GOVERNADOR DE ALAGOAS NA 'LISTA DE JANOT' NÃO SURPREENDE
“Isso não é fato novo. É coisa antiga”, já dizia o governador alagoano Renan Filho (PMDB), um mês depois de a Operação Catilinária baixar na sede do PMDB de Alagoas no último mês do primeiro ano de seu mandato, em 2015. Alvo de um dos pedidos de investigação do procurador-geral da República Rodrigo Janot vazados nessa quarta-feira (15), o filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deve estar pronto para o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura do inquérito para investigar as doações milionárias para sua última campanha.
Não há surpresas, porque houve R$ 9,2 milhões em doações de campanha de nove empresas enroladas com a Operação Lava Jato, nas prestações de contas da candidatura de Renan Filho em 2014. Mas a manutenção do sigilo nas investigações ainda permite que não se tenha a confirmação oficial da lista de denunciados, muito menos os motivos das suspeitas. Porém sabendo que o esquema do petrolão operava também por meio das suspeitas doações de campanha, há muito o que se apurar sobre o governador de Alagoas.
Foi a Operação Catilinárias, deflagrada em 15 de dezembro de 2015, que empurrou a campanha de Renan Filho para o ponto central das suspeitas do envolvimento dele e de seu pai e senador Renan nos esquemas investigados pela Operação Lava Jato. A Catilinárias fez buscas na sede do PMDB de Alagoas e na casa do tesoureiro do partido, o ex-vice-governador José Wanderley Neto, em Maceió, apurando fatos relacionados ao financiamento da campanha como forma de repasse de propina.
Renan Filho recebeu e prestou contas de um total de R$ 16,8 milhões em 2014. Mais da metade de origem de empresas investigadas na Lava Jato. Veja a lista:
A ORIGEM
Apesar de a delação da constutora Odebrecht ser a novidade do momento, foi a colaboração premiada do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, que primeiro trouxe suspeitas para a campanha de Renan Filho. O executivo disse ter se encontrado com o senador Renan em São Paulo com regularidade em restaurantes dos hotéis Unique e Emiliano, em jantares eram marcados por “Everaldo” e por “Marcos”. O delator disse que em um dos encontros, o ex-presidente do Senado pediu doação para a campanha do filho a governador de Alagoas, depois de Renan questionar se a UTC ganhara contratos para as obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ).
Teria sido definido R$ 1,5 milhão em doação. “O declarante entendeu que poderia descontar as contribuições de Renan Filho da propina de Angra 3”, diz um dos trechos da delação, que afirma que Renan indicou o então assessor Bruno Mendes tratar do assunto com Pessoa. Cópias de e-mails enviados a Bruno Mendes e registros das entradas do servidor no prédio da UTC foram solicitadas pela PF.
Quando comentou sua primeira citação na delação do dono da UTC, o governador Renan Filho repetiu, em janeiro de 2016, a mesma cantilena dos acusados de usar contas de campanha para se beneficiar de propina. Disse que as contas de sua campanha eram públicas, que todas as campanhas do Brasil receberam doações da maioria das empresas que estão sendo investigadas.
“As minha contas sempre foram transparentes. Eu não tenho nenhum problema com relação a isso. O PMDB sempre se colocou à disposição de apresentar todos os dados. Aliás, esses dados, especificamente, são públicos. Então, estou muito tranquilo com relação a isso. Minhas contas foram totalmente declaradas à Justiça Eleitoral. E, nós, do PMDB, estamos completamente seguros com relação a isso”, disse Renan Filho, há um ano e dois meses.
Nesta quarta, diante das revelações do Jornal Nacional, sua assessoria reforçou a fala, falando em rigor na prestação de contas.
16 de março de 2017
davi soares
diário do poder
EMPRESAS CITADAS NA LAVA JATO ABASTECERAM MAIS DA METADE DAS CONTAS OFICIAIS DA CAMPANHA DE RENAN FILHO EM 2014 (FOTO: THIAGO SAMPAIO/AGÊNCIA ALAGOAS) |
“Isso não é fato novo. É coisa antiga”, já dizia o governador alagoano Renan Filho (PMDB), um mês depois de a Operação Catilinária baixar na sede do PMDB de Alagoas no último mês do primeiro ano de seu mandato, em 2015. Alvo de um dos pedidos de investigação do procurador-geral da República Rodrigo Janot vazados nessa quarta-feira (15), o filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deve estar pronto para o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura do inquérito para investigar as doações milionárias para sua última campanha.
Não há surpresas, porque houve R$ 9,2 milhões em doações de campanha de nove empresas enroladas com a Operação Lava Jato, nas prestações de contas da candidatura de Renan Filho em 2014. Mas a manutenção do sigilo nas investigações ainda permite que não se tenha a confirmação oficial da lista de denunciados, muito menos os motivos das suspeitas. Porém sabendo que o esquema do petrolão operava também por meio das suspeitas doações de campanha, há muito o que se apurar sobre o governador de Alagoas.
Foi a Operação Catilinárias, deflagrada em 15 de dezembro de 2015, que empurrou a campanha de Renan Filho para o ponto central das suspeitas do envolvimento dele e de seu pai e senador Renan nos esquemas investigados pela Operação Lava Jato. A Catilinárias fez buscas na sede do PMDB de Alagoas e na casa do tesoureiro do partido, o ex-vice-governador José Wanderley Neto, em Maceió, apurando fatos relacionados ao financiamento da campanha como forma de repasse de propina.
Renan Filho recebeu e prestou contas de um total de R$ 16,8 milhões em 2014. Mais da metade de origem de empresas investigadas na Lava Jato. Veja a lista:
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A ORIGEM
Apesar de a delação da constutora Odebrecht ser a novidade do momento, foi a colaboração premiada do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, que primeiro trouxe suspeitas para a campanha de Renan Filho. O executivo disse ter se encontrado com o senador Renan em São Paulo com regularidade em restaurantes dos hotéis Unique e Emiliano, em jantares eram marcados por “Everaldo” e por “Marcos”. O delator disse que em um dos encontros, o ex-presidente do Senado pediu doação para a campanha do filho a governador de Alagoas, depois de Renan questionar se a UTC ganhara contratos para as obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ).
Teria sido definido R$ 1,5 milhão em doação. “O declarante entendeu que poderia descontar as contribuições de Renan Filho da propina de Angra 3”, diz um dos trechos da delação, que afirma que Renan indicou o então assessor Bruno Mendes tratar do assunto com Pessoa. Cópias de e-mails enviados a Bruno Mendes e registros das entradas do servidor no prédio da UTC foram solicitadas pela PF.
Quando comentou sua primeira citação na delação do dono da UTC, o governador Renan Filho repetiu, em janeiro de 2016, a mesma cantilena dos acusados de usar contas de campanha para se beneficiar de propina. Disse que as contas de sua campanha eram públicas, que todas as campanhas do Brasil receberam doações da maioria das empresas que estão sendo investigadas.
“As minha contas sempre foram transparentes. Eu não tenho nenhum problema com relação a isso. O PMDB sempre se colocou à disposição de apresentar todos os dados. Aliás, esses dados, especificamente, são públicos. Então, estou muito tranquilo com relação a isso. Minhas contas foram totalmente declaradas à Justiça Eleitoral. E, nós, do PMDB, estamos completamente seguros com relação a isso”, disse Renan Filho, há um ano e dois meses.
Nesta quarta, diante das revelações do Jornal Nacional, sua assessoria reforçou a fala, falando em rigor na prestação de contas.
16 de março de 2017
davi soares
diário do poder
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