"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 13 de janeiro de 2018

JOESLEY E WESLEY VOLTAM A COLABORAR EM INVESTIGAÇÕES SOBRE PROPINAS DA LAVA JATO


Defesa diz que o melhor caminho é insistir na delação
Presos há quatro meses, os delatores da J&F, controladora da JBS, decidiram mudar de estratégia de defesa e voltaram a colaborar com as investigações na tentativa de não ter os benefícios de seus acordos de delação suspensos definitivamente. Os donos do grupo, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que vinham mantendo silêncio, voltaram a falar o que sabem em ao menos três depoimentos à Polícia Federal desde dezembro. Ex-diretor de relações institucionais do grupo, Ricardo Saud também voltará a colaborar em breve.
Saud não respondeu aos questionamentos dos investigadores feitos nesta quarta-feira, dia 10, na sede da PF, em Brasília, sobre o caso do decreto dos portos que teria beneficiado a empresa Rodrimar e que envolve o presidente Michel Temer. No entanto, disse ao delegado Clayber Lopes, responsável pela apuração, que em breve irá falar. O ex-diretor afirmou à J&F que dispensará a banca de advogados da empresa para contratar outros escolhidos por ele.
CAIXA 2 -Segundo o criminalista André Callegari, que assumiu a defesa dos irmãos Batista em novembro, Joesley já se portou como delator em depoimentos à PF sobre investigações envolvendo o senador José Serra (PSDB-SP) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), hoje preso em Natal. No caso de Serra, o empresário reforçou as acusações contra o tucano, dizendo que ele lhe pediu R$ 20 milhões para sua campanha à Presidência em 2010 e disse que parte dos repasses foram pagos por meio de caixa dois. Desde a primeira citação, Serra nega as acusações e diz que suas campanhas foram feitas dentro da lei.
Joesley também se comprometeu a procurar provas para corroborar o relato, como registros de visitas de Serra à sede da empresa no ano da campanha. Já Wesley Batista depôs na investigação da Operação Lama Asfáltica, do Mato Grosso do Sul, que investiga pagamentos de propina a políticos do estado. Quando compareceram à CPI da JBS, em novembro, os irmãos ficaram calados e deram como justificativa a “situação jurídica” indefinida em que se encontravam
“Eles estavam em silêncio por dois motivos: a insegurança jurídica (diante da possibilidade de terem a delação rescindida) e o sigilo da segunda leva de anexos que entregaram à Procuradoria-Geral da República. Tinham receio de falar sobre algo que estava sob segredo de Justiça e darem motivos para suspender o acordo”, justificou Callegari. 
SEM SIGILO – Com a manifestação da procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, de que não há sigilo sobre esses anexos, os delatores se sentiram mais seguros para voltar a colaborar. Por outro lado, Dodge reiterou o pedido de seu antecessor, Rodrigo Janot, para que os acordos fossem rescindidos definitivamente, mas ainda falta decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Os executivos da J&F, contudo, decidiram voltar a colaborar antes da solicitação de Raquel Dodge e mantiveram a postura mesmo após ela se manifestar pelo fim de sua colaboração
Para a procuradora-geral, Joesley e Saud romperam cláusulas do acordo ao omitirem, de forma intencional, fatos criminosos dos quais participaram ou tinham conhecimento. Ela citou a atuação do ex-procurador Marcello Miller em nome dos interesses da J&F quando ainda ocupava o cargo na  Procuradoria-Geral da República , o pagamento de R$ 500 mil ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e a existência de uma conta bancária de Saud no Paraguai.
DELAÇÃO – Mesmo com a manifestação de Dodge pelo fim da negociação, a defesa dos executivos avalia que o melhor caminho para tirá-los da prisão é insistir no acordo de delação e que não há volta após tantas revelações virem à tona. Tanto Ricardo Saud quanto os irmãos Joesley e Wesley Batista estão presos desde setembro de 2017, quando Janot levantou suspeitas sobre irregularidades praticadas na negociação da delação da J&F apontadas em uma gravação entre Saud e Joesley.
Além da rescisão do acordo, ele pediu ao ministro do STF Edson Fachin a prisão dos dois executivos e de Miller. O ministro acatou o pedido somente em relação aos delatores. Já Wesley foi preso no âmbito de uma investigação de uso de informação privilegiada para obter lucro no mercado financeiro.

13 de janeiro de 2018
Bela Megale

O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário