Barra de S. Miguel, AL - Quando os Estados Unidos preparavam seus agentes da CIA para desembarcar no Brasil, no período pré-ditadura, no início da década de 1960, visavam instrumentalizar a Polícia Militar contra os invasores comunistas. O governo norte-americano via neles seus inimigos externos, que ameaçavam ocupar a América do Sul depois da revolução cubana. É desse tempo o agente Dan Mitrione, que se instalou em Belo Horizonte como instrutor da tropa da PMMG. A ideia dos EUA era que a insurgência ao regime vigente do João Goulart florescesse dentro das corporações com a anuência dos governadores já comprometidos com o golpe militar. Portanto, é sabido, desde essa época, que os PMs são manipuláveis a qualquer ação política externa.
Os sinais de que havia um princípio de rebelião dentro dos quarteis chegaram, sim, à cúpula da segurança do Espirito Santo. Na sexta-feira e no sábado, que antecederam o movimento, as mulheres dos PMs procuraram o secretário de Segurança Pública, mas ele certamente não imaginou o alcance da desordem. As mulheres saíram de lá, para frustração de todas, sem um entendimento. Nesses dois dias, o governador Paulo Hartung hospitalizou-se para se submeter a uma cirurgia, daí a covardia dos militares ao promover a rebelião e o aquartelamento com o Chefe do Executivo ausente.
No início, a Segurança Pública Imaginou se tratar de um movimento inconsequente, fácil de ser contido, mas a insatisfação militar já havia sido detectada pelo serviço de inteligência, segundo entrevista de PH à Folha de S. Paulo. Ele não imaginava, portanto, que iria assistir na convalescença um motim de tamanha consequência no seu estado e uma nova modalidade de greve no país, onde as mulheres é que dão as cartas frente às baionetas. Elas deixam que seus maridos saiam de casa para trabalhar mas os impedem de cumprir as suas tarefas, deixando-os reféns dentro dos quarteis. E quem tinha a obrigação de desobstruir o caminho não podia fazê-lo porque estava aquartelado sob a mira delas. É uma situação sui-generis de um movimento que protege os PMs grevistas das penalidades previstas em lei.
É difícil não acreditar que por trás de tudo isso não existam as mãos manipuladoras de incentivadores do caos, invejosos da situação econômica e social do estado. Na crise nacional dos presídios no país, o Espirito Santo apareceu na mídia como exemplo de um dos estados mais avançados e modernos no tratamento de presos. É destaque pela austeridade de um governo que não desperdiça o dinheiro e mantém as contas organizadas e o salário do servidor rigorosamente em dia. Um coronel ganha em torno de R$ 18 mil e um solado até R$ 3.600,00, uma remuneração acima dos padrões da maioria dos outros estados. E o governador Paulo Hartung é referência de administração pública no país.
É curioso saber que o movimento explodiu quando o governador se recolheu em São Paulo para se submeter a uma cirurgia. Os grevistas – e os seus insufladores – tinham plena consciência das limitações do Secretário de Segurança Pública, um executivo leal, sério, mas sem a experiência política e da caserna, que preferiu, no primeiro momento, subestimar os intermediários dos PMs na negociação salarial.
O estranho, porém, é como, de uma hora para outra, surgiram tantos malfeitores no Estado? Mais de cem homicídios, saques ao comércio e assaltos e roubos de carros em pleno luz do dia que parecia uma ação orquestrada. De que forma agiram as guardas municipais, policiais treinados e armados para combater o crime na Região Metropolitana? O Fantástico mostrou que em Vila Velha a situação não foi extrema. A Guarda Municipal estava preparada e foi às ruas para combater a delinquência e socorrer a população que se sentiu mais segura. Os próprios guardas anunciavam em carros de sons pelas ruas que estavam circulando para proteger os moradores da cidade. Ali, os danos foram menores.
