"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 5 de agosto de 2017

RECADO DO EXÉRCITO MOSTRA QUE INTERVENÇÃO MILITAR É UMA POSSIBILIDADE CONCRETA

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Villas Bôas anexou a foto da reunião do Estado Maior
Em países minimamente civilizados, comandantes das Forças Armadas não fazem comentários sobre assuntos políticos. Por isso, quando se manifestam, todo cuidado é pouco. Aqui no Brasil, poucas horas depois de a Câmara Federal ter rejeitado a abertura de processo criminal contra o presidente Michel Temer, o comandante do Exército mandou um duro recado ao governo. Através de sua conta no Twitter, disse o general Eduardo Villas Bôas: “Conduzo seguidas reuniões sobre a gestão dos cortes orçamentários impostos ao Exército. Fazemos nosso dever de casa, mas há limites”.
O fato concreto é que, na noite em que o presidente Temer escapou de ser afastado do governo por acusação de corrupção passiva, o general Villas Bôas dormiu pouco. Na madrugada de quinta-feira, já estava em plena atividade. E antes mesmo do sol nascer, às 5h26m, o chefe militar usava o computador para transmitir seu recado ao governo de uma forma aberta, para que chegasse ao conhecimento de todos os possíveis interessados.
NOTA OFICIAL – Os jornalistas logo buscaram informações junto à Assessoria de Comunicação do Exército, e o general Villas Bôas mandou distribuir uma nota oficial da maior importância. O texto adverte que o contingencionamento de verbas impede o Exército de reforçar a segurança pública e desenvolver outras atividades de interesse social, como apoio em situações de calamidade pública.
A nota oficial anuncia também a redução das atividades de patrulhamento nas áreas de fronteiras, “onde o Exército é a única presença do Estado e presta apoio às populações locais”. E comunica que haverá “quebra de contratos e obrigações assumidas pelo Exército, com consequente pagamento de multas e encargos decorrentes”.
Portanto, fica explicado por que o Exército já abandonou as ruas do Rio de Janeiro, mal iniciara o reforço da segurança pública local.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Os comandantes das Forças Armadas não falam. Quando falam, devem ser ouvidos. No ano passado, os três, isoladamente, deixaram claro que não aceitariam redução na aposentadoria dos militares, e o governo imediatamente concordou.
Recentemente, em 28 de junho, o general Villas Bôas ainda estava animado com a promessa de o governo reajustar os salários dos militares, muito defasados em relação aos servidores civis, e anunciou no Twitter que “o Estado-Maior do Exército estuda modificações para a carreira dos graduados. Assim que tenhamos posição final faremos a comunicação”.
Mas agora a ficha caiu. O governo teve recursos de sobra para manter a gastança administrativa dos ministérios, derrubou o teto de gastos estabelecido pela Fazenda, conseguiu comprar a consciência de dezenas de deputados federais, mas não tem dinheiro para as Forças Armadas e contingenciou de 43% de suas despesas discricionárias, embora a média histórica seja de apenas 17,5%.  E além de não haver reajuste salarial, volta-se a falar que a aposentadoria dos militares precisa ser revista. E agora?
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P.S.
 – Para reforçar a advertência ao governo, o comandante Villas Bôas anexou no Twitter a fotografia da reunião do Estado-Maior. Com isso, está assinalando que o recado não é dele, mas do Exército Brasileiro. Todo cuidado é pouco(C.N.)


05 de agosto de 2017
Carlos Newton

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