O PT, de Lula, e o PCdoB de Jandira Fegali – reportagem de Pedro Venceslau, Gilberto Amêndola e Valmar Hupsel Filho, O Estado de São Paulo deste sábado – manifestaram surpreendentemente em favor do presidente Nicolas Maduro, que está lutando para implantar uma ditadura na Venezuela, a base da violência oficial, desejando perpetuar-se no poder. O apoio do PT foi encaminhado pela presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann. O PCdoB manifestou-se através do Secretário Geral do Partido, Edmilson Costa. O PDT de Ciro Gomes e o PSOL de Chico Alencar também participaram do evento. Tudo isso aconteceu num evento do Foro de São Paulo, realizado na cidade de Manágua, capital da Nicarágua.
Caiu a máscara das agremiações que se apresentam como sendo de esquerda e defensoras da liberdade, e que na hora de comprovarem o que dizem representar apoiam efetivamente os regimes ditatoriais que sufocam as liberdades do povo, como é o caso de Nicolas Maduro na Venezuela. Basta se confrontar as mortes, as prisões, a censura aos jornais e o exercício do poder para se chegar à conclusão de que Nicolas Maduro atua no lado absolutamente oposto da democracia.
DIREITA E ESQUERDA – Maduro não está sozinho na busca de uma ditadura a seu favor. No continente já temos o exemplo de Cuba com Raúl Castro. Entretanto, Cuba se apresenta com o manto do comunismo declarado. Maduro luta por si próprio no poder que projeta no fundo um regime fascista, portanto, alinhando-se na extrema direita, numa contradição total entre a palavra e o gesto, entre o projeto e a realidade no fundo almejada.
O comunismo no mundo hoje só está restrito à Coreia do Norte. Existem países como a China, segunda potencia econômica do mundo, que se apresentam como comunistas, mas que na realidade são comunistas no campo político e capitalistas no plano econômico. Com um PIB superior a 10 trilhões de dólares, a China inclui grande número de empresas privadas operando a níveis do mercado internacional. Portanto, está em posição contrária à do comunismo tradicional. Cuba também se apresenta como comunista, porém em seu território atuam empresas privadas.
PRINCÍPIOS DOGMÁTICOS -Assim confunde-se exatamente as suas realidades com os princípios dogmáticos do comunismo, que partiu do pensamento de Karl Marx, saindo dos livros do século XVIII para a Revolução liderada por Lenin em 1917.
Fácil é alguém dizer-se comunista. Difícil é ser comunista de forma concreta. Dá a impressão de que as lideranças atuais do comunismo desejam o capitalismo para suas economias e o comunismo para o povo. A Rússia sequer se apresenta hoje como um país comunista. O comunismo caiu com a derrubada do Muro de Berlim e a política de distensão de Gorbachev. Mas esta é outra questão.
Voltando-se ao comportamento do PT, PCdoB e do PDT, verifica-se que abandonaram totalmente as teses básicas, não do comunismo, mas do reformismo social que sustentavam como um objetivo de ação. Espanta mais a posição do PCdoB porque possui a palavra comunista na sua legenda.
HUMANISMO – As esquerdas atuais nada têm de extremistas. Porque ser reformista é uma coisa, seR extremista outra. Reformistas são aqueles que atuam inspirados no humanismo, valorização do ser humano e do trabalho, não rejeitando o capital, como força produtiva, porém desejando uma participação maior dos trabalhadores e trabalhadoras no crescimento econômico.
Há alguns exemplos marcantes, não apenas no campo social, mas também no plano da religião e da ciência. Grandes exemplos de reformistas são Martinho Luthero, Karl Marx, Freud, Einstein, Ghandi, Roosevelt, para citarmos apenas as figuras que se eternizaram na história. No fundo bateram-se pela liberdade e pelo princípio, nem tanto da igualdade, mas do equilíbrio entre os limites da remuneração do capital e os salários dos que trabalham.
No Brasil, infelizmente, não se percebe qualquer atuação política para obter o equilíbrio que cito no texto.
23 de julho de 2017
Pedro do Coutto
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