"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 7 de setembro de 2013

MORREU O HOMEM QUE VIU HITLER MORRER


Rochus Misch, em sua casa, em Berlim (Foto: Veja)
Última testemunha das derradeiras horas de Adolf Hitler, o ex-guarda-costas e operador de rádio Rochus Misch morreu na quinta-feira em Berlim, aos 96 anos. Ele fazia parte do pequeno círculo de colaboradores que, nos estertores da II Guerra Mundial, estiveram com o ditador alemão em seu bunker, na capital alemã, onde Hitler se matou.
 
Ex-membro da SS, a tropa de elite nazista, Misch testemunhou o assassinato dos filhos do ministro da Propaganda Joseph Goebbels. Presenciou o crescente desespero que tomou conta do abrigo conforme as tropas soviéticas avançavam sobre Berlim e foi uma das primeiras pessoas a ver Hitler morto. Foi Misch quem acompanhou o transporte dos corpos do ditador e de Eva Braun – com quem Hitler havia casado um dia antes – do bunker para os jardins da chancelaria alemã, onde foram incinerados, no dia 30 de abril de 1945. 
 

Misch, em foto tirada na guerra.
Uma das últimas pessoas a deixar o bunker, Misch foi capturado pelas tropas soviéticas e levado para a temida prisão de Lubianka, em Moscou, onde foi torturado. Ele passaria os nove anos seguintes em campos de trabalho forçado da extinta União Soviética.
 
Pós-guerra - Após sua libertação, passou décadas em relativo anonimato, em Berlim. O interesse de historiadores e jornalistas por Misch surgiu na esteira do sucesso do filme A Queda: As últimas horas de Hitler, de 2004. No filme, o guarda-costas é interpretado pelo ator Heinrich Schmieder. Misch disse não ter gostado do filme, que considerou “americanizado”, mas acabou entrando no radar de dezenas de publicações e redes de TV.
 
Nos anos seguintes, ele seria uma figura frequente em documentários e publicaria um livro, Eu fui o guarda-costas de Hitler, feito a partir de uma longa entrevista concedida a um jornalista francês e publicado no Brasil pela editora Objetiva. 
Nas entrevistas, o guarda-costas se concentrou na reconstituição dos episódios testemunhados e evitou falar do Holocausto, afirmando que à época ignorava os horrores do nazismo. "Eu convivi com Hitler por cinco anos. Eu só o conheci como um chefe maravilhosamente bom. Ele sempre estava satisfeito conosco", disse à revista alemã Der Spiegel, em 2005.
 
Depois de 2008, com a morte do mensageiro Armin Lehmann, aos 80 anos, Misch havia se tornado o último sobrevivente do bunker de Hitler. 
 
Filha - Nascido em 1917 numa cidade da Silésia que hoje faz parte do território polonês, Misch entrou para a SS em 1937. Em setembro de 1939, foi ferido durante uma batalha contra tropas polonesas. Ganhou uma condecoração e o cargo de guarda-costas do ditador Adolf Hitler, chegando ao posto de sargento.
 
Nos últimos anos, Misch vivia isolado em Berlim. Sua única filha, Brigitte Jacob, que passou uma temporada num kibutz em Israel e trabalhava como arquiteta na restauração de sinagogas, havia cortado contato com ele. Em entrevista à BBC, em 2009, ela disse que não achava que seu pai era um criminoso, já que o trabalho de guarda-costas era inofensivo. "O que eu não entendo é que ele não tenha se distanciado desse passado", lamentou. "Não reflete sobre o que ocorreu. Falta reflexão crítica."
 
 
07 de setembro de 2013
in aluizio amorim

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