"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 25 de janeiro de 2014

A ECONOMIA BRASILEIRA ESTÁ NA MIRA!


 
Nosso país continua apresentando, na sua famigerada economia, uma fase crítica dentro do ambiente doméstico e internacional, após suas contas públicas internas e externas apresentarem persistente deterioração, adotando com intensidade a “contabilidade criativa” através das maquiagens realizadas com o objetivo de mascarar o cumprimento das metas previstas, tudo isso aliado a uma completa inércia governamental.
 
Infelizmente, iniciamos o presente ano ainda com alguns dados desfavoráveis, a exemplo da balança comercial que já apresenta déficit de US$ 2,0 bilhões nas primeiras semanas de janeiro, a inflação em gloriosa elevação, a debilitada geração de empregos que, no ano passado, foi sem dúvida, a pior verificada nos últimos dez anos.
A economia brasileira continua patinando, o que significa uma arrecadação menor para o governo financiar seus gastos e honrar seus compromissos. Por outro lado, os gastos públicos não diminuíram, aumentaram. Com isso, o governo tem menos dinheiro para fazer investimentos e energizar a nossa economia.
 
São alguns dados negativos que, somados a outros já verificados, favorecem a real possibilidade do Brasil ser rebaixado pelas agências de classificação de risco, mesmo no ano de eleições presidenciais, o que propicia menor interesse para os possíveis investimentos e eleva o custo de captação internacional.
Neste início de 2014, as maiores agências de classificação de risco enviaram representantes ao Brasil com o seguinte recado: é necessária urgentemente uma mudança nos rumos da economia brasileira, sob pena de colocar em risco o grau de investimento, ou no mínimo, de sofrer um rebaixamento em seu rating soberano.
A classificação de crédito, ou rating, é como se fosse um selo de qualidade outorgado por empresas de avaliação de risco que demonstra a capacidade de um país ou uma empresa de cumprir com seus compromissos financeiros. As notas são expressas por letras acompanhadas de sinais aritméticos, que apontam para um maior ou menor risco de suspensão de pagamento. Traduzindo melhor, indicam os riscos de uma economia dar o calote. (vide tabela abaixo).


Os técnicos das agências especializadas sinalizaram para as autoridades econômicas vários pontos, estando em primeiro lugar, a ausência de crescimento da nossa economia; em seguida, fundamentos externos debilitados e principalmente questões fiscais que, em última análise, podem elevar ainda mais os níveis atuais de endividamento; condução equivocada da política macroeconômica; governo dando sinais claros de intervencionismo exacerbado na economia; espaço reduzido para implementação de políticas anticíclicas, advertindo também que os investimentos privados e/ou públicos (infraestrutura) não deslancharam e, consequentemente, se o crescimento do PIB não for restabelecido, a classificação de risco não seria consistente com a nota atual BBB (dentro do nível de “grau de investimento”), aumentando a degradação da credibilidade que o Brasil vem apresentando nos ambientes interno e externo. Tudo isso, e muito mais, foi amplamente discutido pelas agências em vários encontros já realizados.
Mas três aspectos entre eles serão decisórios. Além do crescimento econômico, a trajetória que a relação dívida/PIB tomar nos próximos meses e a dificuldade de o governo atingir a meta de superávit primário ─ economia para pagar os juros da dívida – que será divulgada em fevereiro próximo, serão os pontos relevantes que influenciarão primordialmente numa tomada de posição desfavorável ao nosso país.
 
A desconfiança dos investidores sobre o país, que já se encontra abalada, poderá ser agravada, o que deverá acelerar ainda mais a saída de divisas, já evidenciadas por influência dos motivos já conhecidos, em função do cenário macroeconômico interno e das perspectivas de mudança na política monetária dos EUA.
Circulando menos dólares no Brasil, a tendência da moeda americana será obviamente de se valorizar. Havendo o rebaixamento do rating, o fluxo de capital para o Brasil também tende a diminuir, aumentando a pressão na desvalorização do real frente ao dólar e alimentando a inflação existente.
O recado ao governo já foi dado com clareza e objetividade pelas agências de classificação de risco, economistas brasileiros e não residentes de notória credibilidade e especialmente pelas reportagens de revistas reconhecidas internacionalmente.
Cabe ao governo tomar as providências necessárias para evitar a ampliação da deterioração de nossas contas nacionais e voltar ao rumo correto com acertos de política econômica. O difícil será realizar isso contando com margem de manobra menor nas principais variáveis de conjuntura e em ano de eleições majoritárias.
 
25 de janeiro de 2014
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS – Universidade Salvador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário