruto de uma fraude. Y a las pruebas me remito. Há sete anos, escrevi:
Em 1965, no auge da Guerra Fria, o escritor russo Mikahil Aleksandrovich Sholokhov recebeu o Nobel de Literatura por sua obra Don Silencioso, epopéia em torno à vida, aspirações e tragédia dos cossacos do Don durante a guerra e a revolução.
E aqui começam os problemas. Considerada uma das obras primas da literatura universal, Don Silencioso é um romance telúrico que exige um vasto conhecimento de sua geografia, de seu povo e de sua história. Foi publicado em 1928 e logo traduzido a todas as línguas de cultura do mundo. “O autor conhece a fundo a história dos cossacos do Don – escreve o dissidente russo Roy Medvedev, em Qui a écrit le “Don Paisible”? – em particular o final do século XIX e o início do XX. Tudo o que se refere à participação dos cossacos nos combates da primeira guerra mundial revela uma notável compreensão da situação estratégica e do desenvolvimento das operações. Quanto à guerra civil sobre o Don e, particularmente a insurreição de Viochenskaïa, o autor demonstra dispor de informações que nem os historiadores soviéticos dos anos 20 dispunham. (...) O autor conhece enfim à perfeição não somente o mapa das cidades mais importantes (Moscou, Petrogrado, Novotcherkassk, Rostov) mas também a exata topografia da região do Don, com todas suas aldeias, stanitsas e suas pequenas estações”.
Detalhe: Sholokhov nascera em 1905. Não era cossaco, tinha escassa instrução e pouco conhecia a região do Don. No momento da concessão do prêmio, a ninguém ocorreu que um jovem de 23 anos não poderia ter acumulado a necessária bagagem de cultura cossaca exigida para tal empreitada. O livro de Medvedev, que só pôde ser publicado na França, demonstra definitivamente o que até então apenas se murmurava no fechado universo soviético. O livro foi publicado em 1975, coincidentemente o mesmo ano em que Sholokhov, cercado de glórias, comemorava na ex-URSS seu septuagésimo aniversário.
O autor do Don foi em verdade o escritor Fédor Dimitrievitch Krioukov, diretor do jornal Donskié Viédomosti, com o qual colaborava Sholokhov. Cossaco de origem e de coração, Krioukov esteve no front nas épocas descritas no romance, juntou-se à contra-revolução e conheceu de perto seus chefes. Seus manuscritos desapareceram com sua morte, por tifo, em 1920. Na ocasião, estava acompanhado por Piotr Gromoslavski, futuro sogro de Sholokhov, cuja atividade literária tem início quando começa a freqüentar a casa do sogro. Krioukov, obviamente, foi banido dos anais da literatura russa. Sholokhov é hoje conhecido como o primeiro grande escritor russo a ter introduzido o tema dos cossacos na literatura. Em dezembro de 1965, recebeu das mãos do rei Gustavo Adolfo a láurea máxima da literatura ocidental.
Voltando aos buracos negros. A teoria foi esboçada há muito, mas só tomou corpo e ganhou difusão com o físico britânico. Ao contrário do que pressupõe Sisson, cada vez que comento o assunto, começo alertando que nada entendo de Física. Mas, como disse, de português eu entendo.
A afirmação de que a idéia é do início do século XX, como também as menções ao mundo microscópico, não são minhas, mas da reportagem do Estadão que se reporta ao artigo original da Nature. Como também a afirmação de que sua existência - a dos buracos negros - só pôde ser confirmada a partir da Teoria da Relatividade Geral, que Albert Einstein elaborou em 1915. Ou seja, no fundo, a retratação de Hawking está pondo em xeque a própria teoria da relatividade. Eles, que são físicos, que se entendam. Apenas transcrevo suas declarações.
E isso de afirmar que “que os buracos negros teriam uma natureza diferente daquela que ele afirmou antes”, é uma forma desenxavida de dizer: “eu não tinha razão mas continuo tendo”.
Já recebi muitos ataques, não por ter feito afirmações sobre ciência ou religião, mas principalmente por ter citado literalmente cientistas e textos bíblicos. Citar certos textos ofende. Daí a me insultar como invejoso, bobalhão, falhado, tolo e pretensioso, isto já me parece mais perturbação mental. Ou talvez religiosa.
