"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

MEIRELLES INSISTE NA CANDIDATURA E ATRAPALHA AS MANOBRAS PARA REELEIÇÃO DE TEMER



Entrevista de Moreira foi altamente esclarecedora
A entrevista do ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, era tão importante que o jornal escalou três repórteres do primeiro time: Geralda Doca, Leticia Fernandes e Paulo Celso Pereira. A entrevista foi pedida pelo próprio Planalto, que vem se entendendo às mil maravilhas com a cúpula do grupo Globo, desde o jantar secreto oferecido ao presidente Michel Temer na casa de Roberto Irineu Marinho no Rio de Janeiro, dia 4 outubro.
De lá para cá, as coisas melhoraram para o governo e para o mais poderoso grupo de comunicação do país, porque o faturamento publicitário aumentou espantosamente, com uma campanha massiva que vem beneficiando a mídia inteira em geral, numa pré-estreia da disposição do Planalto para o ano da sucessão, apesar da crise econômica.   Até o Ministério da Defesa está anunciando na TV Globo, acredite se quiser, embora não tenha recursos para alimentar os recrutas.
CANDIDATO ÚNICO – O objetivo da reportagem de página inteira, publicada na última sexta-feira, dia 5, era preparar o terreno para a candidatura de Temer à sucessão. O ponto principal consistia na defesa do lançamento de um candidato único da atual base aliada. Escalado para a missão, Moreira Franco soube passar a mensagem do Planalto, ao dar o recado sem citar nomes. Mas essa linguagem metafórica nem sempre funciona. Como poucos entenderam, torna-se necessário haver tradução simultânea. Confira o que Moreira disse:
 Nós fizemos uma primeira reunião, em que estavam os presidentes de partidos, do PR, do PRB, do PSD, do PTB, e o Rodrigo Maia que representava o DEM. Segundo os cálculos a grosso modo, aquele núcleo tem um potencial de eleição de algo em torno de 300 deputados federais. E creio que, se não a metade, um pouco mais, um pouco menos da metade do tempo de televisão. Se essas forças se unem, se nós conseguirmos ter um programa de governo comum e tivermos a possibilidade de um candidato… e esse candidato não pode ser imposto, tem que ter a naturalidade da sua capacidade de convencimento, de confiança para que possa representar esse conjunto. Eu creio que há possibilidade de termos candidato. Nas conversas que tenho tido com o presidente e outros companheiros, essa questão eleitoral não entrou ainda na nossa pauta. Nós estamos todos mobilizados para a Previdência. E pela razão que eu falei, porque na campanha, quem vai definir o rumo da prosa é a Previdência”, disse o ministro.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Moreira Franco disse que a atual base aliada, com mais da metade do tempo do horário eleitoral, tem condições de fazer maioria no Congresso e eleger o novo presidente. “Esse candidato não pode ser imposto, tem que ter a naturalidade da sua capacidade de convencimento, de confiança para que possa representar esse conjunto”, ressalvou, ao traçar um perfil que só pode ser do presidente Temer.
Em seguida, para disfarçar, teve a desfaçatez de dizer que “nas conversas que tenho tido com o presidente e outros companheiros, essa questão eleitoral não entrou ainda na nossa pauta”, embora em Brasília todos saibam que no Planalto não se fala em outra coisa, a não ser na reeleição.
Os repórteres insistiram, perguntando se Temer será candidato, e Moreira mentiu mais uma vez: “Não é a intenção, não creio. Mas a eleição não está ainda na nossa agenda”.
CLIMA DE DESESPERO – A verdade é que, no planejamento da reeleição, o Planalto esqueceu de combinar com os russos, e a insistência de Meirelles está levando o palácio à loucura. O pior é que ninguém tem intimidade para pedir que o ministro desista da candidatura, até porque ele não dá intimidade a ninguém.
Tem apenas um amigo no governo – o ministro Gilberto Kassab, das Comunicações, que é presidente licenciado do PSD. Na reunião da base aliada que Moreira Franco citou, em  nenhum momento Kassab prometeu pedir que Meirelles desista. Pelo contrário, seu maior sonho é fazer com que Meirelles seja o candidato da base aliada, com apoio do PMDB e espaço à vontade no horário eleitoral.
Rodrigo Maia também esteve na reunião e não concordou com a tese do candidato único. Pelo contrário. Deu entrevista a O Globo logo depois, para afirmar que é “arrogante” a afirmação de que o centro só vencerá a eleição se tiver apenas um nome na disputa. Ora, esta é justamente a tese do Planalto. Ou seja, Maia chamou o próprio sogro de “arrogante”, pois Moreira Franco é casado com a mãe da segunda mulher do presidente da Câmara.
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P.S. 1
 – Se não desistir, Meirelles vai dividir os votos do centro e sepultar o sonho de Temer, Padilha e Moreira – os três mosqueteiros que eram quatro, quando Geddel ainda estava na área.
P.S. 2 – Dificilmente Rodrigo Maia será candidato a presidente. Pode ciscar para lá e para cá, ganhando espaço na mídia e reforçando sua imagem, mas no final vai se candidatar novamente a deputado federal e se dedicar também à eleição do pai para o governo do Rio de Janeiro. Seu plano é ser reeleito e continuar na presidência da Câmara por mais dois anos, no comando de um DEM fortalecido. E depois seguir em frente(C.N.)

12 de janeiro de 2018
Carlos Newton

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