"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 16 de março de 2017

VOTO EM LISTA FECHADA, A SALVAÇÃO DOS CORRUPTOS

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Charge do Nani (nanihumor.com)
O clube dos delatados teve uma ideia para tentar sobreviver às urnas em 2018. A proposta é adotar o modelo de lista fechada a partir das próximas eleições. A estratégia foi abraçada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Os dois foram acusados por executivos da Odebrecht e deverão responder a inquéritos no Supremo.
No sistema de lista, o eleitor deixa de ter direito a escolher seu deputado ou vereador. Ele passa a votar apenas no partido, e não no candidato. Cabe à direção de cada sigla indicar quem assumirá as cadeiras.
O modelo foi rechaçado em maio de 2015, quando a Câmara discutiu um arremedo de reforma política. Foi um massacre: 402 votos contrários e 21 a favor. Entre os grandes partidos, apenas o PT defendeu a lista, sem muito entusiasmo.
BOIA DE SALVAÇÃO – Menos de dois anos depois, a ideia ressurge das cinzas com amplo apoio no Congresso. A explicação é simples: os políticos passaram a ver nela uma boia de salvação contra o naufrágio anunciado pela Lava Jato.
A tese começou a ser discutida no último domingo, em almoço na residência oficial do presidente da Câmara. Voltou à mesa nesta quarta-feira (15), quando o presidente Michel Temer recebeu os delatados Maia e Eunício no Palácio do Planalto.
A elite política quer mudar o modelo eleitoral com um objetivo claro: aumentar as chances de reeleição dos atuais parlamentares. Pelo modelo em discussão, eles ocupariam os primeiros lugares nas listas de cada partido em 2018.
REELEIÇÃO GARANTIDA – Se a proposta for aprovada, o eleitor será praticamente impedido de demitir os políticos enrolados no petrolão. Assim, eles garantiriam um seguro para renovar os mandatos e manter o foro privilegiado até 2022.
A lista fechada faz algum sentido em países com partidos sólidos e tradição parlamentarista. Não é o caso do Brasil, onde há 35 siglas registradas e quase ninguém sabe a diferença entre PR, PRB, PRP e PRTB.

16 de março de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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