30 de janeiro de 2014
janer cristaldo
A glória de Poincaré foi salva por seu amigo holandês Hendrik Antoon Lorentz, prêmio Nobel de Física (1902). Em 1921, após o triunfo do eclipse do sol de 1919, o comitê Nobel se reuniu com um primeiro pensamento: "Nós devemos dar o prêmio Nobel a Einstein, pela relatividade". Lorentz protestou: "Não é justo!". E publicou um ensaio sobre a vida de Poincaré que ele havia escrito em 1914. "Poincaré obteve uma invariante perfeita das equações da eletrodinâmica e formulou o 'postulado da relatividade', termos que ele foi o primeiro a empregar".
Constrangido, o comitê Nobel pensou melhor e, após alguns meses de reflexão, decidiu dar o prêmio Nobel a Einstein, não pela relatividade... mas pelo efeito fotoelétrico. Marchal não cede: Poincaré é o pai do princípio da relatividade e o fundador da relatividade restrita.
Um prêmio Nobel de Física recomenda ao comitê Nobel não conceder o prêmio a Einstein pela teoria da relatividade e o comitê acata sua sugestão. Isto é perfeitamente inteligível, basta saber ler. Por ter citado este episódio, lá se foi um bom amigo. Mais ou menos como nos anos 60, quando amizades no Brasil eram desfeitas por acontecimentos no longínquo Vietnã.
Sobre a crônica em que comento a retratação de Hawking a respeito dos buracos negros, recebi esta mensagem de Arnaldo Sisson, cheia de bile e insultos pessoas, como se eu tivesse posto em jogo a honra de sua mãe:
"O Janer entende de buracos negros. De física quântica também, daquela física quântica que trata do microscópico(!?). Mesmo usando a torção de palavras, coisa característica deste tipo de idiota, não dá pra sustentar que essa parte da física trata do microscópico. Talvez esse exator de exatidões não tenha ainda percebido que existe uma enorme diferença entre microscópico e sub microscópico. Só para explicitar que esse cara não sabe o que escreve, embora escreva bem. É um ficcionista como um desses que escreve livros do gênero "O Código Da Vinci" só que sem sucesso. Inveja qualquer que seja mais lido que ele. Na ordem natural das coisas ele, que monta nu (o cavalo também), sabe. Astrofísica inclusive. "
Não tenho notícia de um bobalhão maior. Se se pode contrariar a besteira de que a teoria dos buracos negros surgiu com Hawking: "A idéia de um corpo maciço que nada pode escapar foi formado primeiro pelo geólogo John Michell em uma carta escrita para Henry Cavendish em 1783 para a Royal Society" (google). Dai para frente, muito chão, muito pensamento, coisa que evidentemente esse luminar desconsidera e afirma "textualmente" a mentira que a idéia é do início do século vinte, expondo claramente que não sabe do que fala. Qualquer texto desse falhado é bem escrito, mas sempre tolo e pretensioso. Que o clima está mudando qualquer um com mais de vinte anos sabe de ver e sentir, mas caras desse tipo sempre são do contra. Se a mídia fala em aquecimento então é coisa de comunista... "
Não cara. Coisa, isso sim, de colunista sem mercado, sem trabalho, só pensão. Pego pesado porque esse é um cretino. Como ele, que outro haverá? Certa vez, pretenso intelectual, afirmou que a Rússia jamais teve Nobel de literatura (está em texto publicado). Não sabe nada de nada, sabe que não sabe, mas como todos dizem bobagem, ele também. A propósito: um exame mais apurado do que o Hawking disse, aponta que o que ele afirmou foi que os buracos negros teriam um natureza diferente daquela que ele afirmou antes, jamais disse que não existem. Os caras bons também erram e admitem. O Janer não, mas o Janer não é bom, é só pretensioso."
Antes de ir adiante, desfaço uma afirmação falsa do leitor. Sisson, que pelo jeito é meu fiel leitor, parece costumar ler os textos em transversal. E que transversais! Chegou a pular três longos parágrafos de minha crônica. Nunca afirmei que a Rússia jamais tivesse tido um prêmio Nobel. Pelo contrário, afirmei que um de seus nobéis foi fruto de uma fraude. Y a las pruebas me remito. Há sete anos, escrevi:
Em 1965, no auge da Guerra Fria, o escritor russo Mikahil Aleksandrovich Sholokhov recebeu o Nobel de Literatura por sua obra Don Silencioso, epopéia em torno à vida, aspirações e tragédia dos cossacos do Don durante a guerra e a revolução.
