"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ADVOGADO QUE MONITORAVA DELAÇÃO DE FUNARO REUNIU-SE COM PADILHA NA CASA CIVIL

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Gonçalves diz que “visitou” Padilha
O advogado Marcos Joaquim Gonçalves, acusado pelo operador e doleiro Lúcio Funaro de ter monitorado se ele faria delação premiada, encontrou-se com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), no Palácio do Planalto. A reunião aconteceu em 20 de junho, época em que já se noticiava o interesse de Funaro em delatar. Na agenda oficial de Padilha daquela data, o ministro recebeu o advogado Marcos Joaquim Gonçalves às 11h30.
A Casa Civil informou que o encontro foi para que o advogado apresentasse seu novo escritório ao ministro. O advogado disse o mesmo: “A reunião na Casa Civil foi de apresentação do novo escritório. Não se tratou de Lúcio Funaro ou de qualquer delação a qualquer momento”, afirmou.
ACORDO DE DELAÇÃO – Funaro é apontado como operador de propinas do PMDB. O acordo de delação dele foi fechado com a Procuradoria Geral da República em 22 de agosto e homologada pelo Supremo Tribunal Federal em 5 de setembro. Na delação, ele faz referências, entre outros, a Padilha, ao presidente Michel Temer e ao ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Marcos Joaquim Gonçalves é um dos advogados de Eduardo Cunha. “Advogo para ele nos processos fiscais e regulatórios, bem como atuo ao lado de outros advogados na sua defesa”, afirmou.
Na delação premiada, Funaro diz que Eliseu Padilha era uma das pessoas que, por meio de advogados, monitorava se o delator colaboraria com as investigações. Uma dessas pessoas, segundo o operador, era Gonçalves.
Monitoramento – Lúcio Funaro disse também que o advogado fazia esse monitoramento de maneira “suave”, porque era próximo dele e da família e que utilizava a mesma prática do ex-ministro Geddel Vieira Lima para monitorá-lo – por meio de ligações para a mulher do operador.
Segundo o delator, além de Gonçalves, Padilha procurou Daniel Gerber, então advogado de Funaro, para saber se, de fato, haveria delação.
Daniel Gerber teria inclusive, de acordo com Funaro, visitado o operador na prisão após os questionamentos do ministro. Atualmente, Gerber é advogado de Eliseu Padilha. Por telefone, o advogado afirmou que não comenta declarações de delator.
FUNDOS DE PENSÃO – Na delação, o operador doleiro disse, também, que Marcos Joaquim Gonçalves foi apontado por Eduardo Cunha como caminho para impedir que Wagner Pinheiro, ex-presidente do fundo de pensão Petros, e Antônio Conquista, ex-presidente do fundo Postalis, fossem convocados pela CPI dos fundos de pensão, em 2015.
Funaro diz que houve uma reunião na casa do advogado com o deputado Sergio Souza (PMDB-PR) e um assessor do parlamentar, e que ficou combinado o pagamento de R$ 9 milhões para que os depoimentos não acontecessem.
Na delação, Funaro diz que o dinheiro foi pago pelo empresário Arthur Pinheiro Machado, dono de uma corretora, e parte dos valores foi paga em dinheiro vivo ao deputado.
ERA O RELATOR – Sergio Souza era relator da CPI dos fundos de pensão. Apesar de três requerimentos para convocação de Wagner Pinheiro terem sido aprovados, ele nunca chegou a depor na comissão.
Antônio Conquista e Wagner Pinheiro ficaram fora da lista de indiciados no relatório final de Sergio Souza, apesar da pressão de vários parlamentares da CPI.
Ouvidos pelo G1, todos os citados negaram envolvimento nos fatos relatados pelo doleiro Funaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Nunca antes, na História deste país, um ministro da Casa Civil recebeu em audiência um advogado para ser comunicado de que o ilustre causídico havia inaugurado um novo escritório. O excesso de criatividade na bolação da desculpa só serve para aumentar as suspeitas. Padilha, que responde a uma série de processos e inquéritos, poderia ter simplesmente dito que pretendia contratar o criminalista, e ninguém poderia duvidar da justificativa. (C.N.)


29 de setembro de 2017
Marcelo Parreira e Camila Bomfim
TV Globo, Brasília

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