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É claro que o governo brasileiro afronta sua população com esse envio de verba para Cuba, que serve tanto como uma ofensa à inteligência como à dignidade do nosso povo.
Pergunta: até quando vamos tolerar isso?
Pergunta: até quando vamos tolerar isso?
A vida de colunista de revistas e sites chapa branca não deve ser simples em países como Cuba, China e Coréia do Norte. Por exemplo, diante de um genocídio, eles devem escrever uma matéria demonizando as vítimas e apoiando o governo. Tudo, é claro, sustentado por verba estatal. Elementar…
Diante disso, alguém poderia imaginar trabalho mais podre do que ser jornalista chapa branca que atuam para ditaduras sanguinárias? Difícil. O texto de José Antonio Lima, publicado na Carta Capital, vai por essa linha vergonhosa.
A ideia é aquela de sempre do jornalismo governista: tudo que o governo fizer, independentemente do grau de amoralidade residente no ato, está não apenas justificado, como será considerado também elogiável.
Diante do governo petista ter financiado, através do BNDES, um porto em Mariel, Cuba, inaugurado no dia 27 último, restou à Carta Capital ter tratado esse acordo como “um bom negócio”.
A obra, erguida pela Odebrecht em parceria com a cubana Quality, custou 957 milhões de dólares, sendo 682 milhões de dólares financiados pelo BNDES. Em contrapartida, 802 milhões de dólares investidos na obra foram gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Pelos cálculos da Odebrecht, este valor gerou 156 mil empregos diretos, indiretos e induzidos no País.
Vamos imaginar que os 802 milhões de dólares investidos na obra tenham ido por completo para o pagamento de salários, o que, como qualquer um sabe, jamais ocorreu. Na verdade, sempre uma parte do valor reverte-se em salários.
Mas, nessa conta caridosa, se dividirmos 802 milhões de dólares por 156 mil (o número de empregos alegados), teremos U$ 5141,00 por cabeça, o que, convenhamos, se contarmos com os impostos embutidos no salário (por causa da CLT), não dá um salário mensal por profissional. Claro que tem caroço nesse angu.
O fato é que não está claro quantos dos 156 mil empregos são diretos ou indiretos. Mas nem de longe se comprova que sem essa obra financiada pelo BNDES os empregos não seriam gerados (até por que a Odebrecht poderia contratar os profissionais para outras obras). Em suma, a desculpa de investimento governamental para algo injustificado não pode ser usada apenas por “geração de empregos diretos e indiretos”, até por que os mesmos empregos poderiam ter sido gerados por uma obra do mesmo porte, construindo hospitais, postos policiais e coisas do tipo.
Desta feita, o parágrafo da Carta Capital serve apenas como uma distração com números, mas que nem de longe valida moralmente o investimento no porto de Cuba, em detrimento de outros investimentos mais importantes que poderiam ser feitos no Brasil.
A obra “se pagou” [...]
Que raio de justificativa de negócio é essa? Como se não bastasse o governo não ter uma justificativa que preste para ceder o dinheiro para um Porto em Cuba, agora aparecem com o “case” de negócio dizendo “a obra ‘se pagou’”. Mas não se justifica investimento dizendo “se pagou”, mas sim demonstrando que a oportunidade de negócio foi melhor do que outras, o que não foi feito.
Mais um motivo para não confiarmos no estado. Ou você confiaria em um investidor dizendo que “o investimento se pagou” somente? Se for assim, para que investir? É exatamente por isso que o dinheiro público deve ser reservado a atividades essenciais, ao invés de “investimentos no mercado”.
A argumentação deles pode ser qualificada como um OANI (Objeto Argumentativo Não Identificado), mas a coisa fica ainda mais divertida nos quatro motivos dados pelos governistas para o “investimento” no Porto de Mariel:
O primeiro foi exposto por Dilma no discurso feito em Cuba. O Brasil quer, afirmou ela, se tornar “parceiro econômico de primeira ordem” de Cuba. As exportações brasileiras para a ilha quadruplicaram na última década, chegando a 450 milhões de dólares, alçando o Brasil ao terceiro lugar na lista de parceiros da ilha (atrás de Venezuela e China). A tendência é de alta se a população de Cuba (de 11 milhões de pessoas), hoje alijada da economia internacional, for considerada um mercado em potencial para empresas brasileiras.
