"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

KIRCHNERISTAS FAZEM PERSEGUIÇÃO IDEOLÓGICA NA CHANCELARIA

Diplomatas e funcionários que não adotam o ideário K são afastados e substituídos por jovens de grupos como La Câmpora

Num fundo de tela emblemático distribuído entre funcionários do Palácio San Martín, a Chancelaria argentina é chamada de Kancillería nacional y popular. Os kirchneristas detestam os profissionais de carreira, que chamam pejorativamente de “os diplos”. E os empregados administrativos que não estão com a “causa” são discriminados.

Em todos os casos, são repetitivas as ferramentas para amedrontar e impor ideias que usam há tempos os jovens de La Câmpora e outros agrupamentos kirchneristas na Chancelaria: assédio trabalhista, redução de salários, conversas de doutrinação política, práticas econômicas pouco transparentes na convocação de empresas para feiras internacionais e uma constante perseguição ideológica.


No âmbito administrativo da Chancelaria, o sindicato União do Pessoal Civil da Nação contabiliza mais de 20 denúncias verbais de maus-tratos e assédio trabalhista, envolvendo cerca de 60 funcionários. O sindicato levou as queixas às autoridades, mas ainda não houve resposta. Estima-se que, de um total de 104 diretores, 63 foram substituídos e seus cargos ficaram nas mãos dos jovens K. A redução salarial se efetua com corte de horas extras ou a eliminação de “unidades retributivas” (gratificação por desempenho).

O chanceler Héctor Timerman não comanda estes grupos, mas aparentemente os deixa agir. O timão está nas mãos do ministro da Economia, Axel Kicillof, e dos camporistas próximos ao deputado nacional Eduardo “Wado” de Pedro. O resultado deste clima que se vive na Chancelaria é o aumento de empregados com problemas econômicos e psíquicos, uma cultura generalizada de temor e a paranoia como política de Estado.

As autoridades que estariam envolvidas nas práticas são o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Augusto Costa, nomeado para substituir Guillermo Moreno; o subsecretário de Negociações Econômicas Internacionais, Carlos Bianco, que ocupará o lugar de Costa; o chefe de Gabinete da Subsecretaria de Desenvolvimento de Investimentos e Promoção Comercial, Leonardo Constantino; a embaixadora nos EUA, Cecilia Nahón; o coordenador de Feiras e Missões Comerciais, Martín Littieri; e o diretor da Fundação ExporAr, Javier Dufourquet, entre outros.


Segundo pôde reconstruir “La Nación” ao longo de dois meses de pesquisas sobre documentos escritos e ouvindo o testemunho de 15 empregados administrativos e diplomáticos que sofreram na pele maus-tratos das autoridades, podem ser detalhados os seguintes casos pontuais:

Assédio trabalhista: o sindicato do pessoal civil recebeu denúncias reiteradas dos empregados da área econômica da Chancelaria, a quem se obrigou a deixar suas funções para serem “deportados” para um programa de comércio internacional denominado Pdcex, que funciona numa sala do Palácio San Martín. Ali, fazem trabalhos alheios aos que vinham desempenhando ou só lhes oferecem uma cadeira e um computador, sem tarefa definida. Nos caso dos diplomatas de carreira afastados, são convidados a se aposentar antes do tempo, ou são enviados para postos menores no exterior, ou os da área econômica passam à área política a cargo do vice-chanceler Eduardo Zuain. Em todos os casos, quem ocupa os cargos vagos são jovens camporistas ou do agrupamento TNT (Tontos Pero no Tantos), liderada por Kicillof.

Redução salarial: na maioria dos casos dos empregados administrativos deslocados por não “comungarem da causa K”, segundo coincidiram sete dos consultados por “La Nación”, seus salários sofreram redução. Deixaram de pagar-lhes horas extras, tiraram as “unidades retributivas” ou não são enviados a missões pontuais ao exterior, com o que não podem aumentar sua renda. “Por opinar de forma diferente do governo, deixaram-me sem a gratificação por desempenho, o que complicou muito minha economia familiar”, disse uma das funcionárias. Em alguns casos, isto pode se refletir em perda de 20% do salário. O sindicato levou as queixas a Costa, Constantino e Bianco. Deixou claro tratar-se de “perda de direito adquirido”. Mas não houve solução.


Consultado por “La Nación”, Constantino descartou a ideia que as unidades retributivas sejam direitos adquiridos. “São prêmios que se podem dar ou não em função do trabalho, mas não é um direito”, disse o funcionário, que é de carreira, mas está alinhado a Bianco e Costa. Por sua vez, Constantino negou ser responsável por todas as denúncias na Chancelaria. “Não tomo decisões políticas, meu trabalho é apenas administrativo”, disse. Costa e Bianco, assim como Timerman e o restante dos acusados, não responderam às consultas de “La Nación”.

Maus-tratos: os casos de maus-tratos a empregados que não subscrevem a ideia da Kancilleria são reiterados. Entre os administrativos que levaram suas denúncias ao sindicato, há duas mulheres grávidas, uma delas com problemas psíquicos que afetaram sua gestação, segundo atestado médico. A Direção de Saúde da Chancelaria conhece os casos. Na Embaixada da Argentina em Washington, a cargo de Nahón, também houve queixas por maus-tratos.

Doutrinamento: Costa ou Bianco enviam e-mails aos empregados para convocá-los a reuniões ou manifestações kirchneristas. Por exemplo, chamaram-nos ao ato pela democratização da Justiça na área denominada`Tribunales ou a reuniões sobre “economia e política global”. Por temerem represálias, muitos empregados atendem calados às convocações.

 
03 de dezembro de 2013
MARTÍN DINATALE, O Globo

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