"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A FIGURA QUE MAIS ATRAI E INTRIGA É A DE GENOÍNO, EX-DEPUTADO E EX-PRESIDENTE DO PT



Por motivos semelhantes aos de Carlos Heitor Cony, também sou forçado a acompanhar, diariamente, o noticiário a respeito dos presos recém-condenados pelo Supremo Tribunal Federal.
Detenho-me, com mais ênfase, nos políticos, alguns ainda detentores de mandato. Com certeza, em suas condenações, eles tiveram a sorte de penas mais brandas.

E a figura que mais me atrai e intriga é a do ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino. Apesar de seu braço esquerdo (ou será o direito?) ameaçadoramente levantado, escrever sobre ele não é tarefa simples. Seu estado de saúde provoca compaixão.

Mas digo logo: se dependesse de mim, José Genoino e Roberto Jefferson, já estariam cumprindo, por enquanto, pena domiciliar. Como (imaginário) juiz, não correria o risco de transformá-los em vítimas ou, quem sabe, em heróis da pátria.

A situação de José Genoino, fora ou dentro da prisão, sobretudo diante de seus companheiros (todos os condenados na Ação Penal 470), não me parece confortável.
Não digo isso porque tanto ele quanto sua família, além de seu advogado, têm lutado, desesperadamente, pela decretação de sua prisão domiciliar.
Digo-o só porque ele tem dito, repetidamente, que é inocente, em todas as oportunidades. Em seu entendimento, é um preso político.
E alega: “Fui condenado por ter sido presidente do PT”.
O ex-deputado terá se esquecido de que, como presidente do partido, e a partir de aposta, em plena consciência, sua assinatura em documentos importantes e comprometedores, solidarizou-se com os malfeitores? O argumento de que nada sabia não procederia em nenhuma parte do mundo! Não precisa ser profeta, mas, um dia, essa alegada inocência se voltará (e com fúria) contra ele.
Em algum instante, algum de seus companheiros, com razão, o chamará de pusilânime. Ou isso pouco ou nada lhe interessa?

OPINIÕES DIVIDIDAS

Por sua vez, as ações, até agora, do ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão e também presidente do Supremo Tribunal Federal, que está no outro lado da linha, dividem os brasileiros. Para uns, estão corretas. Para outros, são apenas cruéis e vingativas.

O cineasta Luiz Carlos Barreto, por exemplo, em um “bilhete aberto ao cidadão Joaquim Barbosa”, publicado na coluna do jornalista Ancelmo Gois, considera o ministro, no mínimo, cruel. Depois de dizer que não quer se “estender sobre erros e atropelos” cometidos pelo cidadão Joaquim Barbosa, afirma que “o erro maior e degradante cometido (pelo ministro) foi aquele que quase causou e ainda pode causar a morte do cidadão José Genoino”…
No fim, aconselha o ministro a assistir o documentário sobre o advogado Sobral Pinto: “Vá correndo banhar-se nas águas da sabedoria cívica desse cristão”, disse.

Conheci, razoavelmente, o doutor Sobral Pinto, que foi um dos fraternos amigos de meu pai. Se estivesse vivo, sua posição seria muito semelhante à do padre Valdir João Silveira, coordenador da Pastoral Carcerária Nacional, que criticou o livre acesso de políticos, amigos e parentes dos condenados do mensalão ao Complexo da Papuda: “Os privilégios e as exceções geram mal-estar nos demais familiares de presos. O tratamento precisa ser igual para todos”.

A entrevista do padre Valdir está no “O Globo” do último dia 26. Vá correndo e a leia, leitor, no jornal ou pela internet.

(transcrito de O Tempo)

29 de novembro de 2013
Acílio Lara Resende

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