Quando você ouviu falar em “grandes parceiros” de Cuba pensou em países civilizados como Suécia, Dinamarca, Inglaterra e Itália? Nada disso. Temos Venezuela e China, isto é, a nata do socialismo. É claro que esse “comércio” com Cuba vira uma piada pronta, pois o que os cidadãos cubanos conseguirão comprar do Brasil? Ah, já sei… provavelmente os burocratas de Miramar possam comprar um tanto de bugigangas daqui. Mas daí a chamar isso de “parceiro comercial”? Faça-me rir…
Esse mercado só será efetivado, entretanto, se a economia cubana deixar de funcionar em seu modo rudimentar atual. Como afirmou o subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antonio José Ferreira Simões, o modelo econômico de Cuba precisa “de uma atualização”.
Ué, mas para que eles precisam “atualizar” seu modelo se já estão recebendo investimento sem fazer por merecer? Em outras palavras: enquanto o governo brasileiro, junto com o venezuelano e o chinês, enviarem dinheiro para Cuba apenas por trocas de favores (devido ao alinhamento ideológico) aí é que os cubanos não precisam “atualizar” seu modelo mesmo.
O porto de Mariel é essencial para isso, pois será acompanhado de uma Zona Especial de Desenvolvimento Econômico criada nos moldes das existentes na China. Ali, ao contrário do que ocorre no resto do país, as empresas poderão ter capital 100% estrangeiro. Dono de uma relação favorável com Cuba, o Itamaraty está buscando, assim, completar uma de suas funções primordiais: mercado para as empresas brasileiras. Não é à toa, portanto, que o Brasil abriu uma nova linha de crédito, de 290 milhões de dólares, para a implantação desta Zona Especial em Mariel.
Sim. Sim. SIM. É claro que as empresas “poderão ter capital 100% estrangeiro”. A pergunta é: por quê? Aliás, o negócio é tão “bom” que as tais linhas de créditos só surgem a partir… do estado brasileiro, mas jamais a partir de um banco privado brasileiro.
O esquerdista mais empolgado poderia dizer: “Aha, mas a Odebrecht resolveu investir por lá”. Mas com dinheiro vindo do BNDES é fácil, não é? Essas são as tais “oportunidades de negócio” resultantes no acordo com Cuba.
Tudo é tão promissor que só o iluminado governo brasileiro vê essas oportunidades, já o restante dos investidores privados não dá a mínima. Ah, devem ser “porcos capitalistas” que, portanto, não vislumbram as magníficas oportunidades “de negócio” em Cuba.
A argumentação da Carta Capital, praticamente surreal, resulta em observações constrangedoras para eles: há um negócio “magnífico” em Cuba. Ele é tão bom que só investidores que se aliam ao governo brasileiro (ou seja, que usam a grana estatal) conseguem visualizá-lo.
Provavelmente o dinheiro do governo tenha um efeito narcótico, que abre estados alterados de consciência, e portanto é possível o vislumbre de oportunidades “de negócio” que os outros não visualizam. Quem usa dinheiro privado não consegue visualizar as mesmas oportunidades. Fico imaginando como o colunista da Carta Capital deve ter morrido de rir escrevendo seu texto. E o que dizer dos esquerdistas que levaram o texto a sério?
Aqui entra o terceiro ponto, a localização de Mariel. O porto está a menos de 150 quilômetros do maior mercado do mundo, o dos Estados Unidos. Ainda está em vigor o embargo norte-americano a Cuba, mas ele é insustentável a longo prazo. “O embargo não vai durar para sempre e, quando cair, Cuba será estratégica para as companhias brasileiras por conta de sua posição geográfica”, disse à Reuters uma fonte anônima do governo brasileiro. Tendo em conta que a população cubana ainda consistirá em mão de obra barata para as empresas ali instaladas, fica completo o potencial comercial de Mariel.
Mão de obra barata? Será que o PT alinhou essa jogada com os sindicatos aparelhados pelo partido? Mas muito provavelmente os líderes sindicalistas (muito mais espertos que seus filiados) não têm com que se preocupar, pois as propostas dizendo que “estamos investindo em um lugar muito próspero de negócios, mas basta que o embargo acabe” não passam de miragem. Até por que a ideia de que o “embargo prejudica tudo” não passa de um mito, já que Cuba pode negociar com o mundo todo (menos os Estados Unidos).
