O desarmamento da população civil de um país é um ideal que todo governo ou sociedade deve buscar com grande determinação, pois pressupõe a convergência para um nível de violência suportável, capaz de garantir um direito mínimo de ir e vir e de reduzir a sensação de insegurança dos seus cidadãos.
No Brasil, atualmente observa-se um esforço, por parte dos sociólogos de ocasião, de grupos de direitos humanos, de setores ponderáveis da imprensa e de forças políticas, muitas vezes demagógicas, no sentido de incutir na mente das pessoas a imagem de que uma redução na concessão de portes de armas constituirá fator de desestímulo para o recurso à violência.
Tudo isso seria verdade se a posse fosse precedida por um processo capaz de restringir seu uso por elementos que escolhem o caminho da violência com objetivos ilegais.
Acontece que, nitidamente, isto está longe de acontecer.
O que se vê, na verdade, é o aumento desordenado e sem controle , em quantidade e qualidade, do armamento e respectiva munição, em grande parte contrabandeados, que vai parar nas mãos dessas pessoas, evidentemente nem um pouco preocupadas com obtenção de portes e permissões.
A prova inequívoca é o aumento assustador, nos últimos anos, de latrocínios, homicídios, assaltos com vítimas, balas perdidas e outros delitos, muitos deles comandados e coordenados de dentro de presídios, fato inaceitável diante da tecnologia moderna, capaz de evitar este tipo de comunicação.
Tal ambiente cria uma sensação de pânico com consequências não só para a integridade física das vítimas como para os efeitos psicológicos associados que perdurarão muitas vezes para o resto da vida.
Está, portanto, mais do que na hora das forças orgânicas da sociedade se unirem no sentido de atender a uma situação de emergência e enfrentar com objetividade, através de uma revisão imediata das leis e da remodelação da justiça para casos específicos, a questão da escalada do atual nível de violência que, a continuar, levará a um impasse do qual provavelmente não será possível o retorno. Urge que se pare de tapar o sol com a peneira e que se parta para soluções mais práticas.
Sem polemizar a questão da interpretação e sem saber a que guerra Jesus queria referir-se, não nos esqueçamos, no entanto, do contido em Mateus 10:34-39: "Não pensem que eu vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer a paz mas a espada" .
25 de janeiro de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário