Refiro-me, principalmente, ao fato da existência de furos em demasia que aparecem nesse fenomenal queijo rançoso infestado pelos ratos gulosos da política brasileira.
Todo esse imbróglio que veio à tona com exclusividade pelo jornalismo da Rede Globo teve direito à suíte que é para não deixar a peteca cair, o que já é uma coisa muito interessante, se é que me entendem. Apesar disso, o caso ainda está cingido de hiatos. A narrativa, as gravações e outras peças constantes desse fabuloso escândalo surgem como um puzzle gigante que está difícil de ser montado. Há momentos em que surge a exigência de ferramentas cortantes para aparar arestas teimosas que impedem a consumação dos encaixes.
Ao longo de sua alocução analítica Joice Hasselmann traz à luz essa fabulosa encrenca e cita precisamente um fato que por certo já pôde ser notado por todos aqueles que acompanham esse caudal de corrupção descoberto incialmente pela Operação Lava Jato. Os delatores que operaram o maior assalto aos cofres do Estado brasileiro, desta feita aproveitaram o solavanco do mercado, decorrente de suas próprias roubalheiras, para turbinar seu próprio caixa e rumaram para uma vida de prazeres, como se nada tivesse acontecido, na cosmopolita e famosa New York City. Como toda certeza não regatearam no guichê do aeroporto e, decerto, como não poderia deixar de ser, foram bebericando tulipas borbulhantes e relaxando todas as tensões do affaire em aconchegante first class.
Muito diferente, portanto, como bem assinala Joice, de processos análogos no âmbito da Operação Lava Jato.
Eu, particularmente, fiz várias tentativas para decifrar as gravações publicadas por veículos da grande mídia, notadamente com respeito ao diálogo entre Michel Temer e o homem da JBS. Não logrei sucesso. Pode ser que o Sound Cloud estava à meia boca pela precária velocidade da internet brasileira.
Enfim, há uma série de questões muito mal explicadas até o momento. Soma-se a isso o fato de que as revelações da Rede Globo foram saudadas pelas claques de Lula. Os famigerados "mortadelas" saíram da toca em algazarra. Partidos comunistas como PSOL, Rede de Marina da Selva, PCdoB e outras excrescências esquerdistas polarizaram os holofotes e foram destaques na grande mídia. Não foi por menos que escrevi artigo aqui no blog a partir de uma indagação que continua pertinente: "A quem aproveita o crime?"
De certa forma, a análise formulada por Joice Hasselmann exprime preocupações análogas às que formulei no meu escrito. Persiste, por enquanto, uma névoa de inconsistências e contradições. Por isso continua pairando no ar a ameaça real de venezuelização do Brasil. Além disso, todas as reformas ensaiadas para prover de oxigênio o combalido Estado brasileiro e sua raquítica economia foram abruptamente paralisadas.
Vejam o vídeo e tirem suas próprias conclusões. A verdade é que por enquanto as coisas continuam péssimas para o Brasil. Por isso, tudo que está acontecendo na Venezuela continua acossando os cérebros que contêm mais de um neurônio.
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NB.: Algum tempo depois de editar esta postagem li um editorial do jornal O Estado de São Paulo que, em grande medida, coincide com a minha análise. Vale a pena ler. Clique AQUI
20 de maio de 2017
in aluizio amorim
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