Em síntese, se Cuba é “um mar de oportunidades”, não deveria depender do fim de um embargo para que seja efetivamente explorado. Motivo: enquanto o mercado com os EUA não está aberto, pode-se explorar… o resto do mundo. Então, gente da extrema-esquerda, vamos parar com essa desculpinha esfarrapada de “embargo” que isso não cola mais, ok?
Há ainda um quarto ponto. Ao transformar Cuba em parceira importante, o Brasil amplia sua área de influência nas Américas em um ponto no qual os Estados Unidos não têm entrada. A administração Barack Obama é favorável ao fim do embargo, como deixou claro o presidente dos EUA em novembro passado, quando pediu uma “atualização” no relacionamento com Cuba. Ocorre que a Casa Branca não tem como derrubar o embargo atualmente diante da intensa pressão exercida no Congresso pela bancada latina, em sua maioria linha-dura. No vácuo dos EUA, cresce a influência brasileira.
Uma coisa que os norte-americanos possuem é, ao menos, um conjunto de valores. O embargo sobre Cuba existe por que os castristas se apropriaram de empresas e propriedades de norte-americanos. Isto é, Cuba é um governo ladrão. Negociar com ladrão é o mesmo que negociar com terrorista. Por isso existe a pressão pública contra o fim do embargo a Cuba.
Claro que Barack Obama adoraria retirar o embargo, mas, como os Estados Unidos são um país que respeita um conjunto básico de valores, não vão deixá-lo fazer isso. Aliás, ele próprio sabe disso, tanto que só se expressou contra o embargo lá na metade de seu segundo mandato. E enquanto isso, os cubanistas seguem esperançosos… É de dar dó.
Como se nota, as tais “oportunidades de negócio” são todas ridículas e descabidas, apelando à incapacidade de raciocínio de militantes que ainda acreditam nessa conversa. Não existe apresentação de “oportunidade de negócio” com um discurso tão vago.
Grande parte das críticas ao relacionamento entre Brasília e Cuba ataca o governo brasileiro por se relacionar com uma ditadura que não respeita direitos humanos. Tal crítica tem menos análise de política externa do que ranço ideológico, como prova o silêncio quando em destaque estão as relações comerciais do Brasil com a China, por exemplo. Não há, infelizmente, notícia de um Estado que paute suas relações exteriores pela questão de direitos humanos. Se a regra fosse essa, possivelmente o mundo não seria a lástima que é.
Que lógica tocante essa acima, não? Vejamos essa “ética”: “a partir de um momento em que encontramos alguma falha em alguém, versões extrapoladas e ilimitadas de nossas falhas estão justificadas”. Não passa do jogo da ausência deliberada do senso de proporções, que é usado pela extrema-esquerda para justificar barbáries. O que eles querem dizer é que enquanto não houver perfeição ética no mundo, a psicopatia pode ser considerado um padrão comportamental aceitável.
Hoje em dia, Cuba simplesmente é a antítese do que significam os direitos humanos, mas, na ótica deles, enquanto não houver perfeição na prática dos direitos humanos, então qualquer barbarismo está justificado.
Vamos fechar a conta:
- O governo brasileiro envia dinheiro para Cuba “a perder de vista” através de uma “oportunidade de negócio” muito suspeita.
- A Odebrecht entra no negócio, mas somente por que recebeu grana do BNDES, pois a tal “oportunidade de negócio” jamais existiu.
- Todas as promessas do blog governista (de que o “negócio vai trazer retorno”) não passam de contos do vigário, que, no mercado, não passam de piada.
- Claro que o negócio é bom, mas somente para os líderes castristas, os líderes governistas do Brasil e o dono da Odebrecht.
- Melhor seria que o governo brasileiro investisse essa grana em saúde e segurança.
- Ao contrário, o dinheiro será usado para financiar uma ditadura que (por receber dinheiro fácil do Brasil) fica cada vez mais desobrigada a se abrir para o mundo real.
- Para piorar, tudo isso financia uma verdadeira chaga contra os direitos humanos, e não há açúcar que adoce essa situação.
Relembremos a introdução do filme Scarface (escrito, acreditem se quiser, por Oliver Stone), no qual vemos um pouco do lugar para onde está indo verba pública brasileira:
http://www.youtube.com/watch?v=fiPZd0rNth4&feature=player_embedded
31 de janeiro de 2014
Luciano Ayan
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