Atualmente vemos, em vários setores da política, a menção de que Herman Benjamin é o novo herói do povo brasileiro, principalmente ter votado a favor da cassação de Temer (embora tenha perdido, no fim, por 4×3). Entre os sites que o chamaram de herói estão El País, Folha Política, Folha de São Paulo, Pelo Amor de Deus e Portal News. Uma petição na Avaaz dizia, durante a votação: “Benjamin se tornou a voz do povo e pode finalmente impor limites à corrupção desenfreada que envenena nossa política. O TSE está pronto para votar. Agora parece que o nosso lado está perdendo por apenas um voto e o TSE poderá abandonar o caso e inocentar e Temer pelos crimes cometidos nas eleições. Vamos somar nossas vozes e publicamente agradecer e apoiar o Ministro Herman, e torná-lo um herói nacional.”
O site da Rede diz que Benjamin deu uma “aula de direito”. Já o Jornal da Cidade Onlinedisse que o ministro deu “aula de dignidade”. O Antagonista falou em uma “aula de Benjamin”.
Esses são apenas alguns dos exemplos. Nota-se que Herman Benjamin se tornou um ícone tanto para a extrema-esquerda como para setores da direita. Capaz de algum partido de extrema-esquerda adotá-lo como vice para 2018. Viraria chapa forte!
Mas, no fundo, Benjamin é mais um exemplo de redenção, pois uma matéria do Implicante – feita na época da eleição de Dilma em 2014 – mostrava-o como absurdamente partidário em favor da ex-presidente (então candidata a reeleição, no que foi vitoriosa). Benjamin foi nomeado para o TSE por Lula e chamava a atenção por publicar seguidas decisões favoráveis à campanha de Dilma.
Uma das decisões da campanha, Benjamin atendeu a mais uma das solicitações da campanha de Dilma e ordenou que o Google retirasse do ar o vídeo com um carteiro que entregava panfletos da campanha da presidente. No parecer, o ministro chegou a tirar conclusões subjetivas acerca do tom de voz da pessoa que faz a filmagem.
De acordo com o relator, embora não seja possível verificar neste momento se há montagem ou não, o tom da voz da pessoa que faz a gravação indica interesse de se valer de um fato real, a distribuição de panfletos eleitorais pelos Correios, para divulgar informação falsa – ou seja, coação dos carteiros a distribuírem ilicitamente panfletos da candidata Dilma Rousseff. Ainda segundo o ministro, segundo o vídeo, a candidata saberia da irregularidade. Benjamin ponderou que não há prova disso.
Havia outro caso de censura via TSE de outro vídeo crítico à presidente. O conteúdo, porém, trazia apenas Silas Malafaia questionando o posicionamento de Dilma ao pedir diálogo com os extremistas do ISIS. Fingindo ignorar que se tratava de um entendimento pessoal da parte do pastor, o ministro emitiu a narrativa dizendo que existia excessos na fala por, segundo Herman, “não haver conhecimento de apoio da candidata a grupos terroristas, mesmo sendo ela ela considerada por muitos uma ex-terrorista”.
Ao conceder a liminar, o ministro concorda que há conotação eleitoral no caso, uma vez que o vídeo veicula discurso da candidata Dilma e explora sua imagem. “O País está a praticamente 48 horas das eleições, e esse tipo de veiculação na rede mundial de computadores tem nítido viés de propaganda eleitoral”, justificou o ministro na decisão. Segundo Herman, houve “excesso por parte do Sr. Silas Malafaia, uma vez que não se tem conhecimento algum de que a candidata Dilma Rousseff apoie qualquer grupo terrorista”.
Para disfarçar, Benjamin deu uma decisão contra a campanha de Dilma e ordenou que o site Muda Mais, de defesa de Dilma e ataques aos seus adversários, fosse retirado do ar. Só que havia um truque maroto, pois a decisão só durou dois dias e logo foi liberado o acesso à página.
Na terça-feira, 16, Benjamin havia determinado a retirada do ar ao examinar uma representação da candidata do PSB, Marina Silva. De acordo com a representação, o site não estava devidamente registrado na Justiça Eleitoral para fazer propaganda a favor de Dilma. Na noite desta quinta-feira, 18, o Muda Mais já estava ativo e com uma mensagem sobre a nova decisão de Benjamin.
Noutra decisão em favor dos pedidos de Dilma, uma peça eleitoral de Marina Silva foi suspensa pelo ministro sob uma narrativa dizendo de que a mídia continha ofensa de caráter pessoal a Dilma.
Na referida propaganda, a coligação da candidata Marina Silva alega que eventual corrupção no âmbito da Petrobras tem financiado a base aliada dos partidos que apoiam a Coligação com a Força do Povo. Afirma, ainda, que a candidata Dilma Rousseff foi chamada a responder perante o Tribunal de Contas da União pelo prejuízo causado pela negociação envolvendo a refinaria de Pasadena, uma vez que, na época, ela fazia parte do Conselho de Administração da Petrobras.
O fato é que Herman Benjamin é a prova definitiva de que as pessoas podem se redimir de seus pecados mais bizarros e serem até santificadas. Quem olha o passado de votações de Benjamin em favor de Dilma e hoje o vê como um novo santo para até mesmo setores da direita começa a entender que o poder da redenção é ilimitado.
13 de junho de 2017
ceticismo político
Nenhum comentário:
Postar um comentário