O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (MDB-PA), afirmou em depoimento à Polícia Federal que se reuniu com um executivo da Odebrecht em um hotel em São Paulo durante a eleição de 2014 para pedir “doação eleitoral oficial” à campanha dele ao governo do Pará. O ministro disse que recebeu R$ 2,2 milhões declarados à Justiça Eleitoral e negou ter recebido valores em caixa dois, o que contraria o depoimento de dois delatores da Odebrecht, segundo os quais foram pagos em espécie, não declarados, R$ 1,5 milhão em hotéis de São Paulo.
O depoimento de Barbalho, prestado em 14 de dezembro, confirma trechos dos depoimentos de Fernando Reis e Mário Amaro de Oliveira, executivos da Odebrecht que fecharam acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles haviam relatado que, em 2014, Barbalho viajara de Belém (PA) para o encontro em São Paulo ao lado de mais duas pessoas, o senador Paulo Rocha (PT-PA), aliado político na campanha, e o então prefeito de Marabá (PA), João Salame Neto (MDB), atual diretor de um departamento do Ministério da Saúde.
FORÇAS COMPROMETIDAS – Segundo Amaro, a Odebrecht detinha, por meio da empresa Saneatins, seis concessões de serviços de saneamento no interior do Pará e pretendia ampliar suas atividades. Por isso, procurou Barbalho para “identificar forças políticas no Estado que estivessem comprometidas com a ampliação da participação privada no setor de saneamento”. Em setembro de 2014, foi agendado o encontro no hotel Tryp em São Paulo.
Na reunião, segundo Amaro, Barbalho disse que, em seu futuro governo, “priorizaria o saneamento de água e esgoto” e “contaria com a Odebrecht Ambiental para estudar uma melhor forma de parceria público-privada”. Segundo Amaro, o candidato mencionou que precisava de R$ 30 milhões para a campanha e indicou um nome “para que recebesse os valores”, o do ex-senador e atual secretário nacional de Portos, vinculado ao Ministério dos Transportes, Luiz Otávio Oliveira Campos.
Segundo Amaro, Paulo Rocha não pediu recursos para sua campanha. Amaro disse que dias depois foi a Brasília para se encontrar com Campos em sua casa, no Lago Sul, e informou que a Odebrecht iria pagar R$ 1,5 milhão em caixa dois. Os delatores entregaram à PGR uma planilha com o registro de três pagamentos à campanha do ministro, sob o codinome “Cavanhaque”.
CONTRIBUIÇÃO PARA CAMPANHA – Barbalho negou ter indicado o nome de Campos para Amaro. Contudo o próprio Campos, em depoimento à PF, confirmou ter recebido Amaro em sua casa e disse ter ouvido do executivo que a empresa iria contribuir com R$ 1,5 milhão para a campanha em doação oficial. Campos disse que apenas pediu que Amaro entrasse em contato com o então secretário-geral do MDB no Pará, que já morreu, e não mais teve contato com ele. Em nota à Folha, Helder Barbalho afirmou que mantém seu depoimento à PF.
“Todas as doações para a campanha ao governo do Pará, em 2014, foram legais, apresentadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.” Salame disse, por meio da assessoria do Ministério da Saúde, que “confirma o relato do ministro Helder Barbalho e reforça que não participou da conversa”. À PF o ministro não disse que Salame ficou fora da reunião. A assessoria do senador Paulo Rocha disse que não o localizou.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A versão de Mário Amaro, o delator, foi a de que no encontro, em 2014, em um hotel no Itaim Bibi, Barbalho tinha dois problemas; o do saneamento no Pará, que seria uma de suas prioridades, via solução privada, e a necessidade de bancar a campanha. Exagerou em R$ 30 milhões. A Odebrecht quase desistiu, mas fechou em R$ 1,5 milhão, em três vezes. A intenção da empreiteira era estabelecer uma “relação melhor” com a Companhia Estadual de Saneamento do Pará (Cosanpa) que fazia o que podia para “perturbar”. Companhias estaduais não gostavam de perceber que poderiam perder terreno para operadores privados. Barbalho, derrotado no segundo turno das eleições pelo tucano Simão Jatene, disse que o enredo não foi bem esse. Que não tinha qualquer ingerência sobre a área de saneamento no município de Marabá, que não foi via caixa 2 e, o que mais o intrigou, nunca usou cavanhaque. (M.C.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A versão de Mário Amaro, o delator, foi a de que no encontro, em 2014, em um hotel no Itaim Bibi, Barbalho tinha dois problemas; o do saneamento no Pará, que seria uma de suas prioridades, via solução privada, e a necessidade de bancar a campanha. Exagerou em R$ 30 milhões. A Odebrecht quase desistiu, mas fechou em R$ 1,5 milhão, em três vezes. A intenção da empreiteira era estabelecer uma “relação melhor” com a Companhia Estadual de Saneamento do Pará (Cosanpa) que fazia o que podia para “perturbar”. Companhias estaduais não gostavam de perceber que poderiam perder terreno para operadores privados. Barbalho, derrotado no segundo turno das eleições pelo tucano Simão Jatene, disse que o enredo não foi bem esse. Que não tinha qualquer ingerência sobre a área de saneamento no município de Marabá, que não foi via caixa 2 e, o que mais o intrigou, nunca usou cavanhaque. (M.C.)
13 de janeiro de 2018
Rubens Valente e
Reynaldo Turollo Jr.
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário