No passado recente, já houve candidatos militares à Presidência, como o marechal Eurico Dutra, o general Henrique Lott ou o brigadeiro Ivan Frota. Mas desta vez é diferente. Nas eleições anteriores não havia este carimbo de “chapa militar”, que acaba de ser estampado na candidatura do capitão reformado Jair Bolsonaro, que já havia tentado montar a chapa puro-sangue antes, com o convite ao general Augusto Heleno, que foi vetado pelo partido dele, o PRP, uma recriação da velha legenda integralista fundada por Plínio Salgado.
O que acontece agora é que os militares novamente querem o poder. Com o lançamento do general reformado Hamilton Mourão, presidente do Clube Militar, a situação fica mais clara. Os militares querem voltar ao Planalto, mas desta vez não precisam dar golpe, tentarão através do voto popular.
“NÃO FOI FELIZ” – Em seu discurso, no lançamento da chapa, o general Mourão fez um “mea culpa” e afirmou que ter errado ao defender a intervenção militar no país. “Naquela ocasião, eu não fui feliz na forma como respondi. O que eu quis colocar é que as Forças Armadas, dentro da visão militar, são responsáveis pela garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem. Quando se fala isso, está falando em garantir a democracia e a paz social. Felizmente tudo está caminhando da forma que tem que ser” – assinalou.
O vice de Bolsonaro ressalvou que não existe uma tentativa de atentado contra às instituições nem risco de intervenção militar. “Não estamos atentando contra as instituições, buscando quebrar o sistema democrático. Que radicalismo que existe aí? Não existe” – disse o general.
MÍDIA É CONTRA – O mais interessante na situação atual é que, ao contrário do que ocorreu em 1964, a grande mídia se posiciona contra os militares. Capitaneada pelo Grupo Globo, fica clara a aversão dos jornalistas aos candidatos militares. É exatamente o contrário do que ocorreu em 1964, quando apenas a Ultima Hora defendia o presidente João Goulart. Não há um só órgão da grande mídia que defenda Bolsonaro.
Ninguém sabe o que pode acontecer nesta eleição, a mais confusa desde a vitória de Collor, que na época era o preferido da mídia. O que já se percebe é que os militares vêm com tudo em cima, beneficiados pela incompetência da geração que está hoje no poder. Sem dúvida, Fernando Henrique, Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer são um fracasso continuado, presidentes que jamais defenderam os interesses nacionais.
E como não houve renovação de valores nas lideranças civis, vide os exemplos sinistros de Aécio Neves e Sérgio Cabral, o Brasil não tem hoje um candidato que realmente mereça o voto. Teremos de escolher o menos ruim.
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P.S. – Este é o quadro político, por enquanto. Com a adesão do general, de repente a chapa do capitão ficou mais forte. E do lado civil, resta definir quem enfrentará os militares, que a meu ver estarão no segundo turno, devido à progressiva desmoralização da classe política. Vai ser uma decisão eletrizante em 28 de outubro.
P.S. – Este é o quadro político, por enquanto. Com a adesão do general, de repente a chapa do capitão ficou mais forte. E do lado civil, resta definir quem enfrentará os militares, que a meu ver estarão no segundo turno, devido à progressiva desmoralização da classe política. Vai ser uma decisão eletrizante em 28 de outubro.
P.S. 2 – É claro que, se Bolsonaro vencer, não será ele quem governará. Os chefes militares vão assumir o poder. Desta vez, sem torturar e sem matar ninguém. Quanto a Bolsonaro, ele apenas vai posar de presidente. (C.N.)
09 de agosto de 2018
Carlos Newton
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