Charge do Toni D’Agostini (Arquivo Google) |
Muita gente costuma fazer críticas ao marxismo, sem na verdade conhecer a obra de Karl Marx e Friedrich Engels, até porque não se trata de um trabalho individual, mas de um esforço conjunto, a quatro mãos. Pessoalmente, tenho admiração maior a Engels do que a Marx, que era um jornalista classe média baixa, enquanto seu parceiro era o herdeiro de uma das primeiras multinacionais da História, com fábricas na Alemanha e na Inglaterra. Ou seja, ao defender os trbalhadores, Engels lutava contra seus próprios interesses pessoais. E o mundo gira, o tempo voa, porém Marx e Engels continuam influentes, conforme ficou recentemente comprovado na obra do economista francês Thomas Piketty, “O Capital no Século XXI”.
Não existem pensadores tão difamados, caluniados e depreciados como Marx e Engels. Atribuem a eles as maiores barbaridades cometidas por regimes que se diziam marxistas, mas procediam exatamente ao contrário.
INTELIGÊNCIA E SABER – Marx e Engels eram dois jornalistas que apostavam na predominância da inteligência e do saber. A defesa da ditadura do proletariado foi “pinçada” na obra deles para justificar outros tipos de ditaduras. Eles jamais defenderam censura à imprensa e execuções sumárias, não existe “paredón” na obra deles.
Agora, noticia-se que o governo de Cuba, que estranhamente se diz marxista, está promovendo uma reforma constitucional a ser aprovada pela Assembleia Nacional ainda em julho. A farsa é tão flagrante que será criada a função de primeiro-ministro, ao lado do cargo de presidente, como se a família Castro estivesse deixando o poder.
É tudo conversa fiada, porque fica mantido o Partido Comunista como única força política no país, e o Estado comunista como força econômica dominante. E Raúl Castro é quem comanda o Partido.
MANIPULAÇÃO – Outro golpe de marketing é que passam a ser reconhecidos o mercado livre e a propriedade privada na sociedade cubana, e será criada uma nova presunção de inocência no sistema judiciário. De novidade, apenas a presunção de inocência, porque a propriedade privada sempre foi reconhecida na Constituição cubana, ao lado da propriedade estatal, cooperativa, agrícola e de sociedade conjunta. Na antiga União Soviética, também sempre houve propriedade privada.
O jornal Granma, do Partido Comunista, anunciou no sábado, dia 14, que “as experiências adquiridas nestes anos de Revolução” e “os novos caminhos traçados” são algumas das razões para a reforma da Constituição. O anteprojeto, elaborado por uma comissão encabeçada por Raúl Castro, ex-presidente e primeiro-secretário do Partido Comunista, contém 224 artigos.
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P.S – Os grandes êxitos do regime cubano são o fim do analfabetismo, o combate à fome, a baixa mortalidade infantil e o alongamento da expectativa de vida (média de 79 anos). Mas isto só ocorreu devido à ajuda soviética (que já acabou), à venezuelana, que está por acabar, e à brasileira, que ainda se mantém com o programa Mais Médicos. O regime cubano não é autossustentável.
P.S 2 – Também na Constituição de Cuba a pequena propriedade privada já era reconhecida e existia na prática, embora a teoria não o fizesse. Agora eles querem dar um guinada capitalista, no que diz respeito a empresas. No mais, considerar o regime cubano como marxista é uma Piada do Ano. Não existe marxismo sem liberdade individual e liberdade de imprensa, aprendam isso.
P.S 2 – A reforma constitucional cubana é do tipo me engana que eu gosto. Sou marxista, mas não sou idiota. (C.N.)
17 de julho de 2018
Carlos Newton
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