A insurgência mostrou ao país que o Espirito Santo tem um governo que sabe agir com energia e com rapidez quando se trata de garantir a segurança do seu povo. Mas pode errar se demitir centenas de policiais em retaliação à paralisação. Corre o risco de transformar esses homens em sofisticados criminosos fora da polícia. Existem, evidentemente, outras maneiras de puni-los pela omissão que provocou o vandalismo no estado.
14 de fevereiro de 2017
Jorge Oliveira
Os sinais de que havia um princípio de rebelião dentro dos quarteis chegaram, sim, à cúpula da segurança do Espirito Santo. Na sexta-feira e no sábado, que antecederam o movimento, as mulheres dos PMs procuraram o secretário de Segurança Pública, mas ele certamente não imaginou o alcance da desordem. As mulheres saíram de lá, para frustração de todas, sem um entendimento. Nesses dois dias, o governador Paulo Hartung hospitalizou-se para se submeter a uma cirurgia, daí a covardia dos militares ao promover a rebelião e o aquartelamento com o Chefe do Executivo ausente.
No início, a Segurança Pública Imaginou se tratar de um movimento inconsequente, fácil de ser contido, mas a insatisfação militar já havia sido detectada pelo serviço de inteligência, segundo entrevista de PH à Folha de S. Paulo. Ele não imaginava, portanto, que iria assistir na convalescença um motim de tamanha consequência no seu estado e uma nova modalidade de greve no país, onde as mulheres é que dão as cartas frente às baionetas. Elas deixam que seus maridos saiam de casa para trabalhar mas os impedem de cumprir as suas tarefas, deixando-os reféns dentro dos quarteis. E quem tinha a obrigação de desobstruir o caminho não podia fazê-lo porque estava aquartelado sob a mira delas. É uma situação sui-generis de um movimento que protege os PMs grevistas das penalidades previstas em lei.
É difícil não acreditar que por trás de tudo isso não existam as mãos manipuladoras de incentivadores do caos, invejosos da situação econômica e social do estado. Na crise nacional dos presídios no país, o Espirito Santo apareceu na mídia como exemplo de um dos estados mais avançados e modernos no tratamento de presos. É destaque pela austeridade de um governo que não desperdiça o dinheiro e mantém as contas organizadas e o salário do servidor rigorosamente em dia. Um coronel ganha em torno de R$ 18 mil e um solado até R$ 3.600,00, uma remuneração acima dos padrões da maioria dos outros estados. E o governador Paulo Hartung é referência de administração pública no país.
É curioso saber que o movimento explodiu quando o governador se recolheu em São Paulo para se submeter a uma cirurgia. Os grevistas – e os seus insufladores – tinham plena consciência das limitações do Secretário de Segurança Pública, um executivo leal, sério, mas sem a experiência política e da caserna, que preferiu, no primeiro momento, subestimar os intermediários dos PMs na negociação salarial.
O estranho, porém, é como, de uma hora para outra, surgiram tantos malfeitores no Estado? Mais de cem homicídios, saques ao comércio e assaltos e roubos de carros em pleno luz do dia que parecia uma ação orquestrada. De que forma agiram as guardas municipais, policiais treinados e armados para combater o crime na Região Metropolitana? O Fantástico mostrou que em Vila Velha a situação não foi extrema. A Guarda Municipal estava preparada e foi às ruas para combater a delinquência e socorrer a população que se sentiu mais segura. Os próprios guardas anunciavam em carros de sons pelas ruas que estavam circulando para proteger os moradores da cidade. Ali, os danos foram menores.
A insurgência mostrou ao país que o Espirito Santo tem um governo que sabe agir com energia e com rapidez quando se trata de garantir a segurança do seu povo. Mas pode errar se demitir centenas de policiais em retaliação à paralisação. Corre o risco de transformar esses homens em sofisticados criminosos fora da polícia. Existem, evidentemente, outras maneiras de puni-los pela omissão que provocou o vandalismo no estado.
14 de fevereiro de 2017
Jorge Oliveira
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