E aqui começam os problemas. Considerada uma das obras primas da literatura universal, Don Silencioso é um romance telúrico que exige um vasto conhecimento de sua geografia, de seu povo e de sua história. Foi publicado em 1928 e logo traduzido a todas as línguas de cultura do mundo. “O autor conhece a fundo a história dos cossacos do Don – escreve o dissidente russo Roy Medvedev, em Qui a écrit le “Don Paisible”? – em particular o final do século XIX e o início do XX. Tudo o que se refere à participação dos cossacos nos combates da primeira guerra mundial revela uma notável compreensão da situação estratégica e do desenvolvimento das operações. Quanto à guerra civil sobre o Don e, particularmente a insurreição de Viochenskaïa, o autor demonstra dispor de informações que nem os historiadores soviéticos dos anos 20 dispunham. (...) O autor conhece enfim à perfeição não somente o mapa das cidades mais importantes (Moscou, Petrogrado, Novotcherkassk, Rostov) mas também a exata topografia da região do Don, com todas suas aldeias, stanitsas e suas pequenas estações”.
Detalhe: Sholokhov nascera em 1905. Não era cossaco, tinha escassa instrução e pouco conhecia a região do Don. No momento da concessão do prêmio, a ninguém ocorreu que um jovem de 23 anos não poderia ter acumulado a necessária bagagem de cultura cossaca exigida para tal empreitada. O livro de Medvedev, que só pôde ser publicado na França, demonstra definitivamente o que até então apenas se murmurava no fechado universo soviético. O livro foi publicado em 1975, coincidentemente o mesmo ano em que Sholokhov, cercado de glórias, comemorava na ex-URSS seu septuagésimo aniversário.
O autor do Don foi em verdade o escritor Fédor Dimitrievitch Krioukov, diretor do jornal Donskié Viédomosti, com o qual colaborava Sholokhov. Cossaco de origem e de coração, Krioukov esteve no front nas épocas descritas no romance, juntou-se à contra-revolução e conheceu de perto seus chefes. Seus manuscritos desapareceram com sua morte, por tifo, em 1920. Na ocasião, estava acompanhado por Piotr Gromoslavski, futuro sogro de Sholokhov, cuja atividade literária tem início quando começa a freqüentar a casa do sogro. Krioukov, obviamente, foi banido dos anais da literatura russa. Sholokhov é hoje conhecido como o primeiro grande escritor russo a ter introduzido o tema dos cossacos na literatura. Em dezembro de 1965, recebeu das mãos do rei Gustavo Adolfo a láurea máxima da literatura ocidental.
Voltando aos buracos negros. A teoria foi esboçada há muito, mas só tomou corpo e ganhou difusão com o físico britânico. Ao contrário do que pressupõe Sisson, cada vez que comento o assunto, começo alertando que nada entendo de Física. Mas, como disse, de português eu entendo.
A afirmação de que a idéia é do início do século XX, como também as menções ao mundo microscópico, não são minhas, mas da reportagem do Estadão que se reporta ao artigo original da Nature. Como também a afirmação de que sua existência - a dos buracos negros - só pôde ser confirmada a partir da Teoria da Relatividade Geral, que Albert Einstein elaborou em 1915. Ou seja, no fundo, a retratação de Hawking está pondo em xeque a própria teoria da relatividade. Eles, que são físicos, que se entendam. Apenas transcrevo suas declarações.
E isso de afirmar que “que os buracos negros teriam uma natureza diferente daquela que ele afirmou antes”, é uma forma desenxavida de dizer: “eu não tinha razão mas continuo tendo”.
Já recebi muitos ataques, não por ter feito afirmações sobre ciência ou religião, mas principalmente por ter citado literalmente cientistas e textos bíblicos. Citar certos textos ofende. Daí a me insultar como invejoso, bobalhão, falhado, tolo e pretensioso, isto já me parece mais perturbação mental. Ou talvez religiosa.
30 de janeiro de 2014
janer cristaldo
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