"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de junho de 2017

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Batman e 007 morreram, porém arapongas seguem vivos no Brasil onde o Crime compensa e se reinventa




A maioria dos brasileiros ficou muito pt da vida com o vergonhoso 4 a 3 no tapetão do TSE, salvando a pele do time Dilma/Temer. A semana entrecortada por um feriadão promete ser tensa. A Lava Jato promete mais um capítulo eletrizante. Especula-se sobre o anúncio das sonhadas delações premiadas de Antônio Palocci, Eduardo Cunha, Lúcio Bolonha Funaro (o doleiro de todos) e da turma da OAS (que promete ferrar com membros do Superior Tribunal de Justiça e até da Procuradoria Geral da República). Paira no ar a ameaça de que alguns bancos e corretoras entrarão na dança da República de Curitiba.

Enquanto a gente paga (imposto caro) para ver, a infernal temperatura da politicagem é aumentada com uma denúncia que tem jeitinho de factóide, tiro na água ou acerto no alvo errado. A revista Veja publicou uma “informação” (atribuída a “um auxiliar do Presidente”, obviamente não identificado) de que Michel Temer teria dado ordens ao seu Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para acionar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar o ministro-relator da versão suprema da Lava Jato, Luiz Edson Fachin.

Evidentemente, Michel Temer negou ter ordenado tamanha “bisbilhotice”. Uma nota oficial do Palácio do Planalto até termina com uma frase que muita gente tem dificuldade em acreditar: “Reitera-se que não há, nem houve, em momento algum a intenção do governo de combater a operação Lava Jato”. O General de quatro estrelas Sérgio Etchegoyen, do GSI, até telefonou para a presidente do STF, para repelir a história fantasiosa. Etchegoyen foi direto com a suprema-magistrada: “Eu não prestaria a isso”.

Fala sério... Ou a turma da Veja está de sacanagem ou desconhece como funciona o sistema real de espionagem, jagunçagem e assassinato de reputações no Brasil. A famosa “arapongagem” (espionagem ilegal) opera a pleno vapor em Bruzundanga. No entanto, tal serviço sujo não é operado pela Abin. Os bandidos são privados. Os “investigadores” se aproveitam da corrupta máquina estatal, na qual muito dinheiro pode comprar a informação (privilegiada) que se desejar.
Geralmente, o serviço imundo de informação/contrainformação é feito por especialistas estrangeiros. Poderosos empresários gastam em duas frentes: contratam transnacionais do setor de inteligência para se protegerem dos arapongas e, quando ficam no sufoco, apelam aos arapongas ilegais para monitorar e sabotar inimigos, vazando informações na mídia que se vende. Assim ocorre a chamada “Guerra Híbrida”. Vale ler atentamente o artigo do General Carlos Alberto Pinto Silva neste Alerta Total: 
Negros Horizontes para o Brasil

Exatamente por saber que a banda toca desse jeitinho canalha foi que a presidente do Supremo Tribunal Federal reagiu prontamente à “denúncia” da Veja. A nota oficial de Cármen Lúcia foi duríssima: "É inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a Democracia e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da vida de um de seus integrantes. Própria de ditaduras, como é esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente processados e condenados na forma da legislação vigente”.

Ao aderir à Lava Jato, quase no estilo “pega-pega-ladrão” da República de Curitiba, o STF se torna alvo da riquíssima e poderosa bandidagem. A coisa vai ficar mais preta que a toga. Ainda mais porque o Judiciário também entra na berlinda, por lentidão ou pela conivência de alguns de seus membros com as coisas erradas e criminosas. Se forem totalmente homologadas as delações da OAS, o mundo jurídico vai ficar mal na fita. O lado bom é que os magistrados honestos vão rasgar a toga e partir para a ofensiva da cidadania – como têm feito vários juízes e desembargadores que efetivamente combatem a organização criminosa.

Eles precisam correr... O Crime Institucionalizado se reinventa no Brasil da impunidade seletiva. Vide a Medida Provisória 784/17 – publicada com a pretensa intenção de coibir crimes cometidos por grandes empresas em conluio com a corrupta máquina estatal. O Diabo adorou a MP. Perguntinha idiota: Por que será que o setor financeiro foi beneficiado em mais este regramento que facilita os tais “acordos de leniência” (espécie de delação premiada para a Pessoa Jurídica)? Por que proteger o setor que é o maior responsável pela circulação de dinheiro sujo – a ser lavado ou esquentado?

Semana passada, morreu Roger Moore um dos melhores agentes 007 – craque na espionagem da ficção. Ontem, quem faleceu foi Adam West – o Batman que usava mais a inteligência que a truculência. No Brasil, a espionagem ilegal a todo vapor ainda vai assassinar muitas reputações (ilibadas ou canalhas). O Crime Institucionalizado também não morre e pode renascer com mais força, se a maioria honesta da sociedade não promover uma Intervenção Institucional para redefinir a estrutura estatal.

Semana que vem tem mais Lava Jato contra a bandidagem... Na mesma bat-hora... E nos mesmos bat-canais...

Releia o artigo: Supremo Tribunal Federal tem obrigação moral de reavaliar decisão do TSE que salvou Dilma e Temer

Corrupção científica




Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!


11 de junho de 2017
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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