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A data de hoje, aniversário da cidade de São Paulo – a mais importante do Brasil, uma das mais importantes do mundo -, é um bom momento para refletirmos.
Jason Bourne é um agente secreto com amnésia. Acorda no meio do oceano, num barco de pesca. A sua única pista: o número de um cofre particular em um banco suíço. Lá, encontra dinheiro, uma arma e diversos passaportes falsos.
O primeiro deles é o da República Federativa do Brasil. Gilberto del Piento. Osasco.
O passaporte brasileiro é o mais caro no mercado negro porque qualquer rosto cabe nele. Preto ou branco, alto ou baixo, redondo ou quadrado, japonês ou baiano, ninguém estranha.
Esta é a melhor característica da identidade brasileira, a mestiçagem, a aceitação, a caridade cristã. Nós somos quem melhor compreendeu a frase evangélica “tendes um só Preceptor, e todos vós sois irmãos”.
Sabedor disto, o demônio e seus asceclas – os comunistas, os socialistas e os vigaristas – lutam para destruir a identidade nacional. A técnica usada é simples: dividir para reinar. Criar antagonismos. A luta de classes. As minorias. Pobre contra rico, mulher contra homem, filho contra pai, ciclista contra motorista, índio contra fazendeiro, preto contra branco (essa é a maior!
Num país cuja padroeira é preta e o maior ídolo de futebol é preto) – todos contra Deus. “Você é um oprimido, você tem o direito de se libertar, você merece ser feliz – sereis como deuses.” A letra fria da lei em vez do calor da graça. O Estado em vez de Deus. Ódio e indiferença em vez do Amor.
Neste embate, o demônio tem tido sucesso, temos que reconhecer. O brasileiro deixou de lado a caridade e vive atrás do dinheiro. Mas ninguém pode servir a dois senhores. O gênio de Francis Ford Coppola, em recente passagem pelo Brasil, captou isto: “A alegria costumava ser a coisa mais importante no Brasil. Agora, a coisa mais importante é o dinheiro.”
Precisou vir um gringo dizer isto na nossa cara!?
Assim, o brasileiro vai aos poucos perdendo a identidade. Bem ao contrário de Bourne que, ao longo do filme, vai encontrando pistas de quem é. O herói, em meio a mil peripécias, ainda encontra tempo para namorar. Marie acompanha Bourne durante boa parte do thriller, mas é forçada a sair de vista porque o perigoso namorado oferece risco à sua vida.
No finalzinho, após resolver as pendengas, Bourne parte em busca de Marie. Depois de muito procurar, vai reencontrá-la à beira-mar, tocando uma loja de aluguel de scooters.
- Posso alugar uma scooter? pergunta, jocoso.
- Você tem identidade? devolve Marie, num trocadilho.
E nós, brasileiros, ainda temos identidade?
A data de hoje, aniversário da cidade de São Paulo – a mais importante do Brasil, uma das mais importantes do mundo, que a todos aceita por ser herdeira de um dos maiores propagadores da fé cristã -, é o momento de refletirmos: ainda temos a identidade brasileira da mestiçagem nascida do amor de Cristo?
25 de janeiro de 2014
Ricardo Hashimoto é engenheiro e coach.
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