Um novo documento reforça a suspeita da Polícia Federal de que a Argeplan, empresa do coronel João Batista de Lima Filho, intermediava pagamentos ilícitos ao presidente Michel Temer, na década de 90. O documento foi anexado no inquérito dos portos, que investiga se Temer favoreceu empresas do setor portuário na edição de uma Medida Provisória, em troca de propina. A informação é do site G1.
Segundo a Polícia Federal, o documento incluído agora é um complemento de outra planilha, sobre irregularidades no porto de Santos, que foi arquivado em 2011 pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF. O documento traz uma tabela com parcerias realizadas e a realizar, que indica pagamentos a MT, MA e Lima.
PLANILHAS – “Esse complemento de informações também estende a compreensão das informações da primeira planilha aqui apresentada (inquérito 3105), pois indica que os pagamentos apresentados nas planilhas para MT, MA e Lima teriam como destino inicial a empresa Argeplan”, dizem os investigadores.
Suspeita-se que MT seja Michel Temer, MA, Marcelo Azevedo, ex-presidente da Codesp que administra o Porto de Santos, e Lima, o coronel Lima, amigo de Temer.
O documento traz ainda a inscrição: ‘Todas as participações foram concedidas sem nenhum tipo de investimento por parte da Argeplan, além do cumprimento total das exigências políticas’, o que, segundo a PF, reforça o entendimento que a Argeplan funcionaria como intermediária dos pagamentos.
INVESTIGAÇÃO – No início do mês, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal a continuar investigando o presidente. No despacho, o ministro afirma que há um “volume expressivo de providências já tomadas e um conjunto relevante de informações obtidas” até agora pela Polícia Federal no âmbito da investigação.
Na Operação Skala, o delegado Cleyber Malta Lopes destacou que a planilha com as iniciais apontavam indícios de pagamento de R$ 340 mil mensais ao presidente Michel Temer, no fim da década de 90. De acordo com o delagado, a planilha indica que “MT” recebia 50% dos valores referentes aos contratos e que “MA” e “L” tinham 25% cada. A tabela foi entregue à Justiça pela ex-mulher de Azeredo, que estava em processo de divisão de bens e queria comprovar que o marido tinha outras rendas.
DELAÇÕES – A investigação foi iniciada a partir das delações de ex-executivos do Grupo J&F, controlador da JBS. Nas interceptações telefônicas da Operação Patmos, a Polícia Federal flagrou uma articulação entre o ex-assessor presidencial Rodrigo da Rocha Loures e um executivo da empresa Rodrimar, Ricardo Mesquita, para publicação de um decreto presidencial que poderia favorecer a empresa, concessionária de áreas no Porto de Santos.
Além de ter captado conversas frequentes entre Mesquita e Rocha Loures, a PF também flagrou um diálogo entre Loures e Temer no dia 4 de maio do ano passado, no qual eles falam sobre o Decreto dos Portos, que ampliou o período para as empresas explorarem áreas portuárias de 25 para 35 anos, podendo ser prorrogados até 70 anos.
Outro personagem desse caso é o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, amigo de Temer. Em sua delação, o ex-executivo da J&F Ricardo Saud disse que pagou R$ 1 milhão ao coronel, supostamente a pedido de Temer.
17 de julho de 2018
O Globo com G1
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