"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 27 de maio de 2017

CHEGA, BASTA, NÃO DÁ MAIS...

Dois ex-governadores e um ex-vice atualmente presos na Polícia Federal. Um senador cassado em pleno exercício do mandato, mais dois senadores que renunciaram para não serem cassados. Um governador preso em exercício deixou o Buriti diretamente para a Superintendência da Polícia Federal. Até mesmo um governador interino denunciado quando em exercício da governadoria por meros oito meses. Vários deputados distritais, inclusive a presidente da Câmara Legislativa, afastados do exercício do mandato pela Justiça. Este é um balanço lúgubre da atividade política em 31 anos de autonomia política de Brasília.

O que deu errado? Ou melhor o que está dando errado?

Mais ainda, por que a cidade que congrega a elite burocrática do País não consegue implantar uma política igualmente de elite?

Seria a atividade político partidária contrária à gênese da capital artificialmente transplantada para o Planalto Central? Uma vez tal atividade ter sido extinta junto com a antiga Câmara de Vereadores que funcionava no Rio de Janeiro enquanto capital federal.

Seria ainda resultante da adoção de um modelo político inadequado, uma vez copiado dos modelos estaduais, como se o Distrito Federal não fosse uma unidade política única, diferenciada, portanto, dos demais estados federados.

Muitas são as perguntas sem respostas convincentes. Enquanto elas não veem, resta-nos conviver com a trágica realidade política que nos foi imposta.

Em face da discussão no Congresso de uma reforma política, oportuno seria incluir o tema referente ao modelo político do DF nesse debate. Poderia vir a ser a luz no fim do túnel.

Do jeito que está é que parece não poder continuar. Quando não é a corrupção é a quase inércia a nos governar.

É muito pouco para uma cidade que nasceu sob os signos do modernismo, do pioneirismo, da inovação, da vibração cívica, da esperança e tantos outros emuladores positivos.

Tudo isto parece estar sendo embaçado pela má política. Pela ineficiência governamental – e não é de agora – que o diga nossas calçadas, nosso asfalto esburacado, para citar o mínimo. Pelos privilégios de uma elite governamental que resiste, parcialmente, a abrir mão de um passado que não cabe mais no Brasil.

Não dá mais, basta, chega.


27 de maio de 2017
João Paulo Peixoto é professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados de Governo e Administração Pública (CEAG), Universidade de Brasília (